Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 432 de 2008-05-06 |
Aniversário em tempos de moderação
São 22 anos de Universidade na Beira Interior, assinalados no passado dia 30 de Abril. Mais um dia que serviu para lembrar o papel da UBI na região e no Pais, mas também para fazer uma retrospectiva do estado actual deste sector. Manuel Santos Silva, reitor da instituição, aproveitou o momento para assinalar as necessidades futuras da universidade.
> Eduardo AlvesEstá assinalado mais um aniversário da UBI. O passado 30 de Abril, dia da universidade, foi aproveitado por Manuel José Santos Silva, reitor da instituição, apresentar “o resultado de mais um ano de actividade”.
Na sua intervenção, no auditório da Faculdade de Ciências da Saúde, o responsável máximo pela UBI mostrou alguns descontentamentos relativos ao financiamento que tem sido disponibilizado para as instituições, sobretudo “para uma universidade, como a nossa, no interior do País”.
A intervenção do reitor da UBI foi marcada por alguns pontos de alerta para as políticas seguidas pelo Governo. Segundo Santos Silva, “a implementação do novo RJIES obriga a uma mudança radical no paradigma da gestão das instituições, o que acentuou a instabilidade que já se vivia. Todas estas mudanças estão a ser feitas num clima de contracção económica e de redução de financiamento por parte do Estado, com consequências imprevisíveis a curto prazo”. Estas mudanças estão assim a provocar alguma instabilidade no seio das instituições, sobretudo no que respeita ao futuro, com um cenário desconhecido por todos aqueles que hoje dão forma às entidades de ensino superior. Um aspecto que exige hoje, principalmente aos docentes, a adequação dos seus conteúdos, e às instituições, a adaptação dos seus espaços laboratoriais, bibliotecas, sistemas de informação e tutorias num trabalho cooperativo.
Contudo, este período de transformação não tem sido apoiado da melhor forma, até porque, Portugal é o único país na Europa que reduziu o seu investimento no ensino superior nos últimos dois anos. Santos Silva encara esta diminuição como “uma redução de financiamento que já dura há seis anos em 2008 acentuou-se de forma drástica pondo em causa o bom funcionamento das instituições não lhes permitindo mesmo assegurar as despesas com o pessoal e de funcionamento. Na realidade, o Orçamento de Estado transferido para as universidades decresceu e em simultâneo, as universidades obrigadas, pela primeira vez, a suportar 11 por cento da massa salarial para a Caixa Geral de Aposentações e os aumentos salariais de 2,1 por cento para além da inflação durante o ano de 2008”. Desta maneira, o responsável não tem dúvidas em concluir que existe uma falta de atenção pelo ensino superior e não se está em consonância com as novas realidades.
Outras das situações referidas pelo reitor da UBI deve-se também à redução de financiamento a que a instituição tem sido votada nos últimos tempos. Santos Silva tomou como exemplo as recomendações da OCDE, que são claras e vão no sentido de, “na medida do possível, o Governo financiar adequadamente as universidades devem discriminar as do Interior pelo papel importantíssimo que desenvolvem nas regiões onde estão implementadas. O que se verifica é precisamente o contrário, o financiamento transferido este ano, por aluno, para a UBI é o mais baixo do conjunto das universidades, 3393 euros. Muito inferior ao que é dispendido com um aluno do ensino secundário”.
Recomendações que foram ouvidas pelo director geral do Ensino Superior, António Morão Dias, que veio à Covilhã em representação do Governo. Segundo este responsável, é um facto que as instituições atravessam um período de mudança, “mas tudo tem sido feito para lhes prestar o devido apoio”. Na óptica deste responsável, há também que ter em linha de conta “um esforço que deve ser feito por toda a comunidade académica e que vai no sentido de encarar as mudanças como uma forma positiva e uma oportunidade de melhorar as instituições”. O director geral não quis deixar de lembrar “que a UBI tem, nesta matéria, um desempenho assinalável”. António Morão Dias lembrou que a instituição tem sido das primeiras e adaptar as suas licenciaturas às novas exigências de Bolonha “e tudo quanto lhe tem sido pedido”. Quanto às “notas” deixadas por Santos Silva, o director geral diz que estas vão ser entregues ao Governo.
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