Numa época de grandes mudanças na sociedade, também o jornalismo sofre profundas transformações na sua identidade e credibilidade. No âmbito do debate sobre o que preocupa o jornalismo atual e os princípios que devem orientar o next journalism, a Cinubiteca da UBI recebeu no passado dia 15 de março, pelas 14 horas, o Fórum “O Futuro do Jornalismo”. Cerca de uma centena de pessoas, entre académicos, jornalistas, estudantes e cidadãos, marcou presença neste evento. A credibilidade, a transparência, a função social do jornalismo, os princípios, direitos e responsabilidades para o futuro desta profissão foram discutidos num evento que percorrerá as diversas escolas de jornalismo do País.
Esta iniciativa surgiu no âmbito do "Projeto Jornalismo e Sociedade" e pretende “ouvir não só profissionais da área, mas também o público em geral, no intuito de perceber para que serve e o que deve ser o jornalismo”, como explicou Adelino Gomes em entrevista ao Urbi.
À luz do que foi feito nos Estados Unidos em 1997, pelo Committee of Concernerd Journalists, também em Portugal se pretende criar uma carta de Princípios que orientem o Jornalismo. «Este projeto é mais do que um combate à crise do jornalismo, é um projeto profundo e pertinente neste momento de transição que o jornalismo enfrenta», salienta Adelino Gomes, organizador da iniciativa.
Não foram só os meios que mudaram, o papel do cidadão como criador e interveniente no trabalho jornalístico é mais um dos desafios que os jornalistas enfrentam na era da internet. No entanto, este pode ser positivo. «Na Web 2.0 há todo um universo de crescimento para os jornalistas», diz Luís Baptista Martins, diretor do jornal “O Interior”.
O jornalismo deve andar de mãos dadas com os cidadãos, de mãos dadas com as redes sociais. “Há realmente uma reformulação dos valores, informar bem a sociedade implica abrir-se a ela no processo de produção noticiosa”, diz José Ricardo Carvalheiro, diretor da licenciatura em Ciências da Comunicação da UBI.
Alguns intervenientes do debate expuseram o conceito de jornalismo de proximidade, também denominado de jornalismo cívico. Cada vez mais as pessoas procuram o que lhes é próximo, a uma realidade com que possam identificar. «Existem possibilidades de caminho no jornalismo regional, este pode ser uma alternativa ao jornalismo global e nacional», disse Fernando Palouro, diretor do Jornal do Fundão. João de Jesus Nunes, que foi convidado para este evento em representação dos cidadãos, reforçou a ideia de que os jornais devem estar mais atentos às expectativas dos cidadãos. O autor do blogue Entre as Brumas da Memória disse ainda que os jornais devem abrir mais as páginas à participação leitores.
O Projeto Jornalismo e Sociedade, que foi apresentado por Adelino Gomes e José Barreiros, contou com as intervenções de Anabela Gradim, presidente do Departamento de Comunicação e Artes da UBI, Luís Baptista Martins, diretor de “O Interior”, José Ricardo Carvalheiro, diretor da licenciatura em Ciências da Comunicação da UBI, Fernando Paulouro, diretor do Jornal do Fundão, João Carlos Correia, coordenador do projeto “Agenda dos Cidadãos: Jornalismo e Participação Cívica nos Media Portugueses” e João de Jesus Nunes.