Professores continuam em luta
Os recém-licenciados da área de ensino vão passar a ter de fazer uma prova de ingresso na carreira, na qual têm de obter no mínimo 14 valores em cada componente. Se obtiverem notas inferiores, ficam sem poder ingressar na carreira.
> Susana GoncalvesEntrevista a Carlos Carvalho da Costa, dirigente sindical
“Ser docente ou Burocrata” é o tema da acção de formação realizada pelo Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZC) na passada quinta-feira, dia 30 de Outubro, no auditório da Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior (UBI). Este evento teve como principal objectivo esclarecer e informar os partecipantes no tratamento de questões burocráticas, abordando os temas da progressão na carreira, vencimentos e aposentações.
Um dos pontos abordados foi a questão da aquisição do grau de licenciatura e mestre por parte dos docentes que se formaram nos politécnicos, no antigo regime, pré-bolonha, que têm de fazer um pedido no ensino superior para que lhe seja atribuido o novo estatuto dependendo do número de anos do seu antigo curso. No caso de terem frequentado uma licenciatura bi-etápica de cinco anos podem agora tentar adquirir o grau de mestre, atráves do acesso a uma Escola Superior da Educação.
O aumento da zona geográfica a concurso é visto pelos docentes como um factor de instabilidade, principalmente para os docentes com mais anos de carreira. No caso de concurso interno o docente tem de se candidatar a 25 agrupamentos e a mais quatro zonas pedagógicas, o que constitui um terço do país. No concurso externo podem concorrer a cem escolas, a 50 concelhos, e à totalidade das zonas pedagógicas. Existe ainda a criação de uma bolsa de recrutamento, para quem não for colocado, podendo ser chamado para qualquer zona pedagógica.
A sobrecarga horária dos docentes foi abordada, lembrando aos participantes que não devem trabalhar mais de 35 horas semanais. Quando estas são ultrapassadas devem ser pagas como horas extraordinárias.
O sindicato defende que a avaliação de desempenho final não deve intervir na graduação dos professores, e reclama a mobilidade para os professores titulares. Em relação às provas de ingresso na carreira, defende que não fazem sentido, visto que o recém-licenciado terminou um curso superior que lhe atribui qualificação para a docência.
O coordenador do SPZC, Carlos Carvalho da Costa defende que “uma avaliação assente nos papéis, na burocracia, na parte administrativa, pondo de parte o processo ensino-aprendizagem” não se adequa à realidade e necessidades das escolas.
O pedido de anulação da avaliação é justificado pela enorme complexidade, por ser morosa, por a maioria dos itens não serem universais, e pela realização de formação obrigatória em 25 horas por ano.
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