O que é a fase final dos Campeonatos Nacionais Universitários, de que todos os estudantes universitários, que pratiquem uma modalidade na sua faculdade, falam ao longo de todo o ano afirmando que querem estar presentes na fase final? Diogo Azevedo, chefe de delegação da AAUBI pelo segundo ano consecutivo explica que para ele “é uma das grandes competições portuguesas, não pelos prémios, não pela dimensão nacional, mas pelo espírito de competição aliado ao espírito académico”, considera o aluno de Ciências do Desporto, que finaliza a sua definição acrescentando que os CNU’s “são uma coisa fantástica e única na vida, pois apenas podem acontecer neste período, que é a vida académica”.
De forma mais rigorosa, a fase final dos CNU’s, organizada pela Federação Académica de Desporto Universitário, é a concentração das equipas universitárias, de várias modalidades, que ao longo do ano se apuraram através dos torneios de apuramento, ganhando o direito a estar presentes durante uma semana, a disputar o título de campeão universitário da sua modalidade. Nesta chamada fase final concentrada há também espaço para os CNU’s directos, que são aquelas modalidades que não têm torneios de apuramento, realizando-se apenas aquele evento para decidir o campeão, casos do xadrez, ténis de mesa ou vólei de praia, entre outros. Estes torneios acontecem não só na fase final concentrada, mas também ao longo do ano.
Mas de 26 a 30 de Abril, reuniram-se na zona do Porto dezenas de equipas universitárias, para disputarem dezenas de modalidades, todos à procura do reconhecimento maior a nível do desporto universitário, e a UBI não deixou de marcar presença, levando para a competição sete modalidades diferentes, envolvendo 63 atletas da UBI, numa comitiva de cerca de 70 pessoas.
Das sete modalidades em que a Universidade da Beira Interior se fez representar, em quatro delas obteve-se medalha. É por isso legítimo perguntar ao chefe de delegação se o balanço é positivo, tendo em conta que no “medalheiro” da FADU, a AAUBI ocupa o décimo lugar, entre 37 instituições superiores. Diogo Azevedo responde que sim, ainda que seguido imediatamente de um “mas”. “Alguns resultados souberam a pouco, pois tínhamos a noção que era possível ganhar”. O estudante da UBI refere-se claramente aos casos do basquetebol masculino e do futsal feminino. No caso das “senhoras”, pode-se quase chamar um caso de estudo, pois este é o quarto ano em que a formação da UBI marca presença na fase final, conquista sempre uma medalha, tem já duas finais no currículo, mas nunca nenhuma vez a medalha “pintou” ouro. Ainda assim, fica a satisfação para as atletas e treinadores que das dez jogadoras presentes nos CNU’s seis estão pré-convocadas para a selecção nacional universitária, ficando também a certeza que para o ano estarão na UBI a lutar pelo título.
Já o basquetebol masculino pode ser considerado uma surpresa, mas apenas para quem estava de fora, pois quer jogadores quer o treinador, desde o início que acreditaram na equipa e desde o início que elevaram a fasquia a uma presença no pódio. A verdade é que chegaram com um “registo limpo” à final, ainda que a equipa se tenha ressentido da falta de treino em conjunto, acabando por perder o derradeiro jogo para Associação Académica de Coimbra. Treinador e jogadores acreditam que a formação da UBI apenas pode evoluir e que para o ano, caso a equipa se mantenha, voltarão a ser sérios candidatos ao título.
A equipa de rugby da UBI foi uma autêntica surpresa na fase final dos CNU’s. Uma equipa que sofreu uma forte reestruturação no início do ano, mas que mesmo assim teve bons resultados nos torneios de apuramento, e foi premiada no final da época com a possibilidade de conviver com as melhores equipas universitárias, sendo sobretudo uma lição para o futuro. Futuro esse que depende muito do espaço para treinar que a equipa de rugby possa ter, e de que precisa, pois para além de continuarem com a equipa masculina, é da vontade dos responsáveis pela modalidade na UBI criar uma equipa feminina de rugby.
Ainda dentro das modalidades colectivas, embora fossem só duas, os resultados acabaram por ser os melhores da comitiva. Sofia Martins e Ana Resende, pela época a jogarem juntas, conquistaram a medalha de ouro na modalidade de ténis de mesa por equipas e ainda o direito a participar no Campeonato Europeu Universitário de Ténis de Mesa, que tem local marcado na Rússia.
Em crescimento na UBI está ainda o atletismo, mas nem por isso os 16 atletas que participaram no CNU de Atletismo de Pista Ar Livre deixaram de trazer resultados, com uma medalha de bronze conquistada por André Jordão na prova de 110 metros barreiras. Pode parecer estranho que oito atletas da AAUBI tenham marcado presença no CNU de Voleibol de Praia, mas existindo equipa masculina e feminina de voleibol de pavilhão, a UBI não deixou de “bater umas bolas” ao ar livre, tendo até uma dupla atingido os quartos-de-final. E quem pensa que nos CNU’s apenas existem modalidades que exigem esforço físico que se desengane, pois Bernardo Pires, aluno de Aeronáutica da UBI, participou no CNU de Xadrez.
Apesar de os resultados poderem ser considerados de positivos, uma universidade e sobretudo uma secção desportiva devem sempre procurar mais. Diogo Azevedo chama a atenção para o facto de “na UBI não haver atletas de alta competição matriculados”. Mas numa espécie de fazer das fraquezas forças, o chefe de delegação afirma que “temos de valorizar o facto de sermos uma universidade de dimensão mais pequena, mas que mesmo assim lutamos olhos nos olhos contra os adversários, utilizando sobretudo a garra e o amor à camisola”. O estudante universitário deixa ainda um apelo aos alunos da universidade para que “assistam aos torneios que se realizam na UBI e que opõem os colegas quando competem contra as outras universidades”. Mas não só, “que eles próprios participem, pois o desporto universitário não é só para federados e a secção desportiva da AAUBI existe para fomentar a prática desportiva. O desporto na UBI é para todos!”.
<CNU's 2010 em Imagens>