Campeonato Mundial Universitário
de Andebol Masculino na UBI
Desportistas entram,
residentes saem
POR CARLA LOUREIRO
E MARISA
MIRANDA
A Ubi vai receber,
de 27 de Dezembro a 5 de Janeiro, o Campeonato Mundial Universitário
de Andebol Masculino. Um evento de grande importância para
a cidade, que só se transforma em problema quando os alunos
das Residências Universitárias são confrontados
com a possibilidade de terem de ceder os seus quartos aos atletas.
Em Novembro de 1998, a AAUBI (Associação Académica
da Universidade da Beira Interior) ganhou o concurso para a realização
do XVI Campeonato Mundial Universitário de Andebol Masculino,
em concorrência com as academias de Aveiro, Porto e Braga.
Na altura, a academia bracarense abdicou da sua candidatura em
favor da UBI.
O problema começou quando, no passado dia 12 de Outubro,
numa AGA (Assembleia Geral de Alunos) da AAUBI, foi apresentado
um documento sobre o Campeonato Mundial Universitário
de Andebol Masculino. Os alunos das residências universitárias
ficaram a saber que teriam de abandonar os seus quartos, para
alojar os desportistas .
"Falha de informação"
Confrontado com a necessidade
dos residentes abandonarem os seus quartos, João Canavilhas,
membro da comissão organizadora do campeonato, revelou
que "a AAUBI quando se candidatou ao Mundial já sabia
que a única possibilidade de este se realizar na Covilhã
seria alojar os desportistas nas residências universitárias".
Se assim não fosse, o valor da inscrição
no campeonato não seria suficiente para financiar o alojamento
dos mesmos num outro sítio qualquer, explicou João
Canavilhas.
Quando da adopção do novo calendário escolar,
a comissão organizadora alertou a Reitoria para o facto
deste acontecimento coincidir com a época de pré-exames.
Face a este entrave, os responsáveis pela organização
do campeonato tentaram, junto da Federação Internacional
de Desporto Universitário (FIDU) alterar a data do evento.
Porém, tal não foi possível.
Perante o facto de os alunos das residências universitárias
desconhecerem a decisão de terem que deixar os seus quartos,
João Canavilhas admite ter existido uma "falha de
informação". A dois meses da realização
do campeonato, a comissão organizadora pede "a máxima
compreensão de todos, pois está em jogo a promoção
do País, da região e da universidade".
Bom senso precisa-se
O administrador dos Serviços
de Acção Social da Universidade da Beira Interior,
Manuel Raposo, esclarece que os alunos residentes não
receberam nenhum comunicado até ao momento porque ainda
não está confirmado o número de atletas.
Segundo aquele responsável, a Residência I será,
em princípio, a que virá a ser ocupada pelos desportistas.
O regulamento das residências universitárias salvaguarda
que "nos períodos de férias (Natal, Páscoa
e Verão) e sempre que os SASUBI julgarem conveniente,
deverão os residentes remover dos quartos todos os objectos
pessoais."
Manuel Raposo sublinha que "os alunos não vão
ser prejudicados, de maneira nenhuma". A solução
apresentada pelo administrador dos Serviços Sociais passa
pelo adiamento do início da época de pré-exames.
Por outro lado, Manuel Raposo assegura que os alunos que tiverem
que sair dos quartos receberão o reembolso de um terço
do pagamento.
O Administrador dos Serviços Sociais pede a todos os envolvidos
"bom senso" e frisa, uma vez mais, que "os alunos
estão em primeiro lugar".
AAUBI do lado dos residentes
O presidente adjunto da Associação
Académica da Beira Interior, José Miguel de Oliveira,
afirma que, incialmente, estava previsto que a instalação
dos participantes no Campeonato Mundial serviria para inaugurar
a nova Residência Universitária no edifício
da antiga Fábrica Roque Cabral. Só no final de
Setembro deste ano é que a actual direcção
da AAUBI teve conhecimento da saída dos residentes. Segundo
aquele responsável académico, vai ser feito um
inquérito aos alunos para saber a sua disponibilidade
em ceder os seus quartos.
A actual direcção da AAUBI condena "a maneira
como o processo foi conduzido" e defende a necessidade de
fazer "campanhas de sensibilização ou sessões
de esclarecimento de forma a elucidar os residentes".
"Estamos do lado dos residentes nesta questão",
sublinha o representante da AAUBI.
Residentes revoltados
Catarina Pereira, aluna de Física
Ensino, há dois anos na residência universitária
está indignada com a possibilidade de ter que sair do
seu quarto. "Andamos sempre com a casa ás costas;
parecemos um caracol", diz a aluna residente. "Não
devíamos ser nós a sair", acrescenta. Catarina
Pereira chama ainda a atenção para a necessidade
de o contrato de alojamento ser reformulado.
Foi com a mesma revolta de Catarina Pereira que António
Ferreira, aluno de Química Industrial, recebeu a notícia.
"Ando farto de ouvir falar na imagem da Universidade e nunca
dos interesses dos alunos", reclama indignado.
Existe apenas uma certeza: os desportistas entram e os residentes
saem.
PODE LER MAIS SOBRE O ASSUNTO
EM
Mundial Universitário
de Andebol
Competição
"alargada" à Região de Turismo
|