“Há toda uma possível linha de colaboração com empresas”

Preside a um dos Departamentos que tem conhecido mais procura por parte de alunos que querem ingressar no Superior. O Departamento de Comunicação e Artes é também o único no País e ter uma licenciatura em Cinema, que formou agora os primeiros diplomados. Em entrevista ao Urbi, Joaquim Paulo Serra fala sobre todo o trabalho realizado e os projectos futuros.

Urbi@Orbi – O Departamento conseguiu adaptar todas as suas licenciaturas às novas regras de Bolonha. Com essa mudança criou-se um número significativo de mestrados e mais gente voltou à UBI. Com está a acompanhar todo esse processo?
Paulo Serra – [Ver Resposta] – Neste momento temos as quatro licenciaturas que fazem parte do Departamento, que são o Cinema, as Ciências da Comunicação, a Filosofia e o Design Multimedia, todas já adaptadas a Bolonha. Criámos também vários mestrados nestas áreas. Na Filosofia criámos um mestrado de Ética e Política, mais de vertente científica, e criámos também um mestrado que foi registado na semana passada e que é em Ensino da Filosofia. No Design Multimedia temos também um mestrado científico em Design e criámos um mestrado em Ensino de Artes Visuais com vista a formar professores para o ensino básico e secundário. No Cinema criámos também dois mestrados, um em Realização e outro em Estudos Fílmicos e por fim, na Comunicação avançamos com três mestrados, um em Jornalismo, outro em Comunicação Estratégica e em Comunicação Audiovisual.Neste momento, há que referir também e, termos de doutoramento ou 3º ciclo, também fizemos a adaptação do curso de doutoramento em Ciências da Comunicação, do curso de doutoramento em Filosofia e propusemos um curso de doutoramento em Cinema que não foi aprovado, isto porque queriam que nós o transformássemos em ramo de Comunicação. Estamos agora em vias de propor, provavelmente em conjunto com outras universidades portuguesas, um doutoramento conjunto na área do Design. Quando estes estiver proposto e quando daqui a dois ou três anos voltarmos a propor o doutoramento em Cinema, ficamos com estas quatro áreas, Comunicação, Cinema, Design e Filosofia, com uma estrutura que vai desde a licenciatura até ao doutoramento. Esse é o nosso objectivo.

U@O – Essa ligação a outras instituições, nomeadamente no doutoramento em Design, como é que vai funcionar?
P. S. – [Ver Resposta] – Há várias modalidades. Aquela que nós queríamos por a funcionar era a de um doutoramento que poderia funcionar em cada uma das universidades simultaneamente. Imaginemos três universidades, a A, a B e a C, e cada uma destas instituições abre vagas para um doutoramento e os cursos de doutoramento são depois leccionados quer por pessoas dessa universidade quer por pessoas que vêm das outras duas universidades. Que por sua vez, cada uma delas faz a mesma coisa.
Uma outra modalidade que também está a ser equacionada e que está a ser utilizada em Portugal é a hipótese dos doutoramentos funcionarem de forma rotativa. Num ano funciona numa determinada universidade e os alunos das outras duas universidades vão a essa instituição assistir às aulas. Nos anos seguintes funciona nas outras instituições e assim sucessivamente.

U@O – Foi agora também dada luz verde para o início de um mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundário. Como vai funcionar essa formação?
P. S. – [Ver Resposta] – Essa formação vai ter um primeiro ano com formação quer na área das Ciências da Educação, com disciplinas como Investigação Educacional, História da Educação, Psicologia da Educação e formação teórica também na área científica, mais ligado à Filosofia. Tudo isto no primeiro ano.
Já o segundo ano será preenchido com um estágio. Algo que implica que o aluno vá para uma instituição do ensino secundário, e para esse efeito temos neste momento feitos protocolos com um conjunto de aproximadamente 30 escolas dos concelhos da Covilhã, Fundão, Castelo Branco, Guarda, Belmonte e que estão dispostas a receber os alunos. E não só estão dispostas a isso como já têm pessoas que se ofereceram para orientadores de estágios. Isto porque este método implica que cada escola tenha professores dispostos a orientar os alunos durante um ano, em colaboração com a UBI. Há um orientador local, um professor efectivo e depois há um orientador da universidade que se desloca periodicamente às escolas e tem contacto com os alunos e com os professores que orientam os alunos.

U@O – Esse é apenas um exemplo da ligação da universidade ao exterior. Como está a decorrer este processo?
P. S. – [Ver Resposta] – Existem também outras ligações, é verdade. Ainda que pense que todos estes vínculos não são tão profundos como deveriam ser sobretudo em relação ao tecido económico, à indústria, que é uma coisa que nós ainda não pensámos bem, mas no futuro teremos de pensar. Encontrar uma nova forma de articular os cursos que nós temos, nomeadamente na área do Design Multimédia e das artes digitais e também do Cinema, com a indústria.
Para além destas ligações nós temos também conferências que ao longo do ano levam também a que os nossos professores sejam convidados para fazer conferências em escolas, em academias como a Academia Sénior e em instituições como o Lions. Há também workshop’s como o que neste momento estamos a organizar para o Laboratório de Design Gráfico. Um workshop sobre programas Linux que vai ser aberto não só a alunos e professores da UBI como de outras escolas do secundário e também à população. E depois temos ligações, como é o caso do Cinema, com a Banda da Covilhã. No ano passado fomos convidados a filmar o espectáculo que assinalou mais um aniversário desta banda.
Mas acho que aquilo que falta nessa articulação com a sociedade civil existe já na componente cívica e educacional, falta agora uma articulação na parte económica e no que se refere à indústria. Neste caso, vamos imaginar que existe uma pequena empresa que necessita fazer um pequeno filme publicitário e que em vez de contratar uma empresa faz um protocolo com os nossos alunos e eles produzem esse filme.
Existem pequenas coisas que seriam possíveis mas que também exigem o seguinte: uma fase de estabilização dos nossos cursos e que tenhamos alguma calma para depois pensar em novos projectos. Os últimos dois anos foram extremamente desgastantes em termos de organização da estrutura dos cursos segundo Bolonha.

“O futuro tem de ser uma fase de estabilização e consolidação”

“Acho que há a possibilidade de crescimento noutras áreas”

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