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"Esforço de aprendizagem torna-nos mais aptos e nunca fez mal a ninguém"
> Eduardo AlvesU – Faz parte do projecto “Eficácia Escolar no Ensino da Matemática (3EM)” uma investigação apoiada pelo Departamento de Matemática da UBI e pela Fundação Calouste Gulbenkian que envolve 13 escolas da região? Qual o papel dos docentes da UBI nesta iniciativa?
H.F. – É curioso que várias pessoas que vêem iniciativas ou publicações à venda desse projecto em nome do departamento de Matemática me tenham feito a mesma pergunta. Eu não faço parte desse projecto e o único docente do Departamento de Matemática que o integra é a própria responsável pelo projecto, a Doutora Eugénia Ferrão. Os outros docentes da UBI que o integram são do departamento de Psicologia e Educação que naturalmente se preocupa com questões de Avaliação da Eficácia Escolar quer na Matemática quer noutra qualquer área de ensino.
U – Já se conhecem algumas conclusões?
H.F. – Se se refere ao 3EM em particular, terá de questionar a responsável do projecto sobre os resultados da avaliação escolar que está a desempenhar. Em geral, conclusões nesta área podem ser obtidas por consulta aos gabinetes ministeriais vocacionados para tal tarefa tais como o Gabinete de Avaliação Educacional ou através do Program for International Student Assessment (PISA). Pessoalmente, e provavelmente como a maioria dos portugueses, estou bastante cansada de estudos de avaliação educacional. Não é preciso passarmos e tratarmos muitos inquéritos para sabermos que a escola está desvirtuada. A vocação da universidade é fazer investigação científica e formar bem. Temos é que formar melhor professores em cursos com conteúdos universitários e deixar claro aos alunos que têm que se esforçar para aprender.
U – Na sua óptica, deveria ser estabelecida uma ligação mais forte entre as universidades e as escolas do secundário?
H.F. – Para os professores formados maioritariamente com disciplinas de Ciências da Educação e sem formação científica adequada na área específica em que ensinam, parece-me que a frequência de cursos complementares específicos numa universidade poderia ser um grande contributo para o país. Para os bem formados, e que consequentemente querem sempre saber mais, essa ligação seria um potencial para a formação pós-graduada e a investigação.
U – Em todo o País, entraram para licenciaturas de Matemática, cerca de 150 alunos. No seu entender, a que se deve o desinteresse dos alunos por esta disciplina? O que pode ser feito para alterar este cenário?
H.F. – Acho que já lhe respondi um pouco a essa questão através das respostas anteriores. Sobejam-me anos de ensino e estudo para reiterar que a chave da resolução está na formação de professores e na promoção de hábitos de estudo nos alunos. A Matemática tem de ser ensinada por quem sabe Matemática e para aprendê-la temos que nos esforçar muito. Esforço de aprendizagem torna-nos mais aptos e nunca fez mal a ninguém.
"Tudo o que se centrar na aprendizagem pelo aluno vem melhorar"
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“Fazer investigação em Matemática é um processo lento”
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