Voltar à Página da edicao n. 370 de 2007-03-06
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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“O crescimento do Espanhol no secundário é de 100 por cento ao ano”

> Eduardo Alves

Urbi@Orbi – Preside a um Departamento que tem alguns dos cursos mais afectados pela falta de alunos. O que se está a fazer para resolver esta situação?
A.S.P. –
O Departamento ainda tem os antigos cursos em situações terminais nos quartos e quintos anos, esses sem crise. Este ano abrimos 40 vagas para a licenciatura de Línguas, literaturas e culturas. Dessas 40 vagas, curiosamente, quase todas foram preenchidas. Não é do conhecimento do grande público, mas nós preenchemos essas vagas com professores que são já licenciados que vieram frequentar o nosso percurso de Português-Espanhol. Pessoas que vêm licenciadas de Lisboa, Coimbra e alguns até aqui na UBI e que percebendo que o nosso percurso de Português-Espanhol é um excelente percurso, com bons professores e com uma riqueza de língua e cultura espanhola muito rica, vêm fazer as cerca de 14 cadeiras que temos nessas áreas. Ao longo do ano entraram assim perto de 25 pessoas. Temos muitos licenciados a frequentar a nossa licenciatura.Isso levou-nos a que, tendo entrado três alunos na primeira fase, tendo entrado mais seis alunos via acesso “Maiores de 23 anos”, mais dois ou três alunos na segunda fase, tivemos perto de 15 alunos, com mais os 25 que são licenciados conseguimos chegar perto dos 40 alunos.Também acreditamos, e tendo em conta o crescimento do Espanhol no ensino secundário, que é de 100 por cento ao ano, ou seja, aqui na nossa região, o aumento foi de 2500 para cerca de 5000 mil alunos no secundário, portanto há muita necessidade de professores de espanhol neste grau de ensino, no País esse crescimento foi também de cerca de 10 mil alunos para 17 mil. Nós vamos formar gente para ser professor nessa área. Estes dados são fornecidos por entidades oficiais espanholas, e logo, são muito fiáveis. Neste momento temos o curso cheio e os nossos alunos que têm saído para o espanhol estão todos empregados, estão todos a dar aulas. O trauma dos nossos alunos não encontrarem emprego está a ser vencido. Temos por isso a expectativa fundada de que seremos mais procurados pelos alunos da candidatura nacional. Uma via que se tem relevado, em certa medida, trágica. Abri com alguma tristeza os documentos que me mostravam apenas três alunos novos para o curso. Mas ao longo do ano tivemos uma surpresa muito agradável, com pessoas muito boas, com médias de 17, já licenciadas que vieram frequentar as nossas aulas do espanhol.

Urbi@Orbi – Como vê a situação actual dos licenciados nestas áreas, sobretudo, no que respeita à variante de ensino?
A.S.P. –
É uma área em profunda transformação. Estamos a trabalhar nos mestrados dos professores das diferentes áreas, isto porque, desde agora não vai ser mais possível ser professor sem ter o grau de mestre. Todas as pessoas terão de ter na sua base de formação, o grau de mestre, com didácticas específicas, com aprofundamento na área das pedagógicas e das didácticas. A formação de professores vai ter um novo impacto e as universidades vão continuar a formar professores, até porque esta foi disputada entre as próprias escolas secundárias e as universidades. Mas aqui as instituições do superior ganharam e vão ter como que uma faculdade de formação de professores, na unidade de formação de docentes para o secundário. A universidade vai manter alguma relevância nisso.
Para um historiador que observou que no século XIX estávamos na cauda da Europa em termos de percentagem de professores por número de habitantes, que só conseguimos a alfabetização já quase total da nossa população, no último quartel do século XX, eu diria que a tragédia do País acabou porque temos professores mais que suficientes. É evidente que sobraram tragédias individuais de pessoas que arranjaram competências mas que não estão a ser devidamente aproveitadas. O País irá bem se cumprir aquilo que é um desiderato, nomeadamente deste governo, que é um apoio efectivo à investigação. A maioria dos professores têm formação científica e muitos terão de cumprir tarefas de investigação. A nível universitário, isso já é um facto, ainda que os nossos salários sejam pagos por vias das nossas funções lectivas. Mas segundo aquilo que sei, essas verbas vão aumentar, ao nível das ciências.

O Departamento de Letras tem de acompanhar os tempos

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A formação de professores vai ter um novo impacto

Os instrumentos civilizacionais têm sido descobertos quando se desenvolvem as humanidades



"As universidades vão continuar a formar professores"


Data de publicação: 2007-03-06 00:00:00
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