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A Reclamação
por Edmundo Cordeiro
Entre os que não precisam
de reclamar e os que não podem reclamar, quem verdadeiramente
sofre as favas são os reclamam e os que têm vontade
de o fazer, isto é, todo e qualquer arrivista como eu
que, no fundo, aspira a não precisar de reclamar
Não há nada de elevado nisto. Nem que seja por
uma inclinação de espírito: incapacidade
de ser estritamente independente, cobardia essencial de não
ser feliz. Ela é sempre recalcada: parece muito importante
estar preocupado. Os que reclamam e os que têm vontade
de reclamar são os que não têm coragem de
ser felizes
Ora toma! Não aguentam a pedalada.
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O poder das imagens
por Paulo Serra
O texto que se segue não
é um texto especificamente "político",
mas um texto sobre imagens. Que um texto sobre imagens não
possa, hoje em dia, deixar de ser considerado político,
resulta apenas do facto de a imagem do poder se ter vindo a reduzir,
cada vez mais, ao poder da imagem. Diz
Marx algures que aquilo que acontece na história universal
sob a forma de tragédia se repete ainda e sempre uma vez
sob a forma de farsa. Vem isto a propósito de três
imagens televisivas de marca. |
Questão de Confiança
por José Geraldes
À pergunta "confia
nos outros?", dois terços dos americanos respondem
que não. Há 25 anos, a resposta era sim. 76 por
cento dos portugueses afirmam que "nunca se é cuidadoso
demais com os outros". E, dado curioso, no mais recente
barómetro da opinião pública portuguesa,
a confiança vi em primeiro lugar para os jornalistas,
depois para os professores de todas as profissões, e em
último lugar para os políticos.
Que fazer para que cresça a confiança na sociedade?
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Bandeira da justiça
por Rui Osório
O trabalho é tão
constitutivo do homem e da mulher que a invenção
da ferramenta assinala a sua certidão de nascimento. O
trabalho não é um castigo. Só é uma
pena o carácter doloroso em que se processa e, mais ainda,
quando se nega a alguém o direito e o dever de trabalhar.
Quando, como agora no neoliberalismo triunfante e arrogante,
se dá demasiada importância à dimensão
objectiva do trabalho em prejuízo ou negação
da sua dimensão subjectiva, cede-se à alienação
dos trabalhadores e declaram-se excedentários os desempregados,
os que procuram o primeiro emprego e, mais ainda, os deficientes,
todos considerados inúteis pela máquina trituradora
de pessoas e de bens.
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