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Em conformidade com o resto
do País
Covilhanenses preferem
imprensa regional
POR PEDRO JESUS
A imprensa regional é
mais lida que a nacional em todos os distritos do País.
E na cidade da Covilhã? Após o inquérito
feito, os resultados são animadores. Os covilhanenses
não perderam o hábito de ler jornais, não
abdicam da imprensa nacional e têm especial preferência
pelos títulos desportivos, mas a imprensa regional é
a mais consumida.
Habituados a servir clientes
que reservam os seus jornais na véspera, mas principalmente
cidadãos que entram nos estabelecimento, pegam no seu
titulo eleito e se dirigem apressadamente para o emprego, os
quiosques continuam a ser um dos primeiros espaços visitados
diariamente por quem faz da leitura um rito diário. Após
anos de experiência, os funcionários dos quiosques
têm já uma ideia bastante precisa dos clientes
que os visitam, e quando vêem alguém passar a entrada,
parecem logo adivinhar se a pessoa está ali para comprar
o Público ou o Correio da Manhã, a Bola ou O Independente.
Estas e outras revelações foram apontadas pelos
funcionários dos pontos de vendas de jornais espalhados
pela cidade, que além de estarem informados sobre os números
exactos de vendas semanais, mostram-se capazes de traçar
verdadeiros retratos sociológicos sobre os seus clientes
diários.
De entre os estabelecimentos que revelaram as suas vendas ao
nível da imprensa, fica a amostra de três quiosques
da cidade. Assim, no Quiosque do Centro Comercial da Estação
foi-nos confirmado que relativamente aos jornais nacionais, aqueles
que têm mais saída são o Público e
o Correio da Manhã, cada um deles vendendo 175 exemplares
semanais. Segue-se o Diário de Notícias e o Jornal
de notícias que vendem cada um deles, 140 exemplares por
semana. Quanto aos semanários, o Expresso é o mais
vendido, com 120 exemplares, precisamente o dobro do segundo
semanário preferido pela população covilhanense,
o Independente. Segue-se o Semanário, que vende 20 exemplares
semanais neste posto.
Os jornais regionais acabam por levar a vantagem, já
que o título mais vendido semanalmente acaba por ser
um semanário da região, o Jornal do Fundão,
com um total de 220 exemplares. Seguem-se o Notícias da
Covilhã, que vende 100 exemplares semanais, e o Tribuna
Desportiva, com 30 exemplares. A Gazeta do Interior e o Interior
registam vendas de 25 exemplares cada.
Como curiosidade, registe-se que, de entre todos os títulos,
o jornal responsável pelo maior número de vendas
é um jornal desportivo, o Record, que tem uma saída
que ascende aos 420 exemplares semanais.
Já no Quiosque da rotunda foi-nos revelado que os diários
mais vendidos são o Público e o Correio da Manhã,
cada um deles vendendo 75 exemplares semanais. Quanto aos semanários,
o Expresso tem uma saída de 50 exemplares, enquanto que
o Independente vende 20 exemplares.
Em relação à imprensa regional, o Jornal
do Fundão vende 100 exemplares, sendo seguido do Notícias
da Covilhã, com 40 exemplares.
Também neste estabelecimento comercial os jornais desportivos
é que recolhem as preferências dos leitores, vendendo
quer o Record, quer a Bola, 350 exemplares semanais.
Responsável pela Papelaria Neves, António José
Neves indicou números exactos relativamente à quantidade
de jornais vendidos semanalmente: setenta exemplares do Diário
de Notícias, trinta e cinco exemplares do Correio da Manhã
e vinte e um do 24 Horas.
Quantos aos jornais regionais, são vendidos neste estabelecimento
23 exemplares do Jornal do Fundão, 20 do Notícias
da Covilhã, cinco da Gazeta do Interior e cinco do Interior.
Saber o que se passa dentro
de portas
Se grande parte dos jornais vendidos
nos quiosques e restantes pontos de venda acabam por ser os
títulos nacionais, casos de jornais de referência
como o Público e o Diário de Notícias, comprados
por uma população que confia na objectividade destes
títulos e que os prefere em vez de outros títulos,
vistos como mais populares, como o Jornal de Notícias
ou o 24 Horas, não é menos verdade que os jornais
desportivos como o Record ou a Bola são autênticos
best-sellers nos quiosques visitados. Prova-se assim que as novidades
relativas ao desporto, especialmente ao futebol, são assuntos
que nunca se esgotam, consumidos por uma audiência de leitores
extremamente heterogénea, constituída por homens
e senhoras, pelos jovens e pelos menos jovens.
Se deixarmos de lado o volume de vendas nos quiosques e se projectarmos
a nossa atenção no número de assinantes
efectivos na cidade da Covilhã verificamos que nestes
casos os níveis de vendas aumentam consideravelmente.
Após um contacto com os jornais da região, conclui-se
que o Notícias da Covilhã é de longe o jornal
que recolhe o maior número de assinaturas. José
Geraldes, director do semanário, revelou ser 8504 o número
exacto de assinantes na cidade. Seguidamente temos o Jornal do
Fundão que conta com um total de 2600 assinantes efectivos
na cidade.
Já a Gazeta do Interior, semanário regional com
base em Castelo Branco, conta com 488 assinantes na cidade da
Covilhã. Da parte do Interior, outro semanário
regional, foi dito que "não existem ainda números
concretos relativamente a assinantes, porém existe o registo
de serem já algumas centenas". Esta situação
deve-se ao facto de O Interior "ser ainda muito recente,
tendo o primeiro número saído no passado mês
de Janeiro,". Foi ainda referido que o semanário
se encontra em pleno processo de solidificação
do seu nome, pelo que um número considerável de
exemplares são enviados de oferta a entidades como a Universidade
da Beira Interior e também a cafés, onde as pessoas
os podem consultar gratuitamente.
Levar os jornais a quem mais
necessita
É sabido que adquirir
jornais diariamente se torna incomportável para alguns,
sobretudo para aqueles se encontram no desemprego ou a viver
de pensões reduzidas. Como forma de resolver este problema,
e simultaneamente, preencher o tempo disponível de quem
se encontra neste tipo de situações, existem várias
associações de convívio e cafés espalhados
pela cidade que têm ao dispor dos clientes uma série
de títulos, que, tal como nos foi assegurado, são
bastante requisitados.
Mas o papel mais importante nesta "missão" de
levar os jornais a quem deles mais necessita cabe à Biblioteca
Municipal da cidade da Covilhã, instituição
que recebe uma média de 800 a 1000 pessoas por mês,
não só leitores de jornais, "já que
a maioria requisita livros, mas também acabam por consultar
os jornais, revistas e mesmo o Diário da Republica",
tal como nos confessou Raul Rogeiro, técnico da Biblioteca
Municipal.
Neste espaço, os jornais mais requisitados são
respectivamente o Público e o Diário de Notícias,
lidos essencialmente por "idosos e reformados, e também
por desempregados, que se dirigem diariamente à biblioteca".
Há ainda uma grande afluência de leitores pertencentes
à "classe média" e também de
jovens que procuram essencialmente jornais desportivos.
Relativamente às preferências dos leitores que
procuram a biblioteca, "tenho notado que os jornais diários,
os preferidos durante a semana, acabam por ser colocados de lado
ao fim-de-semana em favor dos jornais regionais", afirmou
Raul Rogeiro.
O técnico faz ainda seguinte leitura: "noto que nos
últimos dois anos tem havido um decréscimo de leitores,
mas atribuo-o à implementação de bibliotecas
nas escolas e nos centros de formação, o que implica
que não sejamos tão visitados".
E na Covilhã?
Os dados provisórios do
estudo promovido pela Associação de Imprensa Não
Diária (AIND) indicam claramente que os jornais regionais
são os mais lidos em todos os distritos do país,
excluindo Lisboa e Porto, nos quais os resultados ainda não
foram examinados.
Estes dados resultam de um estudo que o instituto de Pesquisa
e Opinião de Mercado está a realizar desde Dezembro
passado, e que tem fim previsto para Junho.
Entretanto, foram já analisadas um total de 2850 entrevistas
realizadas em 16 distritos do País, chegando-se à
conclusão de que 1600 dos 2850 entrevistados lêem
jornais regionais, o que representa 56,12 por cento no total.
Aléem disso, mais de metade da população
inquirida - 51,4 por cento - revelou não ler jornais nacionais.
Conclui-se ainda que do universo dos leitores da imprensa regional,
apenas 74 por centro lê jornais nacionais.
Os resultados deste estudo nacional vão inteiramente de
encontro aos resultados obtidos na cidade da Covilhã,
que mostra que quer ao nível de assinantes efectivos,
quer muitas vezes também ao nível de volume de
vendas nos próprios quiosques, a imprensa regional colhe
a preferência dos leitores. Registe-se o impressionante
número de assinantes de jornais regionais, que no caso
do Notícias da Covilhã, ascende a um total de
8504 assinaturas actuais. Se a este número juntarmos a
convicção que cada jornal comprado acaba por passar
pelas mãos de uma média de três a quatro
pessoas, concluímos claramente que este é o título
mais lido na cidade, a qual, recorde-se, tem uma população
de 30 mil habitantes.
Os
números
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