<Agricultores transmontanos
em protesto fazem proposta ao Governo>
Excedente de batatas
para Moçambique
Centenas de agricultores com tractores carregados de batata do
Alto Tâmega "invadiram" a cidade de Chaves na
passada Quarta-feira, 8, em protesto contra o não escoamento
do produto, propondo ao Governo a compra do excedente para Moçambique.
Os agricultores percorreram as principais artérias da
cidade e despejaram cerca de 300 toneladas de batata frente à
Cooperativa Norte Transmontano.
Segundo o presidente da Confederação Nacional de
Agricultores (CNA), Armando Carvalho, esta concentração
é consequência do "não cumprimento por
parte do Governo das propostas já discutidas, nomeadamente
a garantia de escoamento de toda a batata, a fiscalização
da área fronteiriça e o apoio à embalagem
e comercialização daquele produto".
Reforma da PAC penaliza produções
regionais
O Ministério da Agricultura, Desenvolvimento
Regional e das Pescas criou, segunda-feira, uma linha de crédito
de 2 milhões de contos, bonificada em 65 por cento, para
as cooperativas, organizações de produtores e armazenistas
distribuidores que adquiram a batata de consumo ao preço
de 25 escudos por quilo.
O preço da batata ao produtor desceu para valores inferiores
a 10 escudos, depois de um aumento do volume da produção
na campanha1998/99 ter provocado problemas de escoamento, que
ainda persistem em algumas zonas do país.
Armando Carvalho considera esta medida do Governo insuficiente,
pois "não vem resolver o problema do escoamento da
batata". "Apesar da importância económica
que esta produção tem para a região, a batata
não está integrada em nenhuma organização
comum de mercado e daí a inexistência de qualquer
apoio à intervenção", criticou o presidente
da CNA.
Para Armando Carvalho, a recente reforma da PAC "condiciona
e penaliza os agricultores da região de Trás-os-Montes
nas produções de batata, leite, cereal e fruta".
Políticas inadequadas prejudicam
agricultores
Para este responsável os problemas
sentidos pelos agricultores são uma consequência
directa das políticas nacionais e comunitárias,
as quais considera "inadequadas e responsáveis pela
saída de milhares de agricultores do regime de segurança
social, pela sua incapacidade financeira de pagar as prestações
mensais".
No decorrer da concentração da passada semana,
os agricultores aprovaram por unanimidade uma moção
a ser enviada ao primeiro ministro, ao Ministério da Agricultura,
Desenvolvimento Rural e das Pescas e à Comissão
de Agricultura da Assembleia da República.
Os agricultores exigem do Governo medidas urgentes para a resolução
do problema do escoamento de batata e apresentam a proposta de
compra de toda a produção excedente, por parte
do Estado, "para doar ao povo moçambicano, que está
a sofrer graves carências devido às cheias que se
abateram recentemente sobre este país". |