Voltar à Página da edicao n. 516 de 2009-12-08
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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      Edição: 516 de 2009-12-08   Estatuto EditorialEquipaO Urbi ErrouContactoArquivo •  

“Existe um forte apoio às empresas”

> Eduardo Alves

Urbi@Orbi – A Educação Superior e Formação é um factor de medida da competitividade das nações. Segundo os decisores políticos portugueses, tem vindo ser feito um investimento neste parâmetro, no nosso País. Quem gere as universidades sente isso?
João Leitão – [
Ver Resposta] – Há que reconhecer um esforço no aumento da intensidade do investimento em investigação e desenvolvimento. Nos últimos cinco anos nota-se um aumento dos apoios afectos ao investimento em investigação e desenvolvimento. Isso está ligado aos objectivos traçados para a Estratégia de Lisboa, que vão no sentido de se atingir um nível de três por cento de investimento em investigação e desenvolvimento tendo por referência o Produto Interno Bruto a preços de mercado.
Há ainda um outro aspecto positivo a realçar que é o da cultura do mérito, ou seja, a atribuição desses mesmos fundos a unidades de investigações excelentes. Felizmente que na Universidade da Beira Interior também existem unidades com estas classificações. Isto tem a ver com uma lógica de reconhecimento de mérito, ou seja, se há produção científica, se há iniciativas inovadoras, efectivamente tem havido uma discriminação positiva, em relação ao que é a demonstração e a constatação dessa capacidade de desenvolvimento científico. 

Urbi@Orbi – Precisamente nesse campo, em matéria de investigação e de projectos tecnologicamente inovadores, a interligação entre universidades e empresas está hoje no bom caminho. Isto é, vai no sentido de tornar Portugal um País empreendedor e com capacidade de inovação?
João Leitão – [
Ver Resposta] – Sem dúvida. Voltando novamente à questão da Estratégia de Lisboa, a trilogia assente na tecnologia, na inovação e no conhecimento passa pela implementação de alguns modelos teóricos que existem, designadamente o modelo da “triple hélice”, que coloca no centro do reforço da capacidade competitiva, não só regional, mas também nacional – e aqui a minha perspectiva é considerar Portugal como uma região de uma nação que se intitula Europa –; esse dínamo gira em torno de três vértices que é a acção das universidades, da indústria e do governo.
É por isso, e felizmente que na Universidade da Beira Interior isso também se verifica, há um forte apoio com as empresas. Estamos neste momento a usufruir de um contrato com o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, que está orientado para o reforço da capacidade de Portugal, designadamente, para o registo de patentes, para o registo de modelos de utilidade e também de marcas. Ou seja, há uma orientação para o desenvolvimento daquilo que se intitulam de activos intangíveis, mas que, de facto, são sinalizadores da capacidade competitiva. Não só da região, como também da nação. Nesse aspecto, as universidades têm um papel fundamental porque são um motor de transferência de tecnologia e também de conhecimento que deve ser, de forma crescente, não só aquele que é veiculado em termos formais e que é importantíssimo como resultado de investigação fundamental publicada, validade e reconhecida por pares internacionalmente, em papers, mas sobretudo aquele que dá o passo seguinte da formalização da ideia, designadamente para a criação de novas unidades de negócio que permitem reforçar a capacidade de gerar valor acrescentado numa nação. E é esse o papel que, crescentemente, as universidades devem assumir, com foco no ensino centrado no aluno, mas com uma orientação e a prática da excelência e também a certificação, por entidades externas, da qualidade, das suas actividades de ensino e de investigação e desenvolvimento.

Urbi@Orbi – Pela sua localização geográfica, no interior de Portugal, a UBI sofre alguns condicionamentos, em relação a instituição que operam no litoral. Nesse aspecto avançava algum tempo com a ideia da criação de mecanismos de regionalização tecnológica como forma de potenciar e diferenciar a região. Em que moldes formula essa ideia?
João Leitão – [
Ver Resposta] – É uma questão complexa, a do modelo de regionalização tecnológica que tem suscitado alguns entendimentos menos claros. Aquilo que esse modelo prevê não é a criação de mais cargos políticos de governo ou de entidade regional, mas sobretudo a possibilidade de haver uma reflexão conjunta em função daquilo que é o esquema de instituições existentes ao nível regional e de alguma forma colocar as instituições de ensino superior no centro do processo de decisão. Não só em matéria de desenvolvimento político, económico, mas também social. Porque é dentro destes centros, sejam eles universidades ou sejam institutos politécnicos, que existe conhecimento. E conhecimento é tão-somente, em termos simples, o somatório de ideias criativas. As ideias criativas, quando são treinadas e trabalhadas por gente que recebe um determinado tipo de formação técnica e especializada, mas de natureza universalista, no caso das universidades e de natureza aplicada no caso dos politécnicos, evidentemente tudo o que é tendência de inovação ou de desenvolvimento ou de reforço da capacidade competitiva de determinados sectores tradicionais passa por este tipo de instituição.
Daí que, o que proponho é que, em função daquilo que tem sido feito numa lógica de rede, de identificação dos ditos pólos de competitividade, haja um novo mapeamento das concentrações, designadamente das áreas de actividade industrial, portanto, mais vulgarmente conhecidas por clusters, e a partir da identificação desses clusters, em termos de actividades tradicionais, proceder-se à aplicação, de forma intensiva, de tecnologias de informação e comunicação para que haja a possibilidade do aparecimento de outras actividades emergentes. Designadamente como está a acontecer aqui na Cova da Beira. Ou seja, em função das actividades tradicionais mais ligadas à administração pública, ao têxtil e ao agro-industrial, aparecerem actividades emergentes, como por exemplo, o software, multimédia, tecnologias da saúde, ciências farmacêuticas, biotecnologia, energias sustentáveis e outras, que são áreas prioritárias, porque o ritmo de introdução e disseminação da inovação é muito mais rápido e por isso acelera o nosso processo de crescimento.
A regionalização deveria ser entendida como sendo um movimento de articulação, ao nível das diferentes instituições, a nível regional com as câmaras municipais, as instituições de ensino superior e também as entidades empresariais. Deveriam ser constituídos grupos de trabalho, associados àquilo que foi o movimento prévio de preparação das candidaturas ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), nomeadamente, as comunidades urbanas. Aqui temos um belíssimo exemplo, na Comurbeiras, onde foi preparada uma candidatura para 13 municípios, há uma estratégia colectiva. Logo, podemos pensar um determinado espaço geográfico em termos colectivos, com uma estratégia comum, sem repetição de valências e até, conhecidos esses clusters, com repartição de novas valências entre essa região.
Tudo isto alavanca, não só a capacidade de nos candidatarmos a fundos Europeus, em conjunto, para o desenvolvimento de projectos estruturantes. Projectos na linha do desenvolvimento de redes de nova geração, ou da criação de centros de investigação de natureza internacional, como temos bons exemplos recentes com dimensão ibérica, mas porque não pensar com outra dimensão internacional, mas também, a atracção de investimento directo estrangeiro, que de alguma forma possa ser distribuído em função daquilo que são as especialidades existentes ao longo do território. É esse o modelo de regionalização tecnológica que defendo e onde as instituições de ensino superior deveriam ter um papel primordial naquilo que era a dinamização desse movimento conjunto, em função daquilo que são as necessidades do mercado que devem ser correspondidas, não só, em termos da oferta de ensino, mas sobretudo, na disponibilização das infra-estruturas de investigação para que possam ser desenvolvidas formas de cooperação e de inovação aberta entre unidades empresariais e estas mesmas instituições em articulação com formas de procurement que podem também ser alavancadas por via das entidades camarárias.

A afirmação da UBI está na qualidade e na internacionalização

Os alunos são o mais importante desta universidade

Perfil de João Leitão

A UBI tem excelentes capacidades



"As universidades têm um papel fundamental na transferência de tecnologia"


Data de publicação: 2009-12-08 00:01:00
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