Voltar à Página da edicao n. 433 de 2008-05-13
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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“A abertura das universidades à comunidade é bastante salutar”

> Eduardo Alves

Urbi@Orbi – Como é que uma figura militar vê a abertura das instituições de ensino superior, na sua gestão, aos restantes sistemas sociais?
Manuel Taveira Martins –
Penso que esta é uma ideia nova do senhor ministro Mariano Gago que espera os novos estatutos, de todas as universidades, redigidos até ao próximo dia 10 de Junho. Isto é realmente uma abertura muito salutar e que vem mostrar que as universidades estão a apostar na comunidade, uma vez que abriram as suas portas a pessoas que vêm de fora e vêm para colaborar, o que resulta numa boa função para todos e sobretudo para as universidades, que abrem as suas portas ao exterior e a entidades que estão aqui para aprender, mas que de certa forma, também para ensinar.

Urbi@Orbi – As instituições militares também promoveram um intercâmbio com o Ensino Superior. Como vê essa relação?
Manuel Taveira Martins –
Quando fui comandante da Academia da Força Aérea, nós não tínhamos lá o curso de Medicina, entretanto tratei de mudar esse cenário e acabei mesmo por ser o autor da assinatura do protocolo entre a Academia Militar e a Universidade Clássica de Lisboa que levou o superior até à academia. A partir daí, a Marinha, o Exército e as Forças Armadas passaram a ter médicos militares desde o seu início, com formação interna. Esse foi um benefício da interligação institucional. Daí que há cerca de oito anos que passámos a poder formar médicos na Academia Militar.
Há também que sublinhar o apoio directo recebido por parte dos reitores, mesmo tendo a particularidade do nosso universo de trabalho ser nas Forças Armadas, mas há todo o interesse em que a área militar estejam em contacto com as universidades, até porque todos temos a ganhar com esta ligação.

Urbi@Orbi – Provavelmente essa foi também uma forma encontrada de chamar mais jovens para as Forças Armadas?
Manuel Taveira Martins –
Se dissesse que não estaria a mentir, mas esse não é o objectivo primordial dessa ligação. O que aqui está em causa é a comunicação entre várias áreas sociais e onde todos têm algo a ganhar.
Veja-se o próprio intercâmbio entre alunos das faculdades e alunos militares e o aspecto da liderança. O Exército trabalha muito com a Universidade do Minho, por exemplo, e eu, na Academia da Força Aérea, também procurei, com o Instituto Superior Técnico, com a Universidade Nova de Lisboa e outras, fazermos, pelo menos uma vez por ano, pequenos exercícios de liderança, durante as férias, para cativar os alunos civis para exercícios e actividades que estão adequadas quer a militares quer para a comunidade em geral. Uma vez que a liderança ajuda a criar competência e a criar cidadãos com um nível acima da média, o que é bom para o País.

Urbi@Orbi – A sua passagem pelas Forças Armadas fica também marcada por isso mesmo, pela significativa abertura do mundo militar ao mundo civil. Foi uma decisão que foi tomando ou estava já pensada?
Manuel Taveira Martins –
Tive sempre essa preocupação, a de manter e ampliar os fortes laços sociais. Algo que me deu momentos e recordações muito interessantes. Estou-me a lembrar até de uma parceria bastante engraçada aqui com a Tuna da UBI que participaram em eventos militares há já alguns anos.
De qualquer forma, essa maneira de agir é sempre salutar, uma vez que todos temos de pensar em servir o País, uns de uma forma, outros de outra. E as Forças Armadas, como entidades financiadas por dinheiros públicos devem também abrir as suas portas à sociedade e mostrar as suas funções e produzir um mundo moderno e fazer de nós uma sociedade virada para o futuro.

Urbi@Orbi – Quanto ao futuro das universidades, como julga que este vai ser?
Manuel Taveira Martins –
Este é um primeiro sinal de abertura e de modernidade. Nós em Portugal, com universidades antigas como temos, como Coimbra e Lisboa, necessitávamos deste passo. Vejo-o de um ponto de vista muito positivo como uma abertura para a tecnologia e para um mundo moderno. A União Europeia é uma prova desse mesmo mundo e nós também devemos dar provas de que sabemos o que queremos e não ficar “a marcar passo”, como se diz na gíria militar e mostrar do que somos capazes e sermos um País moderno ao nível de qualquer outro país.

Perfil de Manuel Taveira Martins

Fiquei impressionado com o crescimento da UBI



"Tento sempre fazer o melhor que sei em tudo"


Data de publicação: 2008-05-13 00:00:00
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