Lobão, Lourosa, Guisande, S. João de Vêr, Rio Meão, Fiães e Santa Maria de Lamas, são freguesias que no Natal de diferenciam do resto do mundo. Nestas localidades, consoa-se no dia do nascimento de Cristo. 

Há várias explicações para esta diferença. A mais comum relaciona-se com a ceia dos nobres e dos trabalhadores rurais. Durante vários séculos, o concelho da Feira foi governado por nobres, residentes no castelo, que faziam ilustres banquetes na noite de 24 de dezembro para comemorar o Natal. Os camponeses, com poucos recursos económicos, ajudavam na preparação do convívio dos nobres e, em compensação eram-lhes oferecidos os restos para cearem no dia seguinte.

Outros têm uma versão diferente para esta diferença na Consoada. A zona da Feira é famosa pela transformação da cortiça e os operários deste ramo trabalhavam no dia 24 até ao final da manhã. Como recompensa, os patrões ofereciam a cada funcionário um bacalhau por demolhar. Como estava salgado, não se podia cozinhar no dia, por isso  ficava de molho durante a véspera de Natal e cozinhava-se no dia seguinte.
Para Augusto Cardoso, de 88 anos, o Natal é a festa mais importante do ano. É nesta época que aproveita para juntar os filhos, netos e bisnetos. Concorda com a realização da ceia dia 25, pois “no dia 24, o Deus menino ainda não tinha nascido”, refere. Luzanira Baptista tem 68 anos e nunca consoou na véspera de Natal. “No tempo dos meus pais e avós, sempre se fez dia 25 à noite”, aponta. Acha que esta tradição se deve manter sempre, mas “os novos é que vão mandar”. “É uma tradição da terra. Tive um bocadinho de dificuldade em perceber, mas permite o convívio dos dois lados da família”, argumenta Salomé Serdoura, de 44 anos. Não é natural do concelho, mas é residente. Assim sendo, aproveita para festejar com a sua família na véspera e no próprio dia com a do marido.
“Ser a 24 ou 25 é indiferente. O mais importante é o convívio familiar”, alega Cristina Almeida. Para a jovem de 28 anos, o Natal é uma altura de paz, amor, harmonia e de convívio familiar, portanto desvaloriza o dia em que se comemora.

Na hora do jantar é servido o tradicional bacalhau cozido, acompanhado por couves e batatas cozidas. À sobremesa conta-se com bolo-rei, aletria, filhós, leite creme, rabanadas, frutos secos, entre outros. Dia 26 o almoço é a habitual “roupa velha”.