Devagar, devagarinho
e parado
por Luís Nogueira
Como reclamar tempo? Como reivindicar
o ócio e o descomprometimento? Como seleccionar os alvos
de atenção? Como resistir aos estímulos,
às persuasões, às seduções?
E, sobretudo, porquê resistir? Se tivermos de escolher
entre a euforia de um mundo sempre renovado, de ideias sempre
refeitas, de novas cosmologias e redescrições,
e um desejo de contemplação, acalentarmos uma esperança
poética do vazio informativo, do silêncio visual,
da pura imanência dos objectos (que não os seus
fantasmas), para que lado se inclinará a nossa preferência?
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