A Faculdade de Medicina da UBI recebeu nos passados dias 24 e 25 de novembro um congresso intitulado “Doenças Oncológicas: prevenção é a cura” dirigido aos estudantes de medicina ubianos e à população em geral. Este evento contou com a presença de vários convidados, entre eles alguns médicos oriundos de hospitais de todo o País, como Themudo Baraia, do CHCB, e representantes da área em questão do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, Coimbra e Porto.
Sob o mote da prevenção, os oradores convidados foram expondo a sua visão sobre o panorama das doenças oncológicas na atualidade e todos eles acabam por alinhar pelo mesmo diapasão: a prevenção é mesmo a melhor forma de curar. A melhor forma de compreender isso foram as palestras sobre rastreios e prevenção das doenças oncológicas – a segunda maior causa de morte em Portugal a seguir às doenças cardiovasculares -, que decorreram ao longo do primeiro dia.
Na sexta-feira, dia seguinte, os convidados incidiram mais sobre o apoio dado ao doente enquanto portador de doença oncológica, nunca esquecendo que a prudência em relação a este tipo de doenças é sempre a melhor forma de aproveitar a vida. Neste sentido, Sónia Silva, representante da Liga Portuguesa contra o Cancro (LPC) começou por afirmar que “cerca de 50 por cento das mulheres que fazem o diagnóstico para saberem se são portadoras de cancro da mama afirma que foi uma experiência traumática, tanto para elas como para a família”. A psicóloga acrescentou ainda que o “aumento da dependência dos seus portadores, consequência do enorme impacto que este tipo de doenças têm a nível social, físico e psicológico, é devastador para o doente”.
Além disso, “as doenças oncológicas são uma das principais causas de morte a nível mundial e a segunda a nível nacional”, acrescentando ainda que estas têm tido “um considerável aumento de portadores». Apesar de tudo, hoje «não põem em risco a vida da pessoa num curto espaço de tempo, pois deixou de ser tão fatal”. Sónia Silva acrescentou ainda que normalmente, “as mulheres com maior formação lidam de uma forma mais pró-ativa com a doença” e, além disso “o portador deste tipo de doenças acaba por adotar melhores hábitos alimentares, assim como um estilo de vida mais responsável”. A finalizar, a representante da LPC, afirmou que os doentes normalmente são encaminhados para uma das várias unidades psico-oncológicas espalhadas pelo País.
Por outro lado, Luís de Sousa Lima, médico do Centro Hospitalar de Tondela-Viseu, afirmou que é importante que “cada pessoa tenha o seu próprio plano de reabilitação, sendo que o exercício físico deve ser uma das disciplinas adotadas pelo doente”. Com este plano de reabilitação que engloba, não só o apoio do oncologista mas também de um psicólogo e da própria família, o “objetivo final da reabilitação é integrar o doente socialmente, a nível familiar e profissional”. Sousa Lima ressalvou ainda que “a maximização do esforço da parte do doente é a melhor forma de fazer com que este se sinta melhor durante a sua recuperação, o que faz com que o seu restabelecimento seja feito de uma forma menos dolorosa”.
Houve ainda tempo para Liliana Rumor, antiga estudante da UBI e ex-membro directivo do MedUBI, divulgar o papel do médico de família num apoio mais próximo ao doente. Para esta médica da Unidade de Saúde de Familiar de Pinhal de Frades, o médico familiar deve “ajudar o doente e prepará-lo para os dois possíveis resultados do exame, sem o alarmar nem criar medo por antecipação”. Liliana Rumor afirmou ainda que o despiste do cancro do colo do útero deve ser anual nos primeiros dois anos, passando depois a realizar-se com intervalos de três anos, e que todas as mulheres entre os 30 e os 70 anos deveriam proceder a este rastreio.
A médica também aconselhou as mulheres a prevenirem o aparecimento do cancro da mama a partir dos 40 anos de idade, com rastreios e procura de informação sobre o tema. Em jeito de despedida, a médica ressalva que “o grande papel do médico de família na prevenção é feito através da informação da população sobre este tipo de doenças e, também, da sensibilização dos habitantes para a importância que os rastreios podem ter na deteção e prevenção destas enfermidades”.
O último orador deste congresso foi o representante do IPO de Lisboa, Pereira de Almeida, que incidiu a sua palestra magistral sobre a ética médica, lançando como premissas para uma boa relação entre médico e paciente “a honestidade e a preocupação com a pessoa que se apresenta à nossa frente no consultório”. Além disso, o médico deve ser alvo de uma formação contínua, sobretudo ao nível da relação médico-doente, uma vez que “é preciso ouvir o doente em momentos complicados como aquele em que é informado sobre o seu estado clínico”. A cerimónia de encerramento deste congresso contou com a presença de quatro representantes de uma orquestra de música clássica, e houve ainda tempo para a promoção de um congresso organizada por Ciências Farmacêuticas nos dias 5 e 6 de Janeiro do próximo ano.
Em jeito de balanço final, Diogo Pereira, estudante do quinto ano de medicina na UBI e membro da organização deste evento salientou que o resultado deste congresso foi muito positivo, uma vez que, “além de estudantes, estiveram presentes profissionais de saúde e membros da sociedade”. O futuro médico afirmou ainda que os objetivos traçados no início foram cumpridos, “visto que é preciso criar nos nossos estudantes conhecimentos acerca desta temática e sensibilizar a população para a importância da prevenção, que pode muitas vezes ser a cura”.