Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 357 de 2006-12-05 |
Festival Dizsonante com Pimenta e Poesia
Na última noite de Novembro, a cidade mais mais alta de Portugal recebeu duas performances com estilos muito distintos. No TMG coube Portugal e Espanha, cada um a sua vez. Experiência e talento envolveram-se em palco. O resto são palavras.
> Igor CostaPoesia, dança, teatro, improviso e cumplicidade combinaram-se no início desta edição do Dizsonante. O Festival prolongou-se até sábado, dia 2 de Dezembro, e contou com a presença de artistas de toda a Península Ibérica. No primeiro dia estiveram em palco as performances de Alberto Pimenta e de Marina Oroza. O frio na rua e a irreverência anunciada terão afastado muito público do Pequeno Auditório do Teatro Municipal da Guarda. Ainda assim, foi uma sala bem composta e atenta que assistiu a dois interessantes momentos.
“Passagem”, de Alberto Pimenta, foi um momento a dois sopros. No início, aquilo que se desconfia que possam ser figurantes vão surgindo. Em pares ou sozinhos, saem aos poucos pelas laterais. No centro do palco, um enorme lençol tapa um corpo. Depois de largos momentos, tudo se precipita. Angústias e gemidos saem do palco para a plateia, até que o público se revolte também. Da linha da frente, um vulto de cabelos longos toma a iniciativa.
Marina Oroza foi toda ela palavra. A morte, tema tão recorrente na poesia espanhola, quase dominava a sala. Não calhou. Ou a performer madrilena não terá deixado. A espaços, na tela por detrás da actriz projectavam-se cenas de uma vida paralela, de uma procura. Cenas da sua própria vida de poetisa indigente. Noutros momentos era o megafone que empunhava para se manifestar. Contra a vida, contra si, contra os outros. Até que no meio se ouve o dobrar de sinos. Os “sinais”, que esvoaçam como corvos. E então esboça meio sorriso. Mas o gesto da actriz não encontra correspondência no final. O público sai sisudo, mas satisfeito, provavelmente.
O Dizsonante, festival de “sound poetry, sound art, performance, spoken Word, oralidades”, contou ainda com as participações de Ana Deus, Uno Duo Trio e Maria Durán. Um total de cinco espectáculos em que o surreal toma conta das alturas, num acontecimento que já marca a agenda nacional.
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