Na palestra inicial estiveram presentes as fundadoras de duas marcas portuguesas sustentáveis: Ana Neto, cofundadora do projeto “Maria Maleta” e Adriana Mano, criadora da “Zouri - from the Ocean”.

Na perspetiva de Ana Neto, “a sustentabilidade não pode passar por uma redução abrupta do consumo, já que vivemos em sociedades profundamente capitalistas, mas pode e deve passar pela economia circular”. A economia circular implica não só a compra consciente e sustentável, mas também a aquisição de produtos em comércios locais ou a marcas nacionais. Para além disso, falar em economia circular, “é falar em dar nova vida aos produtos. Nunca é um fim, é sempre uma reutilização”, reiterou a representante da Maria Maleta.

No primeiro dia das MEG realçou-se a importância da compra consciente de produtos duradouros e versáteis. O foco do consumidor deve ser a qualidade dos produtos que adquire e não a quantidade dos mesmos. Neste sentido, Ana Neto acredita que, embora os artigos sustentáveis sejam mais caros, o consumidor sabe exatamente onde cada parcela do seu dinheiro é investido. A empresária diz que “a transparência é a alma do negócio” e que é fundamental que o consumidor se sinta envolvido no processo de criação de cada produto.

Embora cada vez se fale mais em produtos biológicos e sustentáveis, Adriana Silva, fundadora da marca de calçado sustentáve Zouri, afirmou que “é impossível termos um produto 100% sustentável” acrescentado que o fundamental é existir um equilíbrio entre “a durabilidade, a sustentabilidade, a qualidade e o design”.

A prioridade de qualquer marca sustentável é que o consumidor seja informado, isto é, tenha conhecimento dos materiais usados, da sua conceção, dos fornecedores envolvidos e do impacto ambiental gerado. Outro aspeto a ter em consideração é a exploração social que está por  detrás de cada peça produzida em massa pelas grandes marcas de moda.

Na sessão online que contou com a participação de mais de meia centena de pessoas, Adriana Silva lançou o mote para que o Governo baixe o IVA para empresas sustentáveis, de forma que estas possam vingar no mercado, e lançou o desafio a Portugal: “Acho que o nosso país pode tornar-se o mais sustentável da Europa”. Por sua vez, Ana Neto deixa o alerta: “Facilmente um produto sustentável deixa de o ser. Produzir 20 camisolas de algodão orgânico é sustentável, mas produzir 20 milhões de camisolas de algodão orgânico já não”.

De acordo com Sara Teixeira, membro organizador do evento, as jornadas tiveram como objetivo dar aos alunos ferramentas e conhecimentos das áreas do marketing, gestão e economia que lhes podem ser úteis no seu futuro próximo. Para além disso, as sessões procuraram fomentar nos estudantes o espírito crítico e gerar o debate. O tema da economia circular foi um dos escolhidos, já que “é um assunto que está a ganhar realce”, mas que ainda “muita gente não sabe bem o que é ou não está suficientemente consciencializado para as questões da sustentabilidade”. A aluna de economia confessa que planear as jornadas para um formato online “foi um desafio” sobretudo porque “se as palestras não fossem dinâmicas, interessantes, diferentes, atrativas e inovadoras não teríamos a adesão que desejávamos”. Sara Teixeira faz um balanço muito positivo das MEG, e sublinha que “a união (dos 3 núcleos, Marketing, Economia e Gestão) fez a força”.

No segundo dia, 19 de novembro, o evento foi dedicado às estratégias de marketing perante o contexto da pandemia.

No dia 20, num workshop ministrado pelo consultor Rui Basto, estudantes e profissionais da área levantaram questões sobre o mercado de trabalho e o desenvolvimento acelerado do marketing durante a pandemia.

As jornadas encerraram no dia 21 com uma sessão dedicada ao empreendedorismo.