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"Cinema Português Fora de Portugal"
Daniela Ferreira dos Santos · quarta, 12 de novembro de 2014 · @@y8Xxv “Um cinema por vir em Cabo Verde” ou “O cinema de ficção em Moçambique” foram os temas que deram voz à primeira mesa da tarde das conferências no dia 6 de novembro. “A coprodução no Ibermédia” e a “Autoria na Produção lusófona” fecharam a tarde, na VII Jornadas de cinema Português na UBI. |
VII Jornadas de Cinema em Português, com comunicações de Jorge Cruz e Sívlia Vieira na primeira mesa |
21989 visitas A cinematografia em português de Moçambique e Cabo Verde abriram as comunicações do terceiro dia da sétima edição das jornadas de cinema em Português, com a presença de convidados como Jorge Luís Cruz, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, e Sílvia Vieira, investigadora do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC) do Algarve. “Em Cabo Verde, como em qualquer outro país, há a necessidade da luta e necessidade por políticas de investimentos públicos destinados à cultura e especificamente ao cinema”, diz Jorge Cruz, ao descrever a debilidade cinematográfica no país. O país conta apenas com a existência de duas salas de cinema e tem falta de produções, o que revela a diminuta dimensão da cinematografia cabo-verdiana. Contudo, o cinema cabo-verdiano é homenageado através de um festival que fortalece e divulga a cultura cinematográfica dos oito países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O festival “FESTIN”, conta também com homenagens a produções de Cabo Verde. Já a história recente da cinematografia moçambicana está ligada a transformações políticas, económicas, sociais e culturais que ocorreram depois da independência do país a 25 de Junho de 1975. Samora Machel, primeiro presidente da república Popular de Moçambique, tomou as primeiras medidas a favor do cinema e criou em 1976 o serviço nacional de cinema, depois renomeado Instituto Nacional de Cinema (INC). Desde o nascimento do cinema naquele país, os seus líderes perceberam que ele seria um meio de comunicação ideal para promover a unificação do país. Machel sabia que a divulgação do seu programa eleitoral e as mudanças que propunha para o país passavam pela imagem em movimento. Neste contexto surgiram os primeiros jornais cinematográficos, os “puxa-cadema”, jornais da atualidade que se faziam chegar às cidades, em salas de cinema ainda abertas, e às províncias, através de carrinhas e projetores. Contudo, esta imagem em movimento não chegava a todas as regiões. Sílvia Vieira admite que “a situação económica e social de Moçambique depois da independência não permitiu que a imagem em movimento chegasse a todo o lado”. Na década de 80, o cinema moçambicano ganhou um caráter mais autoral, com documentário e ficção. Todavia, após o adoção do mercado livre, o governo deixou de prestar recursos financeiros a estes projetos e hoje só as produtoras dão alguma expressão à cinematografia moçambicana. A segunda mesa da conferência contou com a presença de dois convidados, Helyenay Souza Araújo, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ e Leandro Mendonça, da Universidade Federal Fluminense. Helyenay apresentou a temática da Coprodução no Ibermédia, projeto multilateral de cooperação técnica e financeira criada para fomentar o desenvolvimento do audiovisual dos países ibero-americanos, no setor de formação, coproducão, distribuição e promoção, assim como desenvolvimentos de projetos cinematográficos. Iniciado em 1997, o programa do Ibermédia engloba 18 países que pagam uma cota anual de 100 mil dólares para sustentar a sua participação do fundo, distribuído depois nas convocatórias de projetos que são propostos. A coprodução, que consiste na cooperação artística e técnica entre pelo menos 2 países, é o principal conceito do Ibermédia. A última comunicação da tarde coube a Leandro Mendonça que trouxe a debate a questão da autoria na Produção Audiovisual Lusófona. Segundo o conferencista, “o direito autoral é um ramo da propriedade intelectual que cobre todo o conhecimento humano a partir de uma apropriação económica. O campo da propriedade intelectual e o campo de autoria são a fronteira da economia, na sociedade do conhecimento”. A conceção da autoria é histórica, pois desde sempre se pensava que um “sujeito individual era capacitado de criar com pura genialidade algo, um contributo, que lhe dava o direito natural de possuir algo”, diz Leandro Mendonça. Entre conferências e exibições de filmes, a sétima edição das Jornadas de cinema em Português decorreu entre os dias 4 e 8 de novembro, no anfiteatro I, na Faculdade de Artes e Letras da UBI.
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