Foi um ano assinalável para a Universidade da Beira Interior. A terminar 2010, no meio d um clima económico bastante complicado, em termos nacionais, a academia beirã acaba por conseguir um saldo positivo. As memórias também se fazem de notícias, de acontecimentos diários que dão forma a um jornal. Percorrer o arquivo do Urbi, relembrar as datas mais importantes é o que se pretende com um trabalho que nunca poderá abarcar todas as histórias do ano que agora chega ao fim.
Um ano marcado pela investigação. Muito foi conseguido nessa área, principalmente devido ao facto do Instituto Coordenador da Investigação (ICI) estar a trabalhar em pleno, pela primeira vez. Desta forma, as boas notícias começaram logo em Janeiro, quando a academia beirã, fruto de alguma persistência dos seus responsáveis junto dos poderes tutelares, consegue o melhor orçamento de sempre. Para a Covilhã viria um reforço nas verbas de mais de dez pontos percentuais. As negociações com o Governo resultaram num saldo considerado “muito positivo” para a UBI. João Queiroz, reitor da instituição covilhanense, conduziu o processo e conseguiu um reforço orçamental de cerca de dez por cento. Dinheiro que foi investido no reforço académico, na internacionalização e investigação, mas também no aprofundamento de Bolonha na UBI.
A aposta na investigação acaba por ter os seus resultados práticos e casos como os do Laboratório de Comunicação e Conteúdos Online. Há dez anos nascia na Covilhã o primeiro jornal académico produzido por alunos que tinha como plataforma a Internet. Um projecto arrojado com António Fidalgo, primeiro director, a assinar a autoria desse risco, para a época, que era produzir qualquer coisa diferente para um meio ainda tão desconhecido. Em Fevereiro de 2010, o Urbi assinalava dez anos de publicações, sem paragens, semanalmente a mostrar as notícias da universidade, da região e de diversos temas. Um jornal que tem vindo a assumir o seu papel de plataforma de formação de alunos e também de principal veículo de informação da academia. O mais antigo jornal académico online de Portugal conhece hoje diferentes inovações no seu percurso de vida. Foi e continua a ser o primeiro jornal onde escreveram dezenas de jornalistas actualmente dispersos por jornais de todo o mundo. Quando a 31 de Janeiro de 2000 é publicada na Internet a primeira edição do Urbi, estava aberto um projecto que nunca mais parou.
Em Março o coração cultural da academia bateu mais forte e assinalaram-se os 18 anos de actividade do Grupo de Teatro Universitário da UBI. Uma nova peça marcou o 14.º Ciclo de Teatro Académico da Covilhã, um dos mais antigos em actividade em território nacional.
A aposta na área desportiva é também uma novidade que começa a ganhar forma no ano que agora termina. Não só pelo incremento de ajudas e de modalidades, por parte dos Serviços de Acção Social, como pela realização de vários protocolos com entidades exteriores. Outra das vertentes foi também a parte de investigação. Olhar para o desporto como um todo, desde o ponto de vista financeiro, passando pela comunicação e marketing, tudo parece ter lugar no projecto monitorizado pela UBI. Uma nova área de investigação surge através de um projecto de investigação internacional que está a ser liderado pela UBI. A gestão do desporto é hoje um conceito que difere de escola para escola. Mudar esse cenário é um dos objectivos fundamentais deste projecto
As várias actividades desportivas fazem rodar um sector financeiro cada vez mais importante. Desde as equipas de futebol, passando pelos jogadores e todos os espectáculos e produtos associados às diferentes prática servem de motor a um sector que movimenta milhões.
Abril viria a ser um mês em grande para UBI. Quando se assinalaram 14 anos de universidade na região muitos foram os presentes recebidos pela comunidade académica. A começar pela presença de Manuel Heitor, secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que abriu as conferências de Design. Este membro do Governo foi um dos oradores do primeiro workshop baseado em investigação de design.
Também nesta data chegaram mais duas novidades científicas, como é o caso de uma aeronave desenvolvida na UBI que marcou pontos num concurso americano. O gigante da indústria aeronáutica Lockheed Martin promoveu um concurso de aeronaves não tripuladas. A UBI participou neste evento, que decorreu na cidade americana de Minneapolis, e foi uma das mais bem sucedidas instituições.
No Cinema, o trabalho desenvolvido na UBI ganha o apoio e o reconhecimento do Ministério da Cultura. A Universidade da Beira Interior, a única a ministrar uma licenciatura em Cinema, em Portugal, e foi uma das oito instituições de ensino a serem contempladas com verbas do Ministério da Cultura. O protocolo assinado por João Queiroz, reitor da instituição covilhanense e Gabriela Canavilhas, ministra da Cultura, serve para financiar filmes realizados pelos alunos.
