“Camponeses, Estado e Ajuda: co-evolução e desenvolvimento na ilha de Santiago de Cabo Verde”, foi o tema da conferência que teve lugar na manhã do passado sábado, dia 10 de dezembro, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Apresentar as relações externas e de que modo a ajuda internacional atua em países com economias mais frágeis, neste caso na ilha de Santiago no arquipélago de Cabo Verde, foi o objetivo desta conferência. A palestra ficou a cargo do investigador de estudos africanos do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), Carlos Ferreira Couto, que apresentou as diversas fases por que o arquipélago passou a nível da ajuda internacional.
Numa primeira fase, em 1960, foi criado o Plano de Abastecimento do Arquipélago de Cabo Verde em Época de Seca e foi também nesta altura que surgiu uma assistência pública, que para além de ajudar na luta contra a fome, proporcionou salários às pessoas. Em 1980 deu-se início ao trabalho público: foram construídas infra-estruturas da conservação do solo e da água e procedeu-se à construção de diques e de tanques. A mão-de-obra era constituída por camponeses. Já numa segunda fase, na década de 90, os dadores de ajuda internacional requeriam uma maior responsabilidade, ou seja, uma especialização dos trabalhadores responsáveis pela construção de infra-estruturas.
Em 2000 surge uma terceira reconversão na luta conta a pobreza, com a intervenção da agência AGECABO, uma agência de promoção de emprego com capacidade de ajuizar e de gerir os financiamentos e que apostou novamente na construção de infra-estruturas, dando em troca trabalho: entre 2000 a 2007 foram investidos 35 milhões de dólares, contudo não foi possível diminuir a pobreza, pois não era conhecida a verdadeira realidade deste país.
Em jeito de conclusão Carlos Ferreira Couto, garante que ”nas comunidades onde foram empregues estas ajudas internacionais resultaram comunidades desagregadas perdendo-se camponeses, visto que as pessoas se habituaram a receber salários, deixando-se a agricultura um pouco de lado. “
Esta iniciativa foi organizada pelo 2ºCiclo de Relações Internacionais no âmbito da unidade curricular “Comércio e desenvolvimento internacional”.