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BRAGANÇA: Natal entre o sagrado e o profano.
Carina Alves · quarta, 25 de dezembro de 2013 · Continuado No alto de Trás-os-Montes, a cidade de Bragança comemora um Natal carregado de tradições bastante próprias do nordeste trasmontano. Esta época festiva é marcada por diversas tradições, pelo regresso dos emigrantes e pela noite de Consoada nas discotecas. |
Decoração natalícia no centro da cidade de Bragança. |
21984 visitas Depois das férias de Verão, as pequenas aldeias de Bragança voltam ver chegar os emigrantes. Com apenas 65 habitantes, a localidade de Alimonde, que dista 15 quilómetros de Bragança, duplica a sua população nesta época festiva. Desta forma, Bragança comemora o Natal com a alegria do regresso dos emigrantes às suas diversas localidades. “É bom voltar à nossa terra e passar aqui o Natal com a família da qual estamos longe o ano todo, nada é melhor que ter a família reunida nesta quadra festiva”, revela a emigrante em França há 25 anos, Sandra Pereira, que veio passar o Natal a Alimonde. A época natalícia vê realizar nesta pequena aldeia uma grande tradição, a matança do porco. A última quinzena de Dezembro e sobretudo os dias mais próximos do Natal, marcam uma refeição de trabalho festiva. Geralmente, cada família desta localidade possuí um porco que é morto para a festa. Os donos da casa convidam algumas pessoas para ajudarem e reúnem-se bem cedo para começar o trabalho que termina com um grande almoço. A quadra natalícia brigantina é conhecida ainda pela Festa dos Rapazes, uma celebração em honra de São Estêvão, o padroeiro da juventude. A festa é organizada pelos jovens solteiros das aldeias onde se celebra, marcando a passagem destes para a vida adulta reunindo toda a comunidade numa celebração ancestral em que se cruza o sagrado com o profano. As localidades onde esta celebração não acontece contam com a fogueira de Natal no meio da aldeia ou com almoços/jantares comunitários no dia de Natal para que haja mais proximidade e convívio entre as gentes da terra. A Noite de Consoada de um típico brigantino é composta pelo bacalhau, polvo, batatas, couves e rabas cozidas. Esta refeição que reúne a família em torno da mesma mesa volta a ganhar o mesmo espírito no almoço do dia seguinte cuja ementa é obrigatoriamente cabrito no forno e peru recheado com castanhas. As filhoses, os sonhos, a aletria, o tronco de Natal, as rabanadas com vinho do Porto e o bolo-rei compõem a mesa dos doces desta época. A noite de Consoada é passada em casa com a família contudo esta tradição está a cair um pouco em desuso por parte dos jovens. A Missa do Galo é trocada pela noite brigantina, em que os jovens não acompanham o serão familiar de 24 e 25 de Dezembro, e saem com os seus amigos para os diversos bares e discotecas da cidade. A prostituição ilegal e de rua existente na cidade de Bragança, e em bares da vizinha cidade espanhola de Alcanizes, atraem também muitos jovens na própria noite de Natal, tal como nos restantes dias do ano. |
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