Queimadas e fogo de artifício continuam no topo das causas de incêndio na região
Covilhã, Fundão, Castelo Branco e Idanha-a-Nova atingidos
Fogos começam na Beira Interior

Fogos já atormentam a região e, na última semana, seis localidades do distrito sofreram a fúria das chamas. Queimadas, foguetes e mão criminosa são as principais causas dos incêndios.

NC/Urbi et Orbi


Seis é o número de fogos que na última semana consumiram parte da floresta da Beira Interior e que obrigou a mobilizar as corporações do distrito de Castelo Branco. A entrar na altura do ano em que se registam mais fogos, a Direcção-Geral de Florestas (DGF) revela que já arderam em 2001 cerca de oito hectares de mata. Os organismos governamentais voltam a alertar para o perigo do uso de foguetes nas festas populares e das queimadas.
Verdelhos, concelho da Covilhã, Castelo Novo e Souto da Casa, município do Fundão, e Monsanto, em Idanha-a-Nova foram alguns do locais que viram desaparecer vegetação. O caso mais grave aconteceu no Concelho de Castelo Branco, na freguesia de São Vicente da Beira, na Serra da Gardunha, um local onde predominam pinheiros bravos. Todos estes casos, nos quais intervieram todas as corporações do Norte do distrito e algumas do Sul estavam controlados e em fase de rescaldo na sexta-feira, 20.

90 milhões de contos de prejuízos

O cálculo dos prejuízos totais dos incêndios de 2000 no território nacional, segundo fontes da DGF, aponta para 90 milhões de contos. Se for analisado com os 160 hectares de floresta que desapareceram, a perda média por hectare atinge os 580 contos.
O uso de foguetes é cada vez mais causa de fogo. Segundo o organismo que subentende as florestas portuguesas, "dos 136 grandes incêndios inspeccionados no ano passado, 25 foram causados por foguetes". Esta realidade não tem sido acautelada por uma alteração das normas de utilização, competência dos Governos Civis e na quais não intervem a DGF. Quanto ao seguro, obrigatório nestas manifestações de alegria, apenas cobre até cinco mil contos, uma verba irrisória na grande maioria das vezes. Um exemplo claro deste facto foi o incêndio de Góis, no Verão de 2000. O seguro da festa abrangia os tais cinco mil contos, mais o prejuízo foi de dois milhões.
As queimadas são outro dos principais factores de fogos. A Beira Interior faz parte do grupo das regiões onde esta causa aumentou significativamente nos últimos anos. De 1994 a 1996 estiveram na origem de 20 por cento dos casos. No ano passado foram responsáveis por 32 por cento. Quanto a origens criminosas, houve um aumento superior ao dobro: de 1994 a 1996 provocou sete por cento dos flagelos florestais, mas em 2000 a percetagem atinge 17 por cento.
Carlos Zorrinho, secretário de Estado da Administração Interna, coloca a tónica na prevenção, embora as verbas continuem a privilegiar o combate. Para a época que se avizinha a tendência parece estar a inverter-se e, como o governante anunciou em Manteigas [ver edição 71], o Governo vai investir perto de oito milhões de contos na prevenção, o mesmo valor gasto no combate em 2000. No entanto, Zorrinho admite que mais importante é "mudar as mentalidades, um trabalho demorado, cujos resultados só aparecem a médio ou longo prazo".