É de negro que se pinta o cenário quando se fala em conseguir um primeiro emprego em Portugal. O tema está na ordem do dia, mas a sua abordagem, muito por conta dos factores apontados, é quase sempre perspectivada de modo muito negativo.
Com a conjuntura actual do país, muitas são as preocupações e receios dos jovens, sobretudo aqueles que estão prestes a licenciar-se e têm que urgentemente pensar num “plano A”. Terminar a licenciatura e procurar emprego, ou prolongar a formação académica? Eis a questões mais comuns que palpitam na cabeça dos estudantes.
“É crucial que os jovens mudem este prisma e procurem tornar-se mais pró-activos e atentos às oportunidades”. Esta foi uma das ideias principais da II Conferência Nacional sobre o Primeiro Emprego. A palestra visou apresentar perspectivas de futuro para os estudantes e recém-licenciados, e orientar as soluções necessárias para a obtenção do primeiro emprego, servindo de palco para um debate saudável.
A segunda edição da Conferência sobre o Primeiro Emprego realizou-se no passado dia 17 de Novembro, no anfiteatro da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior. A organização esteve a cargo da Forum Estudante, numa parceria com o Banco Santander Totta, contou com o apoio de diversos responsáveis de recursos humanos, consultores de recrutamento e empresários de sucesso.
O estudante de Ciência Política e Relações Internacionais, Ronaldo Rosa, está prestes a terminar a licenciatura, e considera como melhor opção obter mestrado numa área mais específica relacionada com o seu curso. Já possui alguma experiência profissional, adquirida em empregos de Verão, mas quando chegar à altura de agarrar uma oportunidade de emprego na área, afirma sem medos que é capaz de emigrar, se não for possível alcançar os seus objectivos em Portugal.
Estatísticas da OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico – classificam Portugal como o quarto país que tem a taxa de desemprego (12,5%) mais elevada dos 34 estados membros da organização.
A representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Ana Santos, refere o papel importante que a OIT tem no apoio das medidas activas no mercado de trabalho dos jovens (orientação profissional, serviços de colocação de emprego), relacionando-se com os parceiros sociais e com os governos. Um dos dados mais relevantes apresentados na conferência revelava que “a OCDE comprova que os jovens que conciliam o emprego com estudo, têm mais facilidade em manter um emprego estável”.
Rui Marques, director do Forum Estudante, sublinha a importância dos jovens se manterem positivos e activos face ao risco elevado de desemprego: “O grave não é estarem desempregados, mas inactivos”.
O problema da geração mais jovem não é o único, refere o director do Forum Estudante. “Uma outra situação muito mais preocupante são os chamados desempregados de longa duração, que se tornam inactivos com total incapacidade de regressar ao mercado de trabalho”. “Em contexto de dificuldades de emprego é importante arregaçar as mangas e procurar soluções, é importante manter-se activo, ainda que desempregado”.
“Não esperem que nada vos caia do céu” foi um dos motes que assinalaram a jornada. Rogério Palmeiro explica que “existem estruturas, como o Gabinete de Saídas Profissionais, que poderão ajudar na transição entre a universidade e o mercado de trabalho com maior eficiência”. O papel do Gabinete de Saídas Profissionais na UBI passa pelo “estabelecimento de laços duradouros com empresas e com outras instituições”, empenhando-se “na constante concessão de estágios e na oferta de emprego”.
A plataforma online do gabinete é uma mais-valia para aqueles que quiserem manter-se informados sobre oportunidades de trabalho e de estágio, bem como estar a par das diversas redes de mobilidade europeia e mundial. Disponível no site da UBI, na secção Serviços e Recursos, os alunos podem aceder à plataforma através das credenciais do balcão virtual.
Durante a sessão ressaltou-se ainda que nos últimos dez anos todos os cursos da UBI estão classificados com uma taxa de empregabilidade igual ou superior a 75%, destacando que “em 2010 tivemos 1450 acções de divulgação, numa