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Carlos Costa explica todo o processo reivindicativo do sindicato

“O processo de avaliação não tem condições para prosseguir”

Carlos Carvalho da Costa é dirigente sindical do Sindicato de Professores da Zona Centro. Ao Urbi fala sobre o polémico processo de avaliação dos professores.

> Susana Goncalves

Urbi@Orbi – Qual o objectivo fundamental desta formação?
Carlos Carvalho da Costa –
O que nós fizemos foi informar e esclarecer os colegas, o motivo da complexidade e daquilo que esta a acontecer com os professores, com o processo de avaliação. É um processo que não tem condições para prosseguir, está a envolver os professores de tal forma que os leva a cumprir, casos há, 50 horas de trabalho na escola, quando o horário de cumprimento do ano lectivo é de 36 horas, portanto é incomportavel continuar a ter este ambiente “esquizofrénico” nas escolas. Já dissemos ao ministério que rejeitamos o processo, e pedimos a suspensão do processo de avaliação.

U@O – A avaliação está a ser feita?
CC –
Ela tem vindo a acontecer “aos solavancos”, sem condições. Os professores estão completamente desnorteados. Começaram uma avaliação assente nos papéis, na burocracia, na parte administrativa, pondo de parte o processo ensino-aprendizagem, ou seja, aquilo que verdadeiramente um professor devia exercer não está a exercer e está a despender o tempo em burocracia.

U@O – Os professores titulares é que têm de avaliar os professores, mas quem é que avalia os professores titulares?
CC –
Será a Inspecção Geral de Educação que irá ter um papel em termos de valiação, neste momento é aquilo que está estabelecido. Não sabemos se depois haverá outros intervenientes, mas para já são esses que irão de facto fazer a avaliação.

U@O – A avaliação vai influenciar a progressão na carreira?
CC –
Nós concordamos com avaliação, mas não com esta avaliação, porque não avalia correctamente aquilo que deve ser avaliado. Um exemplo, o facto de colocarem quotas para o acesso a determinadas categorias, o caso da categoria de professor titular, ou por exemplo quotas para acesso a determinados patamares da avaliação no caso do “muito bom” e do “excelente” vicia o processo. Portanto, se numa escola houver muitos bons professores, nem todos vão conseguir chegar ao topo em termos de avaliação.

U@O – Qual é a vossa proposta para o novo processo de avaliação?
CC –
Nós pedimos a suspensão da actual avaliação, de qualquer forma está em andamento a recolha de elementos junto dos professores, através de um questionário, com uma amostra significativa do país. Criamos um observatório no âmbito da FNE precisamente para trabalhar com os professores no novo modelo de avaliação. Nós não queremos impor um modelo do topo da pirâmide para a base. Estamos é a criar, da base para o topo, em conjunto com o ensino superior, no caso do ISEF (Instituto Superior de Educação do Trabalho), em conjunto com pessoas que trabalham cientificamente essas questões, e envolvendo os educadores e professores portugueses, estamos a criar um modelo de avaliação alternativo.

U@O – Quanto ao caso Magalhães, qual é a vossa posição relativamente a serem os professores a tratar dos papéis e entregarem os computadores aos alunos?
CC –
E a darem o seu número de contribuinte (do professor). Se houver alguma responsabilidade decorrente do processo, é do professor. Isto é completamente ridículo, é o cúmulo do propagandismo levado ao extremo. Atenção, nós não estamos contra o Magalhães e o facilitar do acesso às novas tecnologias e portanto a metodologia de trabalho que seja activa, que envolva outros instrumentos que são mais-valias.
Não podemos é aceitar que o Ministério, à custa destas mais-valias, esteja a fazer propaganda, a ocupar ainda mais os professores com este tipo de responsabilidades e o professor ao colocar o seu número de contribuinte. Se houver algum problema com algum pai ou encarregado de educação que quer o computador e que quer ter acesso à Internet, quem fica com a responsabilidade é quem coloca o número de contribuinte no processo.

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Carlos Costa explica todo o processo reivindicativo do sindicato
Carlos Costa explica todo o processo reivindicativo do sindicato


Data de publicação: 2008-11-18 00:03:01
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