Idanha-a-Velha é uma
Aldeia rica em história e calor humano, mas a falta de
alojamento e de refeições é uma realidade
que entristece quem desja visitá-la. Esta situação
acentua-se quando chega altura das férias e de algum tempo
disponível para passear. É o caso da época
natalícia em que as pessoas procuram o descanso e o aconchego
de uma realidade diferente.
Contudo, nesta altura, a pequena Aldeia Histórica, situada
no concelho de Idanha-a-Nova, não pode responder aos desejos
de quem procura reviver os tempos dos avós. Dois cafés
de "carisma familiar" é quanto Idanha-a-Velha
tem para oferecer, um facto que marca a pouca procura dos festejos
do Natal. António Robalo, residente, diz que "a falta
de aposentos e locais decentes para comer, faz com que não
tenhamos visitantes a participar, por exemplo, no madeiro".
Uma tradição da noite de Natal que pertence sobretudo
aos rapazes que "tenham dado, no último ano, o nome
para a tropa". A eles cabe a tarefa de pedir a madeira de
azinheira ou sobreiro e de a transportar até ao Largo
da Igreja, no centro da Aldeia.
Por falta de rapazes nas condições desejadas, este
ano a tradição não se mantém. Cabe,
então, à Junta de Freguesia organizar a noite.
Cerca de 100 pessoas conversam e petiscam junto à fogueira
"até altas horas da madrugada". Dentre elas
contam-se os habitantes e os naturais da terra que chegam da
capital e de outros pontos do País para festejarem o Nascimento
de Cristo com os familiares.
Passagem do século
com "os da casa"
A inexistência de turistas
no reveillon é uma realidade sobretudo porque "não
há uma festa para todos". António Robalo salienta
que "a tradição é cada um em sua casa".
João Marques, auxiliar técnico de turismo da Câmara
Municipal de Idanha-a-Nova, explica que a festa é de carisma
familiar porque "a aldeia tem apenas 90 habitantes, dos
quais 80 por cento têm mais de 80 anos". A falta de
infra-estruturas hoteleiras e o envelhecimento da população
levam a Aldeia Histórica a sofrer isolamento turístico
nestas e noutras noites. O mesmo não se passa durante
o dia, em que "o número de visitantes é bastante
bom para uma aldeia tão pequena", garante o técnico.
Contudo, Idanha-a-Velha continua a ser apenas um local de passagem.
"O turista vem mas vai" é o que diz a maioria
dos residentes. "A pessoa chega, vê e foge para outras
paragens onde possa estar confortável", declara António
Robalo. O mesmo afirma que "estamos isolados por parte das
autoridades". "Há cinco anos, começaram
a recuperar casas, fachadas e telhados, mas ainda há muitas
casas no centro da Aldeia com chuva dentro". Segundo os
residentes, desde essa altura as autoridades garantiram construir
turismo de habitação, "mas ainda não
se viu nada". Na verdade o problema não é
a falta de ideias. João Marques garante que "há
projectos de unidades hoteleiras e restaurantes para podermos
dar uma resposta turística". Sem autorização
para adiantar, reconhece que há bastantes turistas, mas
"sem alojamento fica difícil". É durante
o dia que a Aldeia Histórica recebe o maior número
de visitas, as quais são guiadas pelos técnicos
que encaminham para parques de campismo, hotéis e residênciais
noutros pontos do concelho. Para já, afirma João
Marques, "Idanha-a-Velha é apenas um local de passagem,
que fica na lembrança dos que vêm, gostam e levam
o desejo de voltar". |