O Teatro Cine foi uma das salas escolhidas para a digressão que passa um pouco por todo o País
Em espectáculo acústico
O outro lado dos Xutos

No âmbito da digressão que dá a conhecer "Nesta Cidade", o seu novo trabalho, a banda voltou a pisar o palco na Covilhã em dois concertos de carácter mais intimista.


Por Ana Rodrigues


Agora em formato acústico, os Xutos & Pontapés voltaram à Covilhã para duas noites de concerto no último fim-de-semana, dias 29 e 30, no Teatro Cine. O cartão de visita desta digressão é o novo álbum "Nesta Cidade", gravado ao vivo no Teatro Villaret. Nas discotecas desde Janeiro, este novo registo é o resultado de três espectáculos dados em Dezembro de 2001 no teatro lisboeta.
Para o vocalista, Tim, o regresso ao formato acústico permite um maior intimismo, tanto entre os músicos como com o público. "Traz uma proximidade maior, estamos mais perto uns dos outros", frisa. E acrescenta que, neste tipo de concertos, como o que o público da Covilhã presenciou, é possível tocar músicas que não fariam parte do alinhamento de uma apresentação habitual dos Xutos, com sons mais eléctricos.
Durante a digressão, que vai passar nestes moldes por vários locais do País, existe a preocupação de optar por salas pequenas e com boas condições acústicas. A ideia é não desvirtuar as características do espectáculo.
Para além de Zé Pedro, Tim, Kalú e João Cabeleira estiveram mais dois músicos no palco do Teatro Cine. Gui, no saxofone e percussão, e Pedro Gonçalves, encarregue do contrabaixo e baixo eléctrico. Alinhados na frente do palco, os Xutos tocaram durante três horas, com um intervalo pelo meio. Mas foi com os temas mais antigos, embora com nova roupagem, que o público presente mais se entusiasmou. Outros aspectos positivos foram a vivacidade que o baterista Kalú mostrou em palco e a iluminação com um desenho de luzes adequado a cada momento que, segundo Zé Pedro, "faz sentir as coisas de maneira diferente".
Embora os bilhetes não tivessem esgotado em nenhum dos dias, os fãs não faltaram à chamada e a sala esteve sempre bem composta. Samuel Inácio diz-se grande admirador desta banda de culto. Apesar de preferir o registo eléctrico, fez questão em estar presente nos dois concertos. "Em acústico é diferente mas também espectacular. Dá para prestar mais atenção às letras e àquilo que elas significam", assegura.
Pedro Santos já perdeu a conta às vezes que viu os Xutos & Pontapés ao vivo. Desta vez voltou a sair satisfeito. "No concerto normal as pessoas dançam e pulam, no acústico estão mais no seu canto É mais calmo, mas é um concerto bom de ouvir", sublinha.
Horácio Carvalho, director do Teatro Cine, faz um balanço "extremamente positivo" desta iniciativa, apesar da sala não ter enchido. Horácio Carvalho justifica esta situação com o momento de crise económica que o País atravessa: "Se calhar é complicado para as pessoas despenderem nesta altura 15 euros", o preço do bilhete. E argumenta que não foi possível reduzir o valor porque o preço foi definido pela banda, co-produtora do evento, numa tentativa de garantir o cachet inicialmente previsto. Mas o director salienta que o ambiente vivido nos dois dias demonstra a qualidade da banda e o agrado do público.

[Entrevista a Zé Pedro dos Xutos e Pontapés]