O anfiteatro 7.20 da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas recebeu, na passada sexta-feira, alunos e docentes da UBI, para uma sessão que visou a elucidação do público para a realidade de uma região claramente desconhecida e distante da consciência pública comum.
A acção decorreu no âmbito do 1º e 2º ciclos de Ciência Política e Relações Internacionais e foi protagonizada por Tiago Lopes, doutorando na mesma área e investigador do Instituto do Oriente, que desde há quatro anos se dedica à análise dos territórios do Cáucaso do Norte, pertencendo, por isso, a uma elite de observadores a nível mundial.
O breve enquadramento histórico inicial estabeleceu os alicerces para uma descrição abrangente, dinâmica e respeitosamente humorada, das situações instáveis daquelas populações, para quem a luta pela identidade cultural e etnográfica tem constituído um propósito com custos devastadores. Reflexo desta imagem são as recorrentes alterações no mapa da região, tendo sido quase cinco as variações nas fronteiras territoriais, documentadas pelo governo russo, desde 1921.
Lamentavelmente, os confrontos entre estes povos parecem ter prorrogação assegurada pois, segundo o investigador, os projectos desenvolvidos são vários, devido à imensa diversidade de etnias. Estas propostas sobrepõem-se mutuamente, acabando por prejudicar gravemente uma das partes em benefício de outra e somam-se à prepotência do poder russo, já que “o Kremlin evita o reconhecimento do poder dos dirigentes daquelas regiões, (…) alheando-se e tirando proveito dos confrontos entre aquelas populações”. No entanto, Tiago Lopes alertou para o forte dinamismo da diáspora destas sociedades, que se propõe uma acção concertada para uma divulgação amplificada da instabilidade político-económica daquele território.
Por fim, foi evidenciada a pertinência e actualidade do tema, pela ameaça recente de ataque, encabeçada pelo II Emirato Caucasiano, não só ao poder russo, como aos seus aliados. Além disso, o orador garantiu que “a situação vai ser exacerbada em 2013/2014, devido à realização dos Jogos Olímpicos de 2014 em Sochi, cidade que marcou o quase genocídio de uma das etnias fortes, numa data que marca os 250 anos sobre aquele momento histórico”.