Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 384 de 2007-06-12 |
Avanços no 4D na vanguarda do prognóstico pré-natal
Desde os anos 70 que a ultrasonografia não pára de evoluir. Os benefícios deste progresso verificam-se em diversos momentos da ecografia, e a tecnologia médica tem apostado na área. Profissionais e pacientes agradecem.
> Igor Costa“O objectivo era trocar impressões, saber novidades, ouvir algumas propostas, e sobretudo criar laços de intercâmbio científico e de protocolos de trabalho”, explica José Martinez, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG). Para tal, reuniram cerca de duas centenas de clínicos especialistas portugueses, brasileiros e africanos nas jornadas de “Actualização em Ecografia Obstétrica e Ginecológica”. De 1 a 3 de Junho, os médicos encontraram-se na Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) da Universidade da Beira Interior (UBI) para trocar experiências numa área cujos equipamentos e técnicas têm aplicações mais modernas.
A larga comitiva brasileira vinha com o mesmo espírito de actualização, na expectativa de sedimentar os conceitos, “mas também melhorar os ensinamentos no nosso país, e ao mesmo tempo melhorar a assistência à mulher”, concretiza Francisco Mauad Filho. O Director Geral da Escola de Ultrasonografia de Ribeirão Preto – entre outros cargos de destaque em sociedades da especialidade – olhava para “umas jornadas de alto nível”.
Agradado com os diversos momentos de debate, e com a troca de diferentes experiências, o clínico focou algumas “limitações da Constituição Brasileira, pois há muitas situações que não estão liberalizadas no Brasil”. Francisco Mauad Filho referia-se concretamente à interrupção voluntária da gravidez, indicando limitações clínicas que a sua interdição provoca. Nos casos de deficiências ou alterações cromossómicas, a mãe não pode escolher ter ou não o filho: “Houve um avanço enorme na tecnologia, mas infelizmente as leis não acompanharam essa evolução. E assim damos um diagnóstico, e criamos um problema, em vez de uma solução”, contesta o médico brasileiro.
Para além das diferenças legislativas, as largas fronteiras do território brasileiro “caracterizam-se por situações sócio económicas muito diferentes”, aponta ainda Francisco Mauad Filho. Já José Martinez encontra vantagens na vastidão do Brasil: “Tem estruturas bem dimensionadas, com centros de educação e de desenvolvimento técnico muito bem estruturados, que não existem no nosso país com essas dimensões”. O clínico covilhanense diz que as novas instalações da FCS e do Centro Hospitalar da Cova da Beira são insuficientes, e a boa vontade não chega. “É preciso organizarmo-nos, estruturar as instalações e criar serviços para apoio a estes congressos”, exemplifica José Martinez. Nada que alarme Francisco Mauad Filho, motivado com a parceria estabelecida com a unidade hospitalar, que considera “uma porta muito importante que nós temos na Europa”. Se a contratação de especialistas está ainda aquém do protocolado, “vão-se criar alguns pontos de contacto na Internet, para que se troque informação por vídeo-conferência, e vejam casos clínicos em simultâneo, e isso já é uma grande proposta”.
Quanto ao facto de saírem este ano os primeiros médicos licenciados na UBI, José Martinez mostra-se optimista: “Do ponto de vista formal, o que me parece importante é que esta universidade produz técnicos de elevada qualidade”. Mas não deixa de lançar farpas às medidas governamentais no âmbito da gestão da saúde: “Será absurdo que, com base em políticas erradas, eles tenham de sair da Covilhã ao fim destes anos todos para irem trabalhar para Lisboa ou para o Porto porque aqui não há carreiras”.
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