UBI aprofunda investigações médicas
Um conjunto de 59 investigações na área da Medicina vão ser apresentadas até meados do mês de Julho na Covilhã. Estudos de mestrado realizados pelos alunos da Faculdade de Ciências da Saúde que apresentam novas visões sobre áreas concretas deste saber, mas fazem também uma “radiografia” à saúde regional.
> Eduardo AlvesPatrícia Correia é a autora de uma tese de mestrado em Medicina que tem por título “Variação da Glicemia após administração sublingual de sacarose: implicações para o tratamento pré-hospitalar da hipoglicemia”. Este estudo, apresentado na passada semana na Faculdade de Ciências da Saúde, faz parte de um conjunto de 59 trabalhos na área da Medicina que constituem já uma marca da formação da UBI nesta área.
No caso concreto, toda a investigação feita por esta jovem médica vem “romper com um mito muito comum no tratamento de doentes com diabetes e inclusivamente dar pistas para a forma como se deve lidar com certos pacientes”, começa por explicar Miguel Castelo Branco. Segundo este especialista, as conclusões desta tese acabam com um certo mito instituído. “Um dos riscos das pessoas com diabetes é que possam fazer, no processo do seu tratamento, hipoglicémia, isto é; ter baixas de açúcar”, explica Miguel Castelo Branco. Até agora havia um pouco a ideia de que “pondo qualquer coisa com açúcar na boca da pessoa, resolvia-se o problema”. Contudo, a tese de Patrícia Correia, que está baseada em metodologia científica perfeitamente adequada é de que “não chega por as coisas na boca, é preciso que elas cheguem ao estômago, traduzindo em linguagem simples”, acrescenta o médico. Para além do facto provado de que a pasta de açúcar bucal não ajuda na hipoglicemia, há ainda que ter em conta que “muitas vezes as pessoas que estão com hipoglicémia ficam sem sentidos, desmaiadas, não conseguem engolir. Se a pasta de açúcar ou qualquer outra coisa que seja colocada na boca do paciente não chega ao estômago porque este está inconsciente e impossibilidade de fazer seja o que for, corre-se o risco deste poder asfixiar com aquilo que lhe é colocado na boca”.
Mas este é apenas um dos muitos estudos que agora começam a ser apresentados na UBI e que revelam “o amadurecimento acentuado no que diz respeito aos conteúdos, à forma e até à qualidade dos trabalhos que estão a ser apresentados”. Miguel Castelo Branco, apontado como futuro presidente da Faculdade de Ciências da Saúde, sublinha também que “mais de metade destes trabalhos são investigações de extrema importância e as próprias temáticas continuam ser muito actuais e relevantes”.
Dentro dos temas escolhidos pelos alunos para estas investigações existem respostas a perguntas gerais na área da Medicina, mas também, todo um conjunto de questões que se enquadram numa visão local e regional, “de forma a responder a problemas da própria região e tentar encontrar melhores respostas e mais dados, para planificar os cuidados de saúde”, garante o médico.
Condições que provam que “satisfizemos aquilo que era a grande vontade da criação de uma faculdade desta natureza no interior do País”. Para além disso, Miguel Castelo Branco não deixa de sublinhar que “embora esta escola forme médicos para todo o País, era nosso interesse que alguns deles fossem ficando pela região, o que está também já a acontecer”. Por entre este vasto leque de estudos começam-se a vislumbrar algumas áreas de desenvolvimento para a investigação científica. Nomeadamente “a área cérebro-vascular, cardiovascular, neurologia e a área reumatismal”. Algo que poderá originar “pólos de investigação consolidados na faculdade e nos hospitais da região, garantindo assim condições de afirmação qualitativa nestas áreas”, reitera.
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