Voltar à Página da edicao n. 370 de 2007-03-06
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: António Fidalgo Directores-adjuntos: Anabela Gradim e João Canavilhas
 

“O Departamento de Letras tem de acompanhar os tempos”

> Eduardo Alves

Urbi@Orbi – Quais os projectos mais importantes que estão a decorrer no Departamento de Letras?
A.S.P. –
O Departamento de Letras tem de acompanhar os tempos. Temos neste momento a decorrer dois grandes projectos. Um deles, o projecto RALIPES já teve algumas evoluções, na Covilhã, em Évora e em Salamanca. Isto porque é um projecto apoiado pelo Interreg e tem de ter acções deste e do outro lado da fronteira e é sobretudo um projecto de criação de elos, de vínculos, de riqueza local entre os dois países. Este projecto vai ter uma realização próxima aqui na UBI que está a ser coordenada pelo professor Gabriel Magalhães. Outra das iniciativas prende-se com as nossas conferências “Bibliotecas e Literacia” e que tem a ver também com o facto de termos aqui um curso de formação de técnicos superiores nessa área e que nós também pretendemos expandir. Vamos tentar, através de várias plataformas, aproximar as bibliotecas dos leitores.
As nossas próximas apostas para projectos que possam vir a ser apoiados pelo Quadro Comunitário de Apoio passam pela literatura, pelo cinema e estamos a formar equipas que possam configurar plataformas locais de trabalho para ir ao Piódão, às aldeias da Estrela e mostrar filmes antigos que estão baseados em literatura portuguesa. Esta é uma das áreas que tendo em conta as sinergias que aqui há e as competências dos diversos docentes, podíamos fazer aqui uma espécie de Hollywood de Portugal ou da Europa, com tantos espaços que temos aqui para servir de estudos e até a própria serra.
Outro dos projectos passa pelo nosso curso de Ciências Documentais, onde pretendemos ter bibliotecas digitais que pretendem recuperar património antigo com as obras que estavam nos antigos conventos. Uma vez que esses livros não podem já ser recuperados no seu estado original podem ser digitalizados e guardados em suporte informático.
Os meses que aí vêm serão fundamentais para nós termos dois ou três projectos a envolver os docentes do departamento e não só, outros departamentos com os quais temos óptimas relações.

Urbi@Orbi – A introdução das novas regras com o Processo de Bolonha veio mudar a forma de leccionar. O que mudou no seu Departamento?
A.S.P. –
Aquilo que é aparentemente uma revolução, para um historiador não é uma revolução tão contundente assim. Isto porque, ainda há algum tempo lembrava que os primeiros reitores da Universidade de Bolonha eram os alunos. Esta é uma universidade que nasceu no século XII para responder ás necessidades das economias locais, onde estavam a emergir as relações económicas e comerciais e toda uma nova sociedade. É por isso uma universidade de iniciativa dos alunos e em que estes assumem as grandes responsabilidades.
Hoje o aluno tem a possibilidade, também, de formar o seu próprio currículo. Pode começar aqui a fazer o seu curso de Português-Espanhol ir depois fazer algumas cadeiras a Salamanca e por aí fora. A situação peregrina do escolar é um dado que vêm também da Idade Média. Aqui temos um tempo mais apertado do que nessa época e tem por isso mesmo de haver uma maior proximidade entre o aluno e o professor. Daí que os primeiros três anos sejam apenas uma porta para um posterior mestrado e doutoramento.
O novo modelo exige-nos, a nós professores, mais maleabilidade, não nos permite envelhecer. Era mais cómodo quando se chegava a docente universitário. Tínhamos uma turma de cerca de 60 ou 80 alunos e não tínhamos que nos preocupar com mais nada a não ser fazer as avaliações através dos métodos normais e lançar as notas em pauta. Hoje o sistema é muito mais rigoroso, de certa forma, ainda muito burocrático.
Na Idade Média, havia alguma maior disponibilidade nesta área. Veja-se que Universitas significa corporação que tinha mestres, oficiais e aprendizes. Essa corporação respondia a todas as suas necessidades. Hoje há, como política, a tal proximidade com o meio social, a preocupação em que o aluno e o professor estejam atentos à sociedade e a relação entre os intervenientes tem de ser muito mais forte.

Urbi@Orbi – Qual é a sua posição relativamente à nova Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário?
A.S.P. –
Não sou de todo alérgico a que os linguistas produzam uma nova terminologia. Se as modas filosóficas evoluem, se hoje é uma nova Filosofia de pós-modernidade, é quase estritamente necessário que as terminologias linguísticas se adaptem ás novas filosofias. Porque as antigas terminologias eram aristotélicas e tomistas falava-se de substância e acidente e havia objectivos e substantivos, o que era essencial e o secundário. Hoje as novas perspectivas filosóficas são absolutamente diferentes. Acredito e aceito perfeitamente que os linguistas acompanhando o tempo, que façam novas propostas. Penso que hoje o problema é este, há uma nova filosofia, tem de haver uma nova terminologia. O que não quer dizer que quem teve formações baseadas nas antigas terminologias, que não lhe seja licito manifestar-se sobre as mesmas. Ou seja, hoje continuo a entender-me muito bem com as antigas gramáticas latinas, que suportam as gramáticas portuguesas e cuja filosofia vem de Aristóteles. Mas compreendo bem que a linguística, sendo uma ciência que acompanha os ritmos da modernidade faça as suas propostas.

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Data de publicação: 2007-03-06 00:00:00
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