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Do teatro ao bailado em Contradança
Bruno Coelho · quarta, 5 de novembro de 2014 · Continuado Dois espetáculos distintos: teatro absurdo e bailado a solo marcaram o terceiro dia do Festival Contradança. |
Cartaz do terceiro dia do Festival Contradança |
21993 visitas Durante os meses de outubro, novembro e dezembro, a Associação de Teatro e Outras Artes (ASTA) organiza a sétima edição do Festival Contradança. A peça "E a cabeça tem de ficar?" e a performance “Verse$” estiveram em cena a 28 de outubro, no Teatro Municipal da Covilhã. Apesar do pouco público que se fazia adivinhar para uma terça-feira, pouco depois das 21h30 a peça “E a cabeça tem de ficar?”, arrancou. Num espetáculo interpretado a dois, durante cerca de uma hora ocorrem situações do dia-a-dia, com textos de Karl Valentin, trazidas pela mão do teatro absurdo. Os atores, Alexandra Diogo e Nuno Machado, contam que é uma peça onde nos revemos e “rimos do que se passa no palco” quando nos estamos a “rir de nós próprios”. “Andamos tão distraídos com outras coisas e acabamos por nos esquecer das coisas que são mais da natureza humana. E a natureza humana implica que nós nos saibamos rir de nós próprios”, conta Alexandra Diogo. Com uma opinião bem formada sobre o contexto social e político mundial, a atriz afirma que estes textos de Karl Valentin "que parecem não levar a lado nenhum, mas que levam a que nós nos conheçamos profundamente, neste contexto atual são muito oportunos. A pessoa rir-se de si própria, no bom sentido”, concluiu Alexandra Diogo, que colabora há cinco anos com a Associação Cultural Chão de Oliva. A Chão de Oliva, primeira companhia de teatro a ser criada em Sintra, em 1990, tem em Nuno Machado, ator, um dos seus percursores que se mostra bastante contente pela “parceria que criaram com a ASTA, com uma troca de espetáculos”, sendo este o “segundo ano que vêm ao festival”, onde esperam regressar, confessa o ator de "E a cabeça tem de ficar?" Já num cenário completamente diferente da sala principal, onde se realizou o primeiro espetáculo, a performance seguinte decorreu no segundo andar do Teatro. Os lugares para os espetadores foram dispostos num quadrado onde, no seu interior dançou, a solo, Flávio Rodrigues. Para o bailarino, a performance a solo é não só uma forma de se afirmar, mas também uma identidade, como explica. “As minhas peças são sempre a solo e tento sempre fazer tudo, desde luzes, músicas, cenário, figurinos e isso faz parte do conceito do meu trabalho”. Numa peça intensa, onde se joga, se arrisca, se perde, se ganha, e onde “há a ideia de lutar sozinho, de criticar a política sozinho, de marchar, de ter regras, de quebrá-las e há a aquela metáfora de dançar até morrer". Com a opinião de que “ao longo do tempo me tenho vindo cada vez mais a perder e acho que as peças são cada vez mais abstratas e acerca de tudo, com uma forma muito minha e particular de olhar o mundo”, concluiu nesta conversa sobre a sua segunda visita à Covilhã, o performer de Verse$. Na sua sétima edição, o festival organizado pela ASTA, tem em Sérgio Novo um grande impulsionador, que confessa que "não é fácil" trazer as pessoas ao teatro. No contexto deste festival em específico "as pessoas têm vindo", o que faz do Contradança uma proposta que parece agradar aos mais variados públicos. |
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