Quando falamos de pobreza,
o interior do País não foge à regra.
Nesta zona encontramos pessoas que não têm
dinheiro para comprar alimentos. Para tentar fazer face
a problemas como este, a Comissão Instaladora do
Núcleo da Cruz Vermelha na Covilhã está
a fazer um trabalho de campo para, posteriormente, prestar
serviços de apoio social.
Encontrar na sociedade os problemas que precisam de intervenção
prioritária e prestar serviços, a quem necessita,
através do voluntariado, são algumas das
metas da Cruz Vermelha a nível nacional. Numa rede
que envolve o País de Norte a Sul, esta instituição
procura ajudar quem mais precisa, através dos meios
de que dispõe. O Núcleo da Cruz Vermelha
da Covilhã desapareceu em 1996, no entanto, a vontade
de ajudar o próximo mobilizou pessoas, que estão
a trabalhar no sentido de implementar de novo nesta cidade
serrana um núcleo capaz de prestar serviços
a toda a população do concelho.
Ajudar a população mais idosa, prestar serviços
médicos, colaborar com instituições
que prestam apoio humanitário na disponibilização
de meios que a Cruz Vermelha tenha para essas áreas,
são algumas das ideias dos membros da Comissão
Instaladora. No entanto, cabe à futura direcção
delinear o caminho a percorrer de acordo com os recursos
disponíveis. António Almeida, um dos membros
da Comissão Instaladora, sublinha que "a Cruz
Vermelha é uma instituição muito
digna, por isso tem que ser bem representada. Os objectivos
devem ser sempre muito bem pensados e levados até
ao fim. Os passos dados têm que ser firmes e só
se deve avançar consoante as possibilidades".
Quem quiser colaborar com esta instituição
é sempre bem-vindo, uma vez que, no concelho da
Covilhã, há um vasto leque de áreas
onde se pode actuar. A ideia é trabalhar em prol
dos outros sem receber nada em troca.
A aposta num serviço gratuito necessita de meios
humanos, formados em diversas áreas e dispostos
a fazer uso dos seus conhecimentos para ajudar quem precisa.
" Não basta fazer parte da Cruz Vermelha,
é necessário aparecer e colaborar, porque
se as pessoas não se empenharem não se consegue
chegar a lado nenhum", salienta Luís Riscado,
membro da Comissão Instaladora. Neste momento a
Comissão Instaladora procura dialogar com diversas
entidades, para divulgar o ressurgimento do Núcleo
da Cruz Vermelha na Covilhã e conseguir apoios
para o funcionamento da instituição.
São várias
as dificuldades que o núcleo covilhanense
tem encontrado
|
O trabalho da Comissão Instaladora
|
Constituída por sete elementos com diferentes
actividades profissionais, a Comissão Instaladora,
desde que tomou posse, no dia 4 de Março, que se
tem empenhado num longo trabalho de implementação
da Cruz Vermelha na Covilhã. Encontrar um espaço
físico para instalar esta instituição
é uma prioridade para a Comissão. Luís
Riscado refere que "existe uma proposta desde o início,
que seriam as antigas instalações do Hospital
da Covilhã, propriedade da Santa Casa da Misericórdia.
O problema que se coloca é que o espaço
precisa de obras e, neste momento, a Comissão não
tem dinheiro para fazer essa intervenção".
A corrida à procura de instalações
não tem parado. Os elementos responsáveis
por esta missão têm dialogado com Carlos
Pinto, presidente da Câmara da Covilhã, no
sentido de criar a sede da Cruz Vermelha no centro da
cidade. Posteriormente surgiu a proposta de uma casa,
na qual seria necessário pagar uma renda, "mas
esta é uma hipótese que ainda está
em estudo, porque para além de não haver
dinheiro para a mensalidade, trata-se de um primeiro andar
e por isso não é o local ideal para a sede
da Cruz Vermelha", salienta António Almeida.
Legalizar o Núcleo na Covilhã e angariar
sócios para criar o movimento associativo que vai
ser conduzido ao acto eleitoral, foram tarefas executadas
pelos elementos da Comissão Instaladora. Até
ao momento encontram-se inscritos cerca de 250 associados,
um número que António Almeida garante que
vai aumentar com o tempo. "Temos muitas propostas
de entidades da cidade, que em breve vamos recolher",
acrescenta.
