Voltar à Página da edicao n. 469 de 2009-01-13
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O parkour começa a ter agora um maior número de adeptos

Arte em Movimento

Correm de forma desenfreada pelas cidades. Não há obstáculos que os detenham. Qualquer muro, parede, escadaria ou até uma árvore são convites ao desafio. São praticantes de parkour, o novo desporto urbano que está a contagiar os adolescentes nacionais.

> Ricardo Morais

Ao longe, parecem ser apenas mais um grupo de jovens. Roupas desportivas, estilo descontraído e bonés de lado. Podiam até ser confundidos com um gang de rua. No entanto, em segundos transformam-se em autênticos acrobatas da selva urbana, saltando sobre bancos de jardim, contornando vedações com movimentos ágeis e terminando com cambalhotas pelo cimento. São traceurs, praticantes de Parkour e fazem parte da nova tribo urbana de Portugal.
Também conhecido por free runing, o parkour é a mais recente novidade entre os desportos urbanos. Ao contrário do skateboarding ou do rollerblanding, a modalidade deixa de lado os acessórios e faz apenas uso do corpo humano para ultrapassar da forma mais rápida e directa os obstáculos que a malha urbana apresenta. Escadas, portões ou muros são pontos de partida para saltos e outros movimentos, muitos deles com elevados níveis de espectacularidade. David Belle e Sébastien Foucan nos subúrbios de Paris, há dez anos atrás, pensaram numa forma mais livre de percorrer a cidade.
Foi há pouco mais de um ano que Filipe começou a praticar parkour. Conhecido como “Storque”entre os traceurs, este jovem de quinze anos no parkour uma oportunidade de desenvolvimento físico e mental. À semelhança de muitos dos seus companheiros que três vezes por semana se encontram para praticar parkour em Aveiro, Filipe teve o primeiro contacto com a modalidade através de um site na Internet.
Hoje, o encontro está marcado para o bairro da Forca em Aveiro, um sítio onde já praticam há muito tempo, o que torna os movimentos quase naturais. Filipe é um dos cerca de 20 jovens que praticam parkour em Aveiro. A maioria tem idades que variam entre os 13 e os 19 anos e são predominantemente do sexo masculino.
No bairro da Forca os obstáculos não são muitos, mas qualquer pequena caixa serva para mais alguns saltos. Gonçalo é colega de Filipe e com ele partilha esta paixão pelo parkour. Ao contrário do seu amigo foi uma revista e a influência dos colegas na escola que despertaram a sua curiosidade para a modalidade.
O grupo estava empenhado em ultrapassar mais um obstáculo, quando é abordado por uma sexagenária. Habituados a que os expulsem de todo o lado, pensam que esta é mais uma dessas situações. Curiosamente desta vez, a senhora apenas quer demonstrar o apreço pela modalidade e sugerir que tenham cuidado.
O grupo é pequeno, apenas três traceurs se juntaram neste domingo para treinar em Coimbra. Entre eles está Jorge. 27 anos, estudante de engenharia electrotécnica, praticante à um ano, encara o parkour como um escape para o seu dia-a-dia, que passa frente ao computador.
Conhecer pessoas novas é outra das possibilidades que, segundo Jorge, o parkour permite. Foi assim, que conheceu Péricles, um praticante de capoeira que se deixou encantar pelo parkour.Jorge e Péricles, ambos praticantes há mais de um ano, vão ter hoje um treino diferente, vão ser os treinadores de João.
O jovem de 20 anos decidiu experimentar a modalidade, depois de ter descoberto um vídeo de parkour na Internet. Ficou interessado e contactou com Jorge através do site www.parkourpt.com, a combinar um encontro para poder assim receber algumas dicas de praticantes mais experientes. Ensinam-lhe as técnicas mais básicas e sobretudo as formas mais seguras para as executar.
Quando se começa a praticar, existe um percurso mais ou menos definido e aconselhado. Ou seja, começa-se debaixo para cima, no sentido literal. Dito de outra forma, as técnicas básicas são feitas ao nível do chão e só depois se passa para as técnicas em altura. Apesar de ser um desporto de rua, a verdade é que, para quem está a começar, o treino de ginásio pode ser muito importante para aprender algumas técnicas que na rua se tornam difíceis e arriscadas de experimentar. Desta forma, já existem ginásios, onde se podem praticar as técnicas do parkour sem qualquer risco.
Por ser um desporto que tem como ginásio principal toda a cidade, acaba por não ser bem aceite por muitas pessoas. De facto, treinar saltos em prédios significa estar em propriedade alheia e privada, para além de também querer dizer que se vai pôr os pés nas paredes. Já quando se usa um banco como impulsionador de um salto, também significa que se vai pisá-lo. Estes são alguns dos motivos pelos quais as pessoas olham para o parkour de lado, ainda mais quando a agilidade em subir prédios pode ser confundida com um treino para actividades marginais e criminosas. A modalidade acab por ser discriminada.
Os traceurs garantem que a filosofia deste desporto é facilmente transferida para o quotidiano, seja na forma atenta com que olham para o ambiente que os rodeia, seja na coragem com que se debatem para passar os obstáculos, ou, ainda, pela capacidade de análise que têm de ter de si mesmos. Posto isto, e se depois desta reportagem sobre o parkour ficou com vontade de experimentar, sugerimos uma visita ao site www.parkourpt.com, onde pode descobrir mais sobre este desporto e combinar uns treinos com alguns traceurs.


O parkour começa a ter agora um maior número de adeptos
O parkour começa a ter agora um maior número de adeptos


Data de publicação: 2009-01-13 00:02:00
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