Estudantes e docentes apresentam propostas

A primeira das três mesas de trabalho incidiu rigorosamente naquilo que o título deixava antever. Cada orador apresentou, em breves minutos, a sua declaração de intenções para o projecto, centrando-se em “Teorias da Metáfora.”. Hélder Prior partiu daquilo que é a metáfora para Paul Ricoeur, nomeadamente na obra que dedica especificamente à “Metáfora Viva”. Do mesmo modo, Manuel Bogalheiro tratará Nelson Goodman que, em diversas obras, teoriza a linguagem dos símbolos, nomeadamente na sua aplicação à arte. Ângelo Milhano abordou as relações semióticas, entre as quais as pragmáticas, focando autores como Peirce ou Heidegger. Fabiana Aires e Márcio Meruje focaram as suas investigações em torno de Derrida e da teoria da desconstrução, que consiste em desfazer o texto, a partir do modo como este foi organizado originalmente e, assim, revelar os seus significados ocultos. O último orador da mesa foi José António Domingues, que cruzou teorias clássicas da comunicação com a filosofia, vendo na metáfora um pano através do qual podemos querer vestir o real.
Oriundos na sua maioria do Departamento de Letras da Universidade da Beira Interior, os oradores da segunda mesa apresentaram propostas que iam ao encontro do estudo da metáfora em diversos campos das letras e literaturas. Reina Pereira optou por abordar alguns mitos e conceitos da antiguidade clássica. Paula Mesquita versou sobre o interesse visual que se esconde por detrás de certos códigos em alguns escritores norte-americanos. Rita Taborda Duarte, e enquanto poetisa, procurou demonstrar a abundância e o valor das metáforas na obra de Luísa Neto Jorge. Ana Cao estudará a forma como a metáfora tem sido traduzida, seja na prática, seja na teorização do próprio conceito. Domingos Nzau tratará o tema da mestiçagem, partindo do poeta san-tomense Francisco José Tenreiro. Igor Costa escolheu a Bíblia para, a partir daí, se debruçar em passagens concretas, usando a teoria medieval dos quatro sentidos bíblicos. Gabriel Magalhães estudará a forma como se pode compreender a Ibéria, a partir da forma como a metáfora é aplicada em textos históricos, filosóficos ou literários. Maria do Céu Gomes escolheu Aquilino de Ribeiro, a fim de também ela estudar as metáforas do romancista beirão. João Carlos Correia foi o último palestrante da mesa, e propôs-se a falar sobre a implicação de alguns conceitos das Ciências da Comunicação em autores como Cervantes, Kafka, Ricoeur ou Goffman.
No segundo dia de trabalhos, a mesa “Acção em Imagem”contou com seis oradores. Tito Cardoso o Cunha estabeleceu uma ponte entre Platão e Lakoff, a fim de atestar a possibilidade de assumir uma retórica da imagem. Luís Nogueira pretendeu aplicar o conceito de metáfora a toda a linguagem fílmica, dos guiões à parte técnica, e pela qual se veiculam também fortes volumes de informação. Vanessa Martins falou num Deus cósmico idolatrado por representações que se confinam aos objectos da terra, uma vez que será impossível essa representação partir do Homem. José Bogalheiro apresentou também ele um texto em que abordou a metáfora enquanto ferramenta que nomeia, propondo-se a reflectir sobre a relação das metáforas com as emoções, compreendendo esta relação antiga que caracteriza os homens enquanto seres individuais. Ivone Ferreira encerrou o debate com uma proposta de estudo da retórica na publicidade, enquanto arte ou instrumento de sedução e persuasão, mesmo quando os spots televisivos apresentam uma relação com a realidade, num estudo que terá presente o pensamento de Roland Barthes.

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