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Três vertentes, a mesma máxima: o jornalismo
João Botão dos Santos · quarta, 12 de abril de 2017 · @@y8Xxv O primeiro painel das segundas Jornadas de Comunicação juntou três profissionais do jornalismo que abordaram o presente e o futuro do jornalismo regional, desportivo e do fotojornalismo. |
Primeiro painel da segunda edição das Jornadas de Comunicação |
22007 visitas Um jornalista não deve ser o “herói” nem deve ser a notícia, mas neste caso específico abre-se uma exceção. Na segunda edição das jornadas de Comunicação, realizadas pelo segundo ano consecutivo com a organização do UBImedia, Núcleo de Estudantes de Ciências da Comunicação, o jornalismo, nas suas várias vertentes, foi notícia e mote para o primeiro dia da iniciativa. Qualquer aluno de Ciências da Comunicação que se preze sabe que um profissional do jornalismo não deve ser o protagonista do foco noticioso, mas se existe ocasião onde se pode fugir à regra, esta é uma delas. O primeiro painel das Segundas Jornadas de Comunicação focava-se no Jornalismo e mais especificamente na profissão de jornalista. As três áreas escolhidas para serem abordadas e debatidas foram o jornalismo regional, desportivo e o fotojornalismo. Os protagonistas da manhã foram António Figueiredo, diretor do Jornal do Centro/ Rádio Jornal do Centro, Filipe Gonçalves, jornalista do canal Sport Tv e Pedro Cruz, fotojornalista freelancer. “Não sou diretor, sou jornalista”. O jornalismo regional foi o primeiro a subir ao palco e foi assim que António Figueiredo se definiu, o diretor “operário” do Jornal do Centro, órgão do distrito de Viseu. O jornalista que começou a sua carreira na rádio não tem dúvidas de que nos meios de comunicação regional se faz “um bom trabalho”. No órgão que dirige a máxima é simples, clara e concisa: “orgulhosamente regionais”. O Jornal do Centro, já com 16 anos de existência, opta por apenas tratar assuntos regionais, rompendo completamente com tudo o que seja de âmbito nacional. “O presidente da República esteve há poucas semanas em Viseu, convidaram-nos para fazer uma entrevista com conteúdos de âmbito nacional, recusámos, só tratamos assuntos regionais”, afirma o diretor “operário”. A realidade de um jornal ter na sua chefia um jornalista e não um “diretor administrativo”, acaba por contribuir, na opinião de António, para o sucesso do JC: “Ás vezes os próprios diretores que não têm a noção do que é a prática jornalística acabam por dificultar a vida aos jornalistas”, adianta aquele profissional. A incontornável questão da “crise” do jornalismo em papel e a possibilidade deste vir a desaparecer nos próximos anos foi também ela abordada, mas se esta realidade de um jornal em papel no Interior do país já é um desafio, o Jornal do Centro decidiu torna-lo ainda mais ambicioso. A administração do órgão de comunicação decidiu adquirir uma rádio e esta decisão aliada à experiência de António Figueiredo, culminou na fundação da Rádio Jornal do Centro. “Esta acabou por ser uma questão também comercial. Podemos oferecer aos clientes, em termos comerciais, a possibilidade de terem publicidade na plataforma escrita, no online e também na rádio”, confessou o diretor. Seguiram-se dois regressos a “casa”: Filipe Gonçalves e Pedro Cruz, regressavam à Universidade da Beira Interior, onde concluíram o curso de Ciências da Comunicação. O primeiro a assumir o púlpito foi mesmo o jornalista da Sport tv, que falou do seu percurso na área e da sua ligação ao desporto. “Tinha muitas saudades da universidade, por vários motivos não tive possibilidade de voltar cá antes, tinha estado na Covilhã em 2010 em trabalho quando esteve cá a seleção a estagiar antes de ir para o mundial de Africa do Sul, mas à universidade mesmo não tinha voltado, é uma sensação ótima”, confessou o orgulhoso Ubiano. Filipe não gosta muito do conceito de “jornalista desportivo”, prefere assumir-se sobretudo como jornalista, isto porque o seu trabalho é muito mais amplo: “Temos de perceber de tudo, economia, política, é muito mais do que falar e perceber de jogadores de futebol”, confessou Filipe, que é um profissional crítico relativamente à forma como o desporto é tratado. “Temos cada vez mais os dirigentes a falar e menos os jogadores, este é um lado que eu critico sempre e é cada vez mais difícil de superar”, adiantou o jornalista. O jornalista que pretendia ser jogador de futebol, apesar do orgulho que sente por trabalhar na Sport Tv, acredita que é necessário lutar contra o imediatismo e contra a conotação negativa que é associada ao jornalismo desportivo. Filipe que passou pela grande reportagem no programa Report Tv e que agora se estabeleceu mais vezes como pivô dos noticiários do canal, elencou alguns dos problemas, na sua opinião, do jornalismo neste momento sendo que o principal problema de futuro será perceber “como é que as plataformas digitais podem ser rentáveis para o Jornalismo”. O jornalista que prefere o trabalho de “campo” ao invés de ficar fechado numa redação e considera que o trabalho de um “jornalista vai além de dar notícias, é descobrir boas histórias”, sendo que os profissionais “devem ser pagos pelas boas notícias que encontram”. “Tenho muito orgulho em ser da Figueira da Foz e de ser licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior”, foi assim que Pedro Cruz se começou por dirigir ao auditório do anfiteatro da parada. O fotojornalista free lancer confessou também que sentiu falta de abordar esta área na sua licenciatura: “Nunca demos fotojornalismo”, confessou. Pedro Cruz começou muito cedo a colaborar com jornais, ainda antes de ingressar na UBI, depois de terminar a licenciatura decidiu rumar a Lisboa onde teve oportunidade de tirar alguns cursos de fotografia. “É importante existir um “negócio” entre quem escreve e quem tira a foto, não se pode só cortar na fotografia”, confessa o fotojornalista que não tem dúvidas que nos dias que correm é “muito difícil vender fotografias para jornais”. Como reverter a situação? Na opinião de Pedro a solução terá de passar por mostrar fotos de qualidade. “O jornalismo regional satisfaz-me imenso, temos uma relação de proximidade”, adiantou o fotojornalista que foi responsável pela fotografia tirada no dia dois de fevereiro de 2014, na praia do norte, na Nazaré, que se tornou viral. As jornadas de Ciências da Comunicação realizaram-se pelo segundo ano consecutivo, sendo que a edição deste ano contou com algumas diferenças, desde logo no número de dias em que a atividade decorreu. O humor ficou de fora, mas não foi esquecido: “A temática da escrita criativa e do humor ficam para uma futura sessão que estamos a preparar”, adiantou Cláudia Rodrigues, presidente do núcleo de Estudantes de Ciências da Comunicação. “O grande objetivo desta iniciativa visava o estímulo da autonomia e da pro-atividade dos alunos, algo que penso que foi atingido”, co nfessou Cláudia. Esta edição caracterizou-se também pelo seu carácter solidário: um euro resultante de cada inscrição para a aquisição de certificados, revertia para a Associação Protetora de Animais da Covilhã, Instinto. |
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