À mesa
do anfiteatro 7.21 do Pólo de Ciências Sociais e
Humanas da UBI sentaram-se, na quinta feira, 5 de Abril, Francisco
Louçã, deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia
da República, João Próspero dos Santos,
líder distrital do Partido Popular e director clínico
do Hospital Amato Lusitano, de Castelo Branco, e António
Marques, docente da Licenciatura em Gestão da UBI. A conversa
que visava debater o fenómeno da Globalização
foi moderada por Carlos Osório, também docente
da instituição, e promovida pelo núcleo
de estudantes de Gestão, Ubigest.
Francisco Louçã introduziu o tema sublinhando a
relevância de debater a questão quando no contexto
nacional se vive intensamente esta realidade nos meios comunicacionais
e nos modos padronizados do consumo, que, na sua perspectiva,
admite no início do novo século um abrandamento
face ao início do século XX. Actualmente, a "cultura
MTV" é a subcultura dominante em países muito
distintos, quer económica, quer politicamente, referiu.
"Portugal
é um paraíso da vigarice fiscal"
Para o deputado
este fenómeno da globalização é vivido
de forma contraditória, apresentando aspectos positivos
e negativos.
"A Globalização é injusta porque é
assimétrica", contesta Louçã, que,
no entanto, considera existirem vantagens que beneficiam a população
mundial. O aumento do acesso à informação,
nomeadamente através da Internet, "é uma grande
vantagem". Por outro lado: "Ela arrasta o mundo, divide
e separa-o entre uma África desconhecida, ignorada, e
um mundo mais rico. Dentro desse mundo mais rico temos um terceiro
mundo instalado. Temos as barracas, a exclusão, a marginalidade,
uma imigração submetida às regras das mafias".
Para o bloquista os aspectos negativos agravar-se-ão se
Portugal não optar por uma política mais activa
na determinação dos seus interesses na União
Europeia e outras organizações internacionais.
"Se criarmos emprego, se criarmos a generalização
de melhores condições de desenvolvimento económico,
então podemos ter uma palavra a dizer e uma convergência
real com os outros países e não estaremos no fim
da carruagem", sustenta.
Neste contexto, Francisco Louçã afirma que devem
ser tomadas como prioritárias medidas que visem a redistribuição
da riqueza, passando obrigatoriamente por uma reforma fiscal
que tribute as grandes fortunas "aliviando o contribuinte
que já paga". "Portugal é um paraíso
da vigarice fiscal", afirma Louçã, que tem
vindo a defender o levantamento do sigilo bancário. "A
criação de um imposto sobre as grandes fortunas
é uma necessidade social."
Tecnologia
pode ser vantagem competitiva
Como formas
de fazer pressão sobre a tendência negativa destes
efeitos nos países menos desenvolvidos, os três
intervenientes concordam que o desenvolvimento estará
no investimento que se fizer na competitividade do tecido empresarial.
Para António Marques essa inversão será
dada com a proliferação tecnológica. "A
tecnologia será o clique que alterará o contexto
da globalização, aumentando a contestabilidade."
O docente de Gestão da UBI defende ainda que a autonomia
depende da vontade própria das empresas para quem é
licito "existirem pelo lucro". Cabe, no entanto, ao
Estado "conseguir efeitos multiplicadores dessa vantagens".
Próspero dos Santos acredita, por seu lado, na superação
das crises e inconvenientes da globalização. Louçã
defende que a internacionalização dos movimentos
sindicais terá que acontecer no futuro. |