O mês que assinalou os 24 anos e o começo das comemorações do 25º aniversário iria ver passar pela UBI as mais altas instâncias políticas nacionais. Desde o primeiro-ministro, José Sócrates, passando pelo presidente da Assembleia da República e pelo ministro do Ensino Superior, muitos foram os que estiveram presentes durante as cerimónias de aniversário e a atribuição do grau de doutor Honoris Causa ao antigo primeiro-ministro, António Guterres.
Personalidade invulgar da região e do quadrante político nacional, recebeu o mais alto grau académico atribuído pela UBI. Numa cerimónia onde várias personalidades falaram sobre o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, a opinião de que se trata de uma distinção marcante, foi unânime.
Num dia de aniversário histórico, o primeiro-ministro José Sócrates esteve na UBI para felicitar a instituição. Uma data marcante no percurso da instituição, que contou ainda com a presença de Mariano Gago, ministro do Ensino Superior.
Também Jaime Gama esteve na Covilhã, a convite dos responsáveis pelo curso de Ciências Políticas e Relações Internacionais. Os desafios que as novas configurações sociais colocam aos parlamentos e à actividade política foram temas abordados num debate com Gama.
Toda a investigação, a que até à data tinha ganho destaque, e os resultados dos projectos que ainda estão em desenvolvimento ganharam projecção maior num dia inteiramente dedicado à ciência. A primeira mostra de ciência promovida pelo Instituto Coordenador da Investigação (ICI) da Universidade da Beira Interior superou as expectativas. A Covilhã recebeu o responsável da Fundação para a Ciência e Tecnologia, um antigo ministro e diversos empresários. Um evento que serviu também para mostrar o que a academia faz de melhor.
O que faz bem acabou por ser premiado pela Rede Eléctrica Nacional (REN) que atribuiu uma menção honrosa à tese de mestrado de Hugo Pousinho. O aluno de Engenharia Electromecânica, agora a frequentar um doutoramento nesta área, realizou um estudo sobre a optimização dos recursos hídricos.
Mas também na área da Informática se noticiaram progressos como o desenvolvimento de um projecto de ajuda médica através de telemóvel. A ideia nasceu numa tese de doutoramento em Engenharia Informática. Nuno Pombo, aluno da UBI, desenvolve agora uma aplicação para o telemóvel que pretende monitorizar a dor de um doente crónico e responder com algumas indicações em caso de necessidade.
E as ideias inovadoras parecem mesmo valer ouro. Dois antigos alunos da UBI levaram à risca as políticas do empreendedorismo. Colocaram em prática uma ideia que desenvolveram durante a frequência da licenciatura de Engenharia Electromecânica e acabaram por ganhar um total de 153 mil euros em prémios. Montante que foi aplicado no começo de uma empresa e na comercialização de produtos inovadores.
Tanta investigação acabou por dar frutos e a UBI, em 2010, melhorou em todas as áreas, no que diz respeito à procura de formações por parte de novos estudantes. Este ano 1168 novos alunos escolheram a academia beirã. A instituição universitária continua a ser uma das poucas academias portuguesas a crescer. De entre a sua oferta formativa existem mesmo cursos com as melhores notas de ingresso.
Balsemão recebeu também o doutoramento Honoris Causa. Em Outubro, a abertura solene do ano académico 2010/2011, foi marcada pela atribuição do doutoramento Honoris Causa a Francisco Pinto Balsemão. Uma cerimónia onde se abordou o papel da academia covilhanense na região e os feitos conseguidos pelo antigo primeiro-ministro, um papel que coube a António Fidalgo, padrinho do novo doutor.
Uma aposta que parece ganhar continuidade no ano que agora se espera. Algumas das melhores notícias, nesta área chegaram mesmo no final. A aprovação de diversos projectos canalizou para a UBI mais de 11 milhões, montante que superou largamente o financiamento de projectos científicos, em relação a 2009. Um crescimento que se demarca sobretudo em iniciativas que contam com parcerias empresariais.
Para além deste montante está agora garantida uma nova estrutura física destinada à promoção da ciência. O UBIMedical ganha forma. A maior infra-estrutura científica de toda a zona interior do País vai nascer na Covilhã. Os responsáveis pela universidade conseguiram trazer para a região um dos mais importantes investimentos dos últimos anos. UBIMedical será uma realidade já em 2011.