No dia 24 de Novembro assistiu-se a uma “grande jornada de luta dos trabalhadores portugueses”, garante o dirigente regional da CGTP, Luís Garra. Esta greve geral foi uma das maiores de sempre em Portugal, tendo sido considerada um êxito pelas centrais sindicais. “Uma greve poderosa, forte, participada” onde o distrito de Castelo Branco também está a dar o seu contributo, refere Luís Garra. Na Covilhã em particular, a greve destaca-se tanto na administração pública, como no sector privado, contando com fortes adesões.
Embora no ensino superior os resultados sejam mais difíceis de contabilizar, os dados apontam para uma grande adesão por parte de professores e funcionários do sector da educação. Na Universidade da Beira Interior, a faculdade de Ciências Sociais e Humanas encerrou, bem como todas as cantinas que fazem parte da rede universitária da UBI. Nas restantes faculdades, houve situações pontuais com a adesão de alguns docentes e funcionários. Fernando Matos, docente no Departamento de Gestão e Economia e delegado sindical, diz que “há um grande descontentamento do pessoal docente e dos investigadores”. Para além das razões que todos os trabalhadores têm, como o corte dos salários, o corte do subsídios, há também as razões específicas no ensino superior, como a “redução do financiamento quer para as coisas correntes, quer para a investigação e a questão do congelamento da produção da carreira”. Tudo isto se traduziu numa mobilização significativa no ensino superior, sinónimo de que as pessoas estão conscientes dos problemas que existem neste sector.
Na Covilhã, destacam-se as adesões verificadas no sector da saúde, contando com a paralisação de cinquenta por cento no serviço de limpezas do hospital e com fortes participações por parte dos enfermeiros, pessoal administrativo e auxiliar. No sector da educação, a falta conjugada de professores, auxiliares e funcionários administrativos, obrigaram ao cancelamento de aulas ou ao encerramento de várias escolas, nomeadamente a Escola Secundária Frei Heitor Pinto e a Escola Secundária Quinta das Palmeiras. Na Câmara Municipal da Covilhã, apesar de não encerrada, muitos serviços operários contribuíram para esta greve.
No distrito de Castelo Branco, esta greve foi superior à greve de 24 de Novembro de 2010, aponta José Alberto Baptista, coordenador do STAL (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local). A partir do apuramento dos resultados que é realizado concelho a concelho, verificou-se uma grande adesão a nível distrital. Salienta-se o caso da empresa Delphi, sediada em Castelo Branco, em que pela primeira viu os seus trabalhadores aderiram à greve. “Nunca tinha havido uma adesão na Delphi, no futuro irá ser melhor” destaca Luís Garra.
Os cartazes sobre esta greve geral espalhados pela cidade destacavam uma ideia forte: os sindicatos estão contra a exploração e empobrecimento, contra as políticas do governo e todo o aprofundar de injustiças que estas transmitem. Luís Garra considera “que não é com o empobrecimento do país que o país se liberta das dívidas e recupera a situação de défice em que se encontra”.