Naturtejo aposta na certificação dos produtos regionais

Depois do reconhecimento internacional, o Geoparque Naturtejo aposta na certificação dos produtos tradicionais da região. Os artesãos aplaudem, mas queixam-se da falta de jovens no sector.

A certificação dos produtos regionais foi o temas mais discutido durante o seminário que decorreu na Biblioteca Municipal, em Nisa, no passado dia 5 de Dezembro, no âmbito do Programa de Formação - Acção “Implementação de um Sistema de Gestão de Qualidade Turística para o Território Naturtejo”. Uma acção de formação está a ser frequentada pelos técnicos dos municípios que integram o Geopark, respectivamente Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão.
Na opinião dos responsáveis, “os produtos tradicionais são uma mais valia para o desenvolvimento turístico regional e o projecto do Geopark Naturtejo irá introduzir um novo patamar de exigência do qual se salientam a certificação e as normas de qualidade”. Este seminário, explicam, “pretendia analisar as principais dificuldades vividas pelos artesãos no desenvolvimento da sua actividade, para que se encontrem soluções que vençam essas mesmas limitações”.
Durante a primeira parte do seminário, os artesãos de Nisa contribuíram com os seus testemunhos e apresentaram os célebres produtos tradicionais daquele concelho, nomeadamente as rendas e bordados (aplicações em feltro, alinhavados, entre outros), a olaria, os queijos locais, os enchidos, o mel, os licores e a doçaria.
Refira-se que, o artesanato de Nisa, essencialmente decorativo, é diversificado e deu já origem ao Núcleo do Bordado do Museu Regional do Bordado e do Barro, onde funciona o Gabinete de Apoio aos Produtores Tradicionais - Centro de Apoio ao Artesão, que pretende dinamizar todas estas actividades e dar a conhecer aos visitantes as artes e ofícios tradicionais elaborados pelos artesãos.
Durante o debate, concluiu-se que os produtos que resultam das antigas artes tradicionais de Nisa são bastante procurados pelo público nacional e internacional. Contudo, os artesãos sensibilizaram a audiência para a falta de adesão dos grupos etários mais jovens para estes ofícios, colocando em causa a existência futura destes produtos tradicionais. Saliente-se que a maioria dos artesãos já recebeu prémios pelo trabalho elaborado e alguns já realizaram acções de formação locais, com o objectivo de ensinar e preparar formandos que possam dar continuidade a estas artes.
No que se refere-se aos produtos gastronómicos, sendo exemplos o mel, os enchidos e carnes de Vila Velha de Ródão, os licores e bolos tradicionais, há já interesse por parte dos produtores em certificarem os seus produtos, como forma de facilitar a sua comercialização, num mercado que está cada vez mais exigente.
Armindo Jacinto explicou a importância do Geopark e os benefícios que pode trazer para a região. O presidente da Naturtejo disse que a instituição “vai seleccionar os produtos tradicionais de melhor qualidade para os certificar”.
Segundo Rui Marques, coordenador de formação, “os produtos regionais, que já estão incluídos constituem nos programas turísticos do Geopark, têm que estar devidamente certificados”, acrescentando que “na Naturtejo vão existir lojas onde serão comercializados produtos de merchandising bem como os produtos tradicionais”. O responsável referiu ainda que “estes produtos tradicionais, que poderão ser promovidos em todos os geoparques do mundo, constituem um factor de diferenciação para as Rotas e Programas do Geopark Naturtejo”. Rui Marques salientou ainda que “se pretende elaborar uma lista com todos os produtos certificados e os que se encontram em vias de certificação, adiantando que serão esses os primeiros a figurar na lista de produtos recomendados pelo Geopark.