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Democracia e Sociedade Civil:
reinventar ou reconstruir o diálogo?

A distância cada vez maior entre o poder e os cidadãos foi o tema que conduziu este painel. Reflectiu-se a realidade e traçaram-se perspectivas. Dos presentes, destaca-se a figura de Miguel Portas e de Fátima Abrantes, secretária da Comissão Nacional de Eleições

Segundo Fátima Abrantes, "as sociedades das grandes revoluções colectivas deram lugar às sociedades competitivas individualistas. É necessário repensar as ideologias, quer do ponto de vista social, quer do ponto de vista político".
O facto é que as pessoas estão cada vez mais distantes do poder. "Existe uma discrepância cada vez maior entre aqueles que governam e aqueles que se submetem. Basta olharmos para a abstenção dos cidadãos".
Assim, a secretária da CNE defende que " é urgente reabilitar a política, democratizar internamente os partidos e, sobretudo, é necessário tornar a democracia mais participativa".
Nuno Augusto, docente na UBI e orador defendeu que:" São os políticos que decidem aquilo que é importante, e não a sociedade. Assim, as coisas funcionam de dentro para dentro do parlamento". Perante este cenário, "é necessário e mesmo urgente reconstruir ou reinventar o diálogo, aproximar os extremos para que as coisas possam melhorar" - sublinhou.
Miguel Portas, confrontado com tais realidades, defendeu estarmos "perante uma sociedade imersa na complexidade. A política de Portugal é recente. O que era dominante era a tradição secular e a submissão. Assim, chegamos à fase da industrialização sem bases sólidas para tal e a complexidade dos novos sistemas faz com que aumentem as desigualdades, o número dos desfavorecidos, e as diversas formas de conflitualidade". Miguel Portas garantiu ainda que "o Estado é forte para os fortes, e fraco para os fracos, infelizmente".
"Vivemos numa sociedade em que experimentamos sensações contraditórias. Há uma pluralização patente em todos os campos da vida e o mundo é cada vez mais pequeno. Verifica-se uma crise da representação política " disse Sérgio Faria, docente do ISCTE. No entanto, segundo aquele académico, "todos nós continuamos a depositar confiança na política. Já houveram muitas tentativas, e as melhorias têm sido poucas, nem se vislumbram nos próximos tempos. É necessário repensar e equacionar algo que possa dar aos cidadãos aquilo a que eles têm direito".

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