Com o Anfiteatro das Sessões Solenes praticamente esgotado, o público ouviu as interpretações de temas de Zeca Afonso, pelas vozes de Filipa Ribeiro, Rúben Matos, Ice Beam and The Blizzard, bem como da Escola de Música de Belmonte e do Coro Sénior da Universidade da Beira Interior, todos artistas ligados à região. O Tributo a Zeca Afonso, organizado pelo Núcleo de Estudantes de Ciências da Comunicação – UBIMedia, na passada quinta feira, 22 de fevereiro, brindou a assistência da Universidade da Beira Interior com a música de um dos maiores cantautores portugueses.

Entre as atuações, foram reproduzidos vídeos de uma entrevista a José Ferraz Alçada, natural de Belmonte e amigo de Zeca Afonso durante parte da sua vida, que no primeiro aniversário da morte do compositor português, em 1988, escreveu a “Crónica de uma Morte Anunciada”.  O texto viria a ser “censurado” num jornal, apesar de 14 anos depois da revolução de abril. Contudo, o autor dirigiu-se à Radio Clube de Gaia onde a crónica foi aceite e imediatamente transmitida. Mais tarde a crónica foi também divulgada noutras rádios nacionais. José Ferraz Alçada fez questão de marcar presença no evento, e mostrou-se emocionado com a homenagem, referindo a importância deste tipo de ações numa altura em que a figura do “Zeca” começa a ser esquecida, mesmo pela comunicação social.

Quem também esteve presente foi a Associação José Afonso (AJA) que destaca a iniciativa, lembrando que são poucas as vezes que Zeca Afonso é homenageado pelos estudantes da região, mesmo que este tenha feito a escolaridade obrigatória em Belmonte. Pela voz de José Manuel Duarte, a associação realça o tributo “aprofundado, onde esteve presente o espírito de Zeca Afonso”. Com diversos núcleos no país, a AJA tem organizado na Covilhã diversas homenagens de forma a “tornar presente a mensagem de Zeca Afonso de esperança e construção de uma sociedade melhor”.

Para o presidente do UBIMedia, João Santos, destacar Zeca Afonso é “ouvir, voltar a ouvir e sentir cada palavra”, realçando o “maior cantautor português”, e não esquecendo a ligação que este teve com a região. O dirigente do núcleo de estudantes demonstrou satisfação pela “sala cheia” e pela boa reação do público, que pediu para que se “voltasse a repetir este tipo de eventos”. “A Covilhã e a Universidade precisam de viver a cultura”, revelou João Santos.

Fechadas as portas do auditório, o UBIMedia prepara-se agora para a Feira do Livro que se realiza no próximo dia oito de março no Museu dos Lanifícios, sempre com a dinamização da cultura como eixo fundamental.