Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 373 de 2007-03-27 |
“Portugal não pode viver sem Engenharia Têxtil”
O objectivo foi elucidar os alunos sobre a situação dos têxteis, de forma a dinamizar e salvaguardar essa indústria. Quando o encerramento de fábricas marca a agenda nacional, impunha-se falar em “Têxtil nos dias de hoje”. O debate foi produtivo, e os alunos agradeceram.
> Igor CostaA discussão sobre o “Têxtil nos dias de hoje” reuniu alunos, docentes, profissionais e empresários na UBI, nos últimos dias 22 e 23 de Março. O evento girou à volta da formação dos futuros profissionais, pelo seu desempenho nas empresas e por muito do que de mais inovador se faz em Portugal.
Vítor Cavaleiro, presidente da presidente da Faculdade de Ciências da Engenharia, identificou a licenciatura em Engenharia Têxtil como “um dos cursos mais antigos da UBI, e que mais sentido faz na Covilhã”. Luís Carrilho, vice-reitor da instituição universitária, por sua vez, enalteceu a importância das engenharias e da formação dos engenheiros, mesmo depois de licenciados.
“Não há alunos que queiram construir um Portugal mais capaz do ponto de vista tecnológico”, constatou Luís Carrilho. O vice-reitor diz que o problema vai para lá da UBI e do país, e vê a solução no apelo às mulheres, “que podem ter um desempenho tão capaz quanto os homens, com prática, competência e aprendizagem”. Para o responsável universitário, “muitas vezes, a universidade não pode alterar aquilo que é o rumo dos acontecimentos”, nomeadamente a quebra demográfica, com consequências directas na população estudantil. Ainda assim, o vice-reitor diz tratar-se “de uma onda cíclica, e se neste momento estamos em baixo, espero que a onda atinja o pico daqui a uns cinco anos”. Por isso, Luís Carrilho valorizou a adequação dos cursos a Bolonha e a consequente incidência no experimentalismo. Mas por melhor que a formação universitária seja, “os engenheiros têm de reciclar os seus conhecimentos para estar a par daquilo que se passa no mercado de trabalho”.
Opinião diferente tem José Robalo, presidente da Associação Nacional dos Industriais dos Lanifícios (ANIL), a respeito do Processo de Bolonha. Para o dirigente associativo, trata-se de uma “mania da uniformização” que “não tem em conta as diferentes realidades da Europa”. José Robalo acredita que Bolonha passa ao lado da discrepância de desenvolvimento entre os diferentes países, “o que pode provocar resultados que não são os pretendidos.” Em relação a outras desigualdades, o responsável pela ANIL não deixou de referir a concorrência desleal de economias que se afirmam, como a China e a Índia. Ainda assim, José Robalo queixa-se, ainda, da comunicação social que “tem passado a ideia de que os têxteis não têm futuro”. Em desacordo com a adequação a Bolonha, José Robalo dirigiu-se aos presentes “com uma palavra de esperança, pois Portugal não pode viver sem engenharia têxtil”.
Referindo-se à situação dos têxteis em geral, Luís Carrilho reconhece a quebra, dado que “muitas unidades não se adaptaram aos novos processos de fabrico, pois tinham um custo laboral que foi aumentando, e não se tornaram competitivas”. Para o vice-reitor da UBI, a solução está nas mãos das “empresas, que podem mudar os paradigmas”. Um dos erros cometidos, segundo Luís Carrilho, é a crença de que “a solução pudesse passar pelos baixos salários, “uma vez que a produtividade também é importante”. Mais e melhor formação e a adaptação dos quadros intermédios às áreas tecnológicas são passos imprescindíveis para um aumento da eficácia, concluiu o vice-reitor.
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