Proporcionar um acto eleitoral representativo, com qualidade
e com o maior número de sócios possível,
é a intenção da Comissão.
Luís Riscado afirma que "apesar da Comissão
Instaladora ter várias ideias não quer,
de forma alguma, demarcar um campo e fechar portas para
a futura direcção". Os elementos, que
têm como missão instalar o Núcleo
na Covilhã, estão a preparar um caminho
amplo, com ideias que abrangem diversas áreas.
Áreas de intervenção
da Cruz Vermelha |
A Cruz Vermelha atravessa um processo de transformação |
A Cruz Vermelha, a nível nacional, está
num processo de transformação, no sentido
de se adaptar a novas realidades sociais. Antes, esta
instituição, actuava em situações
de guerra e de catástrofes, hoje tenta acompanhar
a evolução da sociedade.
A linha de acção que vai ser criada na Covilhã
é baseada nos campos de actuação
da Cruz Vermelha em todo o País. O trabalho desta
instituição no concelho da cidade serrana
"poderá ser vocacionado para os jovens, para
a população mais desfavorecida, para os
idosos, entre outros grupos que necessitem de apoio",
afirma Luís Riscado. " Há todo um campo
de acção onde se pode intervir, o que é
preciso são voluntários para trabalhar nesses
campos", acrescenta.
O reaparecimento do Núcleo na Covilhã tem
em mente trabalhar na cidade sem chocar com outras entidades
que já estão estabelecidas. Colaborar com
essas instituições e entrar em campo para
ajudar quem precisa são lemas que a Cruz Vermelha
vai seguir na Covilhã.
Auxiliar as pessoas que se
encontram desfavorecidas tem sido uma preocupação
constante |
|
Neste momento, a Comissão Instaladora tem em mente
ideias concretas para
levar o projecto até ao fim. "Em termos de
Comissão Instaladora a ideia inicial é,
precisamente, começar por aquilo que pode ajudar
mais as pessoas, olhando para a realidade que se vive
à nossa volta", refere António Almeida.
"Por exemplo, aos fins-de-semana, os centros de saúde
estão fechados e os hospitais não prestam
os serviços de primeiros socorros, sem ser nas
urgências. A ideia da Cruz Vermelha é criar
um posto de socorros, que vai funcionar na sede do Núcleo,
para auxiliar as pessoas que não têm possibilidade
de se deslocar à urgência do hospital",
acrescenta.
As outras fases de apoio necessitam de uma triagem, por
parte da instituição, para identificar onde
se encontram as situações prioritárias.
António Almeida explica que há entidades
na cidade que se dedicam a este tipo de estudos que podem
colaborar com a Cruz Vermelha. "Na Universidade da
Beira Interior, há diversas áreas que fazem
estudos junto da população da Covilhã
e podem ajudar a Cruz Vermelha a encontrar as manchas
de pobreza, solidão e outros problemas que, concerteza,
existem na cidade", salienta.
Trabalhar apenas com base no voluntariado é o intuito
da instituição, no entanto, se for necessário
contratar algum profissional para o posto de socorros,
"é provável que se recorra a taxas
moderadoras para tentar cobrir os custos", comenta
António Almeida.
Avançar com formação específica
em diversas áreas, onde a instituição
vai intervir, e facultar cursos de primeiros socorros
aos voluntários, para os preparar para o trabalho
que vão efectuar, também são tarefas
do Núcleo.
|
Todo o trabalho realizado nesta organização
é voluntário |
"Na Cruz Vermelha ninguém recebe dinheiro",
enfatiza Luís Riscado. A instituição
funciona na base do voluntariado, que quantas mais pessoas
tiver maior leque de acção poderá
desempenhar.
No concelho da Covilhã encontra-se uma população
idosa, e também há grupos de risco e pobreza.
"Se o Núcleo conseguir angariar um determinado
número de voluntários, especializados numa
determinada área, é muito mais fácil
prestar apoio nas diferentes áreas", garante
António Almeida.
"Neste momento existe um vasto campo, na cidade e
no concelho, onde a Cruz
Vermelha pode trabalhar, desde a juventude aos idosos,
sem estar à espera,
como era tradicional desta instituição,
que as situações aconteçam",
acrescenta o membro da Comissão Instaladora.
O objectivo do Núcleo da Cruz Vermelha da Covilhã
é fazer uma acção directa com a ajuda
de voluntários, "depois, desde que haja vontade
por parte das pessoas, tanto do Núcleo como da
cidade, para ajudar, a instituição pode
funcionar bem", esclarece António Almeida.
As ajudas a este organismo
têm sido pequenas para tamanhas necessidades |
Apoios à Cruz Vermelha da Covilhã |
Até ao momento, a Comissão Instaladora
só pediu ajuda ao presidente da
Câmara da Covilhã. Conseguir um espaço
para criar a sede da instituição, na cidade
serrana, foi o pedido feito a Carlos Pinto. Segundo Luís
Riscado " o presidente mostrou toda a disponibilidade
para ajudar, mas até ao momento não tem
nenhum edifício livre para ceder".
A Comissão Instaladora já conseguiu alguns
bens que lhe foram doados e precisa agora de um espaço
próprio para guardar todo o material. " A
casa Pintassilgo fez trespasse e doou à Cruz Vermelha
móveis e roupas, do posto médico também
foi dado à instituição algum mobiliário",
conta Luís Riscado. Apesar dos membros da Comissão
ainda não terem falado com a Segurança Social,
para futuros apoios, António Almeida afirma que
têm conhecimento " de outros núcleos
que têm protocolos com a Segurança Social
e outras entidades, de acordo com os programas específicos
que têm". E apela àqueles que queiram
ajudar "porque actualmente há muita gente
que precisa de apoio".
Agora, a Cruz Vermelha também pode fazer sócias
empresas comerciais,
industriais e de serviços que estejam interessadas.
Esta possibilidade "permite à instituição
receber mais apoios e mais ajudas", realça
António Almeida.
Palavras de encorajamento para continuar a trabalhar é
aquilo que esta Comissão Instaladora mais tem ouvido,
por isso Luís Riscado afirma que " a Comissão
pensa que há uma força na sociedade para
ajudar o Núcleo da Cruz Vermelha da Covilhã".
Para Setembro está prevista a formação
do acto eleitoral. Todos os associados são potenciais
candidatos às eleições, vão
ser constituídas listas e vai ser eleita a lista
que vai representar o Núcleo da Cruz Vermelha da
Covilhã.
Um
grupo significativo de pessoas retomou
a Cruz Vermelha na cidade
|
Criação da Comissão
Instaladora do Núcleo da Covilhã |
|
A Cruz Vermelha da Covilhã extinguiu-se
em 1996. A instituição tinha
um passivo, que foi suportado pela delegação
de Castelo Branco, no entanto as instalações
da Covilhã foram encerradas, por
razões que os actuais membros da
Comissão desconhecem.
A vontade de criar novamente um Núcleo
na Covilhã, com bases firmes, incentivou
algumas pessoas que tinham interesse em
ver a Cruz Vermelha a funcionar na cidade.
Cândida Salvado da Cruz, faz parte
da Comissão Instaladora. Fez um curso
de socorrismo na delegação
da Cruz Vermelha de Castelo Branco e foi
convidada por Vítor Gama, o presidente
da delegação de Castelo Branco,
para arrancar com o grupo. Lurdes Miguel,
vice-presidente da Cruz Vermelha, é
da Covilhã e também tentou
restabelecer a vida da instituição
na cidade.
António Almeida conta que "foi
Cândida Salvado da Cruz e Lurdes Miguel
que impulsionaram o projecto". Posteriormente
as pessoas começaram-se a contactar,
depois surgiram reuniões onde se
escolheu o grupo da Comissão Instaladora,
indicado por uma ordem de serviço
da Cruz Vermelha.
Ver:
Cruz Vermelha Portuguesa, página
oficial
História
da organização
|
|
|