Drástica tentativa de genocídio feita desde o século XVI, em Portugal e no resto da Europa, que criou a atitude básica de perseguição histórica, que muitos gostariam de ver concretizada hoje em dia.
Terem sobrevivido mantendo uma cultura tribal própria, que nada tem a ver com a europeia, e com alguns costumes chocantes, associados à defesa da honra (guerra mortal entre contrários, casamentos endogâmicos púberes com prova de virgindade, poder geronte encoberto e invisível para fora).
Mistura de orgulho cigano, em confrontação aberta com outros orgulhos (como o africano), com a marginalização forçada e buscada.
Manutenção de uma percentagem de famílias forçadas ao nomadismo, sobretudo a sul, que fazem pequenos roubos de alimentos para sobreviver, e a existência forçada de núcleos “habitacionais” ciganos, a sul (Beja e Moura, por exemplo), segregados pelas autoridades municipais e pela polícia.
Discriminação interna que as novas elites de mediadores e bolseiros universitários, patrocinadas pelo Estado, alimentam, prosseguindo políticas europeias dominadas pelos Rom (ciganos de Leste, maioritários e mais letrados, devido à educação comunista ter sido obrigatória, diferenciados dos Sinti e dos Manouches, da Europa Central, e dos Calon, da Ibéria), mantendo grande distância em relação às camadas abandonadas à sua miséria e perseguidas, de quem não falam e parecem querer que não se fale, para defender o orgulho cigano.
Em Portugal, os ciganos têm uma taxa de aprisionamento altíssima, sobretudo por muitos viverem do contrabando, da contrafação e do pequeno comércio de drogas, para poderem sobreviver e alimentar os filhos.
Cada Povo precisa do seu “mau objecto” e, na Europa mediterrânica, esse papel cabe aos ciganos (na Europa do Norte, predomina a Islamofobia e os Ciganos foram obliterados com a criação de uma categoria ‘marginal’ de cidadãos em movimento (Travellers, Gents du Voyage, Caminanti, etc.), com um estatuto diferenciado e com apoios promovidos pelos Estados, para se manterem em movimento, e não se integrarem.
Políticas da União Europeia seguidas em Portugal, estarem erradas na sua concepção – a Ciganofobia não desaparece pela criação de elites escolarizadas e politizadas, mas pela aceitação pelos Estados Europeus e por Portugal do erro das políticas históricas de criminalização e tentativa de genocídio e pela introdução de uma Política de Discriminação Positiva. Esse tipo de política, que já é avançado desde 1950 da Índia à África do Sul e à Califórnia, tira as camadas mais baixas da miséria. Foi assim que na Índia foram introduzidas alterações profundas na situação de Tribais e de Intocáveis, que em duas gerações chegaram à Presidência da Índia e de vários Estados indianos, vencendo a resistência cultural do Hinduísmo tradicional.
Instauração de um Provedor da Minoria Cigana, com um projeto de ação e prazos bem definidos para atingir objetivos financiados.
Um Fundação (como a Fundação Secretariado Gitano, na Espanha), financiada pelo Estado e por Mecenato, com um Órgão central com maioria cigana, com ação de longa duração.
Retirada da questão habitacional da alçada das Autarquias, que temem os eleitores ciganófobos;
Resolução imediata e acelerada da situação dos que vivem em condições miseráveis, por meio de verbas europeias, resolvendo com eles, primeiro, a questão da integração habitacional e de um subsídio familiar garantido e, em seguida, a questão educacional e de emprego ou forma apoiada de subsistência digna.
Medida institucional de apoio ao comércio cigano, área onde sempre se mostraram competentes.
Medida de apoio à promoção da cultura cigana (com tanto sucesso na Andaluzia, comunidade autônoma da Espanha).
Continuação da política europeia de criação de elites ciganas e de apoio à inserção escolar das novas gerações e dos adultos.
Reserva de 1% dos postos de trabalho da função pública para ciganos escolarizados, nas funções a que concorram.
Divulgação responsável da História dos Ciganos em Portugal, tirando do povo a ignomínia da xenofobia e exigindo que o Estado assuma as suas responsabilidades históricas na perseguição genocida ao povo cigano, que mantém desde a Monarquia, de forma mais ou menos disfarçada, sobretudo no mundo rural.