Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
Porto: Bibó Natal
· quarta, 28 de dezembro de 2011 · Continuado No mercado do Bolhão ainda se ouvia este pregão, apesar da cidade Porto, tal como em todos os pontos do país, ter vivido um natal mais pobre. |
Campo 24 de Agosto, um dos poucos locais da cidade iluminados. |
21996 visitas Na véspera de Natal, a rua de Santa Catarina estava com pouca gente e nem o bom tempo fez com as pessoas se deslocassem à baixa para comprarem os presentes que faltavam. A crise afetou o poder de compra dos portuenses, e a maioria das ruas da cidade não estavam iluminadas por falta de verbas. No centro da cidade, o mercado do Bolhão e algumas confeitarias foram os únicos sítios onde a crise não se fez sentir com tanta intensidade. Lídia Azevedo, vendedora de frutos secos no mercado do Bolhão diz ter tido sorte, “pois apesar da crise as vendas de natal correram bem”, refere a vendedora. Pelo contrário, Manuela Esteves, proprietária de uma loja de pronto-a-vestir afirma que a redução de clientes foi significativa devido à falta de espírito natalício da cidade. Miguel, sem-abrigo, toca guitarra para conseguir sobreviver, mas às 16 horas da tarde do dia 24 tinha apenas um euro na caixa em que pede dinheiro. O sapatinho esteve menos abonado, mas mesmo assim, a maioria dos portuenses não dispensou na sua Ceia de Natal tudo a que manda a tradição. A mesa foi composta pelo bacalhau cozido, acompanhado de batatas cozidas, grelos e pencas (couves). Para quem não gosta de bacalhau, há polvo cozido com molho verde. De seguida entra na mesa o o peru assado, prato que por norma não é obrigatório na mesa dos portuenses. À sobremesa comeu-se o bolo-rei, as rabanadas, que em muitos locais são conhecidas por fatias douradas, o leite-creme, a aletria, os frutos secos, as filhós, os sonhos e o pão-de-ló de Ovar, pois a proximidade da cidade faz com este doce também não falte em muitas mesas portuenses. E para digerir tanta comida, beber um cálice de vinho da cidade é um ritual apreciado por muitos. À meia-noite é hora da Missa do Galo e da abertura de prendas para aqueles a quem o Pai Natal pôde entregar. No dia 25 ao almoço, para além do cabrito assado, as sobras da hortaliça, do bacalhau e das batatas são usadas para fazer o típico farrapo velho que se come antes do prato de carne. O Porto, por ser uma grande cidade, já perdeu algumas tradições: os jovens não cantam as janeiras e já não se fazem fogueiras nas ruas. O Natal é passado dentro de portas num dia em que a família se junta para celebrar o nascimento de Jesus. Perderam-se alguns hábitos, mas ganharam-se novos. Há cinco anos consecutivos que o Porto realiza um desfile de pais Natal que bate recordes do Guinness. |
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