Se os 28 anos da Universidade da Beira Interior (UBI), assinalados na quarta-feira, dia 30 de abril, se podem comparar com uma figura geométrica, será com um triângulo. Em cada um dos vértices estão o passado, o presente e o futuro de uma instituição que partilha com o Instituto Politécnico da Covilhã (IPC) e o Instituto Universitário da Beira Interior (IUBI), seus antecessores, a história de 40 anos de ensino superior na cidade.

Perto do final da cerimónia, Paquete de Oliveira sintetizou esta linha das comemorações. “Celebrar o dia da Universidade, não deve ser um simples ritual. Terá de ser uma tomada de consciência do balanço do percurso feito, de um alerta sobre o presente e de compromissos para o futuro”, disse o presidente do Conselho Geral da UBI. Coube, naturalmente, a António Fidalgo, reitor da Universidade da Beira Interior, viajar pelos três momentos.

Invertendo alguma da ordem cronológica, atente-se no futuro. O presente mostra realidades como a redução de candidatos ao Ensino Superior e nos próximos tempos a UBI apostará em recrutar estudantes no estrangeiro.  

“A UBI vai apostar forte na atração de estudantes dos países lusófonos, em particular dos dois maiores, Brasil e Angola. Hoje [terça-feira] o Conselho geral votou a propina de 5000 euros para os estudantes internacionais. Por 7500 euros ano iremos oferecer um pacote completo, incluindo propinas, alojamento e alimentação. Temos a certeza de que garantimos a melhor relação de qualidade e preço no mercado universitário lusófono”, disse António Fidalgo durante o discurso oficial de uma cerimónia que decorreu na Faculdade de Ciências da Saúde.

O responsável não escondeu qual a faculdade que mais poderá beneficiar com esta aposta: a de Engenharias. A debater-se com a pouca atração dos alunos por esta área de formação, transversal no País, António Fidalgo elogiou as condições existente na UBI e salientou que “se em Portugal, por causa da crise económica e financeira, faltam candidatos para estudar engenharia civil, não faltam jovens de outros países, nomeadamente do mundo lusófono, que o queiram fazer”.

Noutro plano, a ligação à PT será uma das apostas, aquilo que o reitor considera “parceria estratégica”. Esta aproximação que já tem dado frutos, poderá resultar num Centro de Competências em Cloud Computing, cooperação na dinamização do UBIMedical e validação de software, entre outras.

Balanço de oito meses

No presente, impõe-se um balanço. A atual reitoria cumpre oito meses de mandato e António Fidalgo aproveitou para abordar o estado da nação ubiana na atualidade, depois de algumas mudanças realizadas nos últimos tempos.

Após um início de ano letivo “tranquilo”, ainda sob os bons efeitos da anterior gestão de João Queiroz, como sublinhou, António Fidalgo destacou as alterações ao Regulamento das Unidades Orgânicas, candidatura à avaliação das unidades de investigação pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, reprogramação do UBIMedical – que deverá estar concluído até final do ano –, e a revisão do Regulamento de Avaliação de Desempenho.

Houve ainda a realização do compromisso de dinamizar a vida dentro da universidade, através da utilização dos espaços, com destaque para a Biblioteca Central, onde “finalmente os estudantes podem ficar na Covilhã ao fim de semana a estudar porque têm as salas de estudo abertas e refeições no bar ao preço social”, sublinhou. Referência ainda para o reforço do Fundo Social e a manutenção do valor das propinas pelo segundo ano consecutivo.

As relações com o exterior têm sido incrementadas com uma “nova dinâmica” adoptada pelas instituições de ensino superior do arco do Interior: Universidade de Évora e UTAD e UBI.

Quanto a contas, num ano em que pela primeira vez a Universidade da Beira Interior registou um défice, António Fidalgo dirigiu-se ao secretário de Estado do Ensino Superior, Ferreira Gomes, presente na cerimónia, sobre as cativações do Orçamento de Estado: “É uma injustiça de bradar aos céus. E, por outro lado, a injustiça ainda se agrava quando houve descativações seletivas, incompreensíveis mesmo, de faculdades e escolas do Litoral e não houve para as do Interior. Bastaria que o meio milhão de euros da cativação de 2,5 por cento das transferências tivesse sido descativado e não teríamos que recorrer aos saldos e que tanta falta nos fazem para investirmos e concorrermos a projetos comunitários”.

Passos Morgado Reitor Emérito

Mas o aniversário da UBI teve nos seus momentos iniciais a recuperação da memória, corporizada na homenagem a Cândido Passos Morgado, primeiro reitor da UBI. Aquele que antes de ocupar esse cargo já fora uma das principais figuras dos IPC e IUBI, recebeu o título de Reitor Emérito. “Ninguém podia imaginar, após as dificuldades que foram surgindo, que existiria atualmente nesta região, em particularmente na Covilhã, uma universidade de mérito reconhecido, impondo-se não só a nível nacional, mas também internacional, nas áreas do ensino, investigação e prestação de serviços”, disse Passos Morgado, entendendo que “foi percorrida uma longa e difícil caminhada, desde a criação em 1974 do IPC, o qual em 1977 e 1978, o governo de então, no poder, pretendia transformar em estabelecimento de ensino superior curto, até à sua conversão em IUBI, em 1979, e posteriormente em UBI, em 1986”.

Além desta homenagem, o aniversário da UBI destacou ainda Tito Cardoso e Cunha com a atribuição do diploma de Professor Emérito. Foram ainda outorgadas Cartas de Agregação, imposição de insígnias doutorais, entrega de medalhas a docentes e funcionários que completaram 20 anos de serviço ou que se aposentaram até 30 de abril e entrega de prémios escolares e bolsas de mérito.

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