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"O TeatrUBI conquistou reconhecimento nestes 25 anos"
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 12 de mar?o de 2014 · @@y8Xxv Rui Pires, director do TeatrUBI, fala dos 25 anos do grupo de teatro universitário da Universidade da Beira Interior, a poucos dias de se iniciar mais um festival organizado pelo coletivo. |
Rui Pires está no TeatrUBI desde 2000 |
22005 visitas – O TeatrUBI está a comemorar 25 anos. Que balanço se pode fazer deste período? – Tem de ser positivo. As pessoas que passaram pelo grupo tinham algum gosto pela representação e para muitas foi ali que tiveram esse primeiro contacto. Tem sido uma escola para quem seguiu o teatro nas vias profissional ou académica, e há muitos casos de pessoas que puseram de lado o curso que tiraram na UBI para seguir esta área, como é o meu caso. Além disso, conquistamos algum reconhecimento dentro e fora da universidade. Os reitores dão-nos cada vez mais atenção e hoje somos vistos de maneira diferente do que acontecia no início, em que nos viam como um grupo de estudantes bêbedos a fazer umas palhaçadas. Para isso também contribuíram os prémios que alcançamos, quase todos os anos, sobretudo na última década, com os nossos espectáculos. Temos convites de todas as partes do mundo para apresentar o nosso trabalho e só não fomos ainda a um continente, que é a Oceânia.
– No sábado, há um jantar comemorativo onde vão recordar alguma da história do grupo, com antigos elementos... – Vamos recordar pessoas, as reações delas, e ver o carinho e as saudades que sentem. Há algumas expressões que utilizam quando chegam como “que saudades deste cheiro do teatro” e que as pessoas que não estiveram ligadas não conseguem perceber o que é. Há quem me diga que se estivessem mais perto continuavam a fazer teatro e a vir todos os dias para os ensaios. Desta vez, vamos ter colegas que vêm de propósito de Madrid e do sul de França. Teoricamente não há nada que as traga cá, mas no fundo há muito.
– E com se pode perspetivar no futuro? – Os tempos são outros e houve mudanças de comportamento dos próprios alunos. Se o grupo funcionasse nos moldes de há uns anos, já tinha desaparecido, como aconteceu com outros núcleos culturais da UBI e até de outros grupos de teatro universitário de instituições com mais alunos do que a nossa. A UBI, este ano, deu um passo ao reconhecer mais o grupo de teatro e vontade de fazer outros projetos.
– Perspetivam-se mais 25 anos? – Espero que sim. E que nestes três anos sejam dados passos decisivos nesse sentido. Acho que é importante. Uma coisa que me preocupa é até quando podemos continuar no Teatro Municipal da Covilhã. Mais tarde ou mais cedo tem de ir para obras ou acaba por cair. Quando isso acontecer onde é que vamos fazer as nossas atividades? É urgente, nestes três anos arranjar um espaço que de certeza vai aprofundar a ligação das pessoas ao teatro.
– De onde chegam os apoios? – Funcionamos com a ajuda da Universidade e da Fundação Calouste Gulbenkian, que é o único organismo português que apoia directamente o teatro universitário. Nem sequer há nenhum organismo do Estado que o faça.
– São suficientes? – É suficiente para se fazer o que se tem feito ao longo dos 25 anos e que já é muito – o TeatrUBI é o único grupo que organiza um festival de teatro e o mais antigo a acontecer ininterruptamente. Mas seria uma forma de promover a própria UBI, se o grupo estivesse noutros festivais. Penso que se podia apostar nessa internacionalização e, ao mesmo tempo, encher esses festivais de informação sobre a Universidade.
– Há muito alunos interessados em fazer teatro? – Há sempre muitos interessados, todos os anos. É um fenómeno curioso. Em outubro são sempre à volta de 30 e é impossível fazer um espetáculo com 30 pessoas. Mas acabam por desistir. Este ano ficaram cinco no espectáculo. Claro que depois há ajudas na luz, som e guarda-roupa, como acontece com estudantes de Design de Moda que dão alguma ajuda em algumas partes mais específicas, mas é muito difícil aguentar ensaios de quatro horas diárias, quatro vezes por semana. E nem todos estão para isso. Depois, também não há grande reconhecimento. Alguns professores não são sensíveis às faltas, por causa das apresentações e isso torna difícil as idas ao estrangeiro. Uma aluna vai estar uma semana fora por causa de espectáculos que vamos fazer e felizmente que lhe anteciparam as frequências, mas nem sempre isso acontece.
– Quais são os cursos com mais interessados em entrar para o grupo? – Sempre foi o curso de Ciências da Comunicação. Oscilava com alguns dos cursos de Letras, na altura Língua e Cultura Portuguesas, agora Português e Espanhol. De Licenciatura de Design de Moda também. Esporadicamente um ou outro de engenharia. Mas sobretudo na área das Artes e Letras.
– Como funcionam os ensaios? – Ensaiamos quatro dias por semana, durante quatro horas, no Teatro Municipal da Covilhã. Decorrem à noite por causa das aulas. Quando é necessário, também trabalhamos ao sábado a tarde toda e é lá que apresentamos os espectáculos.
– As produções do TeatrUBI resultam de textos trabalhados no seio do grupo. É esta a tendência ou há a perspetiva de apresentar peças mais clássicas? – Vamos manter a nossa linha. Há grupos – poucos – que vão para outros textos, mas entendemos o teatro universitário como um local para experimentar, para arriscar, para fazer textos e autores que de alguma forma são marginalizados e que as companhias profissionais e até amadoras não fazem. No nosso caso particular, sempre defendi espectáculo com pouco texto e mais visuais, porque atuamos muito no estrangeiro. Fazemos uns 10 ou 15 espetáculos em Espanha e há a necessidade de chegar até eles, diminuindo a componente do texto. Em Marrocos, apesar da diferença da língua, ganhamos o prémio do melhor espectáculo do festival entre mais de 20 grupos de universidades de todo o mundo. O texto não foi muito importante. Apostas num maior contacto com a dança e com outras artes e isso tem-nos beneficiado. Outros temas em "25 Anos TeatrUBI": |
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