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Um século de história literária
Fernanda Reis · quarta, 6 de julho de 2016 · O Auditório da Real Fábrica Veiga abriu portas à comunidade para falar sobre a obra de Ferreira de Castro. Esta iniciativa do Museu dos Lanifícios insere-se nas “Tardes de Quinta no Museu”. |
António dos Santos Pereira e Manuel da Silva Ramos durante a conferência "A Covilhã de 'a Lã e a Neve'" |
22004 visitas “A Covilhã de ‘a Lã e a Neve’” foi o tema de mais uma tarde de quinta no Museu. O escritor Manuel da Silva Ramos foi o convidado desta conferência. Celebrar o centenário da vida literária do romancista Ferreira de Castro foi o objetivo desta sessão literária, que ocorreu no passado dia 30 de junho. “Falar sobre um livro fundamental português do século XX na literatura, que é ‘A Lã e a Neve’ de Ferreira de Castro” foi o propósito desta sessão, afirmou Manuel da Silva Ramos. Para este escritor covilhanense esta é “uma obra que retrata muito bem a história da nossa cidade [Covilhã] ”. Esta conferência contou com a presença e a moderação de António dos Santos Pereira, diretor do Museu dos Lanifícios. O também professor da UBI disse que “o Museu dos Lanifícios é um centro da Universidade da Beira Interior, cuja missão é, fundamentalmente, a dinamização cultural da região e do país em geral”. Os lanifícios, o património beiral ou o património covilhanense são alguns dos temas em destaque nesta iniciativa. Desta vez, o tema foi a obra do romancista português Ferreira de Castro, “A Lã e a Neve”. Durante toda a sessão, Manuel da Silva Ramos falou sobre esta obra e ainda de um livro seu, “Café Montalto”, que é uma continuação da obra de Ferreira de Castro, como explica o autor covilhanense. “A Lã e a Neve” foi um livro publicado em 1947, ano do nascimento de Manuel da Silva Ramos. O romancista covilhanense considera esta coincidência “fantástica”: “Gosto imenso de “A Lã e a Neve”, é um dos meus romances preferidos porque retrata muito bem a minha cidade e porque, digamos, eu e o Ferreira de Castro fomos os romancistas portugueses a falar mais da exploração dos operários pelos patrões dos lanifícios”. Para Manuel da Silva Ramos, Ferreira de Castro “era um humanista, porque preocupava-se muito com os fracos, com os pobres e então escolheu a Covilhã, onde havia imensas fábricas e havia imensa exploração, e ele escolheu a nossa cidade, onde havia a maior exploração dos operários, para testemunhar”. O que fascina o escritor Manuel da Silva Ramos na história de “A Lã e a Neve”, que considera este um dos seus romances preferidos, “é que é um livro que retrata a cidade da Covilhã, como ela foi, o nosso passado. “A Lã e a Neve” é a nossa identidade e nós não podemos ignorar isso, é a nossa memória”, confidenciou ao Urbi et Orbi o autor covilhanense. José Maria Cardona, reformado e antigo tecelão, foi uma das pessoas que assistiu à conferência. O covilhanense assistiu pela primeira vez a uma sessão de “As tardes de Quinta no Museu” e considera que esta iniciativa “é pouco divulgada”. “Eu tive conhecimento por casualidade, eu não sabia desta sessão, eu vim porque um amigo me disse. Este evento tem de ser divulgado com antecedência, com cartazes e panfletos, isto é a minha opinião”, comentou José. Em relação à conferência “gostei, porque admiro a escrita de Ferreira de Castro e já li há uns anos a obra (‘A Lã e a Neve’) do escritor”. Curiosamente, José Maria Cardona foi uma das personagens do livro de Manuel da Silva Ramos, o “Café Montalto”. Esta é uma iniciativa que acontece todos os meses desde 2011. Todas as últimas quintas-feiras do mês são dedicadas a estas sessões, que contam sempre com um “grande autor, um grande artista, alguém ligado à história do património, ou com alguma figura que, mesmo política, tenha causas públicas interessantes que vem aqui falar sobre um tema da sua especialidade”, explicou o diretor do museu. |
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