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ContraDANÇA abraça interculturalidade
Ana Sofia Ribeiro · quarta, 26 de setembro de 2018 · A 9ª edição do festival arrancou dia 14 de setembro e prolonga-se até dia 27 de outubro. |
9ª edição do ContraDANÇA, de 14 de Setembro a 27 de Outubro, na Covilhã. |
21985 visitas A 9ª edição do ContraDANÇA – Festival de Dança e Movimento Contemporâneo, organizado pela ASTA – Associação de Teatro e Outras Artes, decorre em vários palcos este ano e por diferentes localidades. Arrancou a 14 de Setembro no Paul, com um espetáculo intitulado “Um Clássico”, dirigido e criado pela bailarina e coreógrafa Vera Mantero. Na segunda-feira, o evento prosseguiu no Agrupamento de Escolas do Teixoso, com “Romeu e Julieta” do Teatro Praga. Uma peça encenada como nunca Shakespeare a imaginou: interpretada num palco travestido de cozinha, onde atores e espetadores participam em conjunto na elaboração de um Cheesecake. Apesar da apresentação diferente, o romance não deixou de ser trágico e cómico, tal como o original que o inspira, com doce de Goiaba representando o sangue de Capuletos e Montecchios, lutas de espátulas e panelas no lugar de espadas, e o derradeiro e trágico final assinalado com uma dentada numa bolacha Maria. Durante esta semana, terão lugar duas performances artísticas, ambas no dia 26: às 21h30, a narrativa de corpo “Rojo”, de Murilo Soares, que tem como referência a vida e obra de Frida Kahlo; e às 22h30 “A-norma-is”, um espetáculo de cruzamento artístico, de onde é possível concluir que as perdas não existem, existe, antes, movimento. Já no dia 27, às 21h30, tem lugar o espetáculo de dança “Um [Unimal]”, com recurso ao binómio danças de resistência/resistência na dança, e à marcha como um desdobramento do caminhar dos dias de hoje, mas também dos tempos históricos, dos contextos de opressão e libertação; ainda, às 23h00, será possível assistir ao concerto “Die Wilde Jagd”, altamente performativo, com o guitarrista Sebastian Lee Philip, também no sintetizador e na voz, Ran Levari na bateria e percussão eletrónica, juntando influências de Kraftwerk, NEU, DAF, Ligações Perigosas, Pyrolator, Kruppps e Propaganda. Para entrar no fim-de-semana, dia 28, às 21h30, segue-se o espetáculo “Orpheu 3”, que parte de todas as possibilidades de índices, supostos textos e autores para o controverso número três da revista Orpheu, do qual apenas conhecemos a publicação de algumas provas de página, e que permaneceu adiado sine dia, apesar dos esforços de Santa-Rita Pintor em dar continuidade à publicação após o suicídio de Mário de Sá-Carneiro e a morte de Fernando Pessoa. É um espetáculo com seis cenas/performances, cada uma em espaços/divisões distintas, numa espécie de diálogo que leva o público a escolher aquela a que quer assistir, sem perder nenhuma no final. Enquanto que, no Sábado, dia 29, às 21h30, a obra de Eça de Queiroz “O Mandarim” vai inspirar o espetáculo com o mesmo nome, desta vez com um texto de Pedro Barreiros e através da subversão dos mecanismos canónicos da composição teatral e de uma poética cénica tendencialmente anacrónica. Este é o programa do ContraDANÇA até ao final do mês de Setembro, festival que tem contado com atividades paralelas, como uma Feira do Livro das Artes até ao final do festival, leituras dramatizadas, um Mercado Negro e Workshops de pesquisa e criação a ter lugar na Banda da Covilhã. Outubro abrirá com os espetáculos dia 4, pelas 21h30, com uma performance de Nuno Lucas, que, sozinho em palco, e num mergulho poético nas memórias e nas emoções, convoca todas as personagens que o assombram na vida, desde a sua avó até alguns estranhos que se cruzaram com este imigrante português entre Portugal, Paris e Seul. O festival encerra a 27 de Outubro, às 21h30, com “A minha família está na minha mala”, de Narine Grigoryan, uma peça de teatro baseada na história real da sua família, durante a guerra de Guerra de Nagorno-Karabakh, quando em busca de refúgio a sua família teve de fazer escolhas dramáticas. Estas são algumas das obras que compõem o programa deste festival, que promove a importância das várias manifestações artísticas como forma de estimular a participação do público, numa tentativa de despertar o sentido estético da população, em particular do Interior do país, região que, ressalta a organização, a torna distinta da realização junto das grandes metrópoles, às quais chegam com mais frequência este tipo de iniciativas culturais. Trata-se de criar oportunidades de democratizar o acesso e difusão das artes, dando, simultaneamente, visibilidade a novos artistas e projetos embrionários. O festival continua a destacar-se pela interculturalidade e originalidade em cada espetáculo, aos quais será possível assistir, a maioria, no New Hand Lab, junto à Travessa do Ranito, na Covilhã. Os preços dos bilhetes rondam os 5 e os 45 euros, consoante sejam diários ou para a totalidade do festival, contando com descontos para sócios ASTA e estudantes. |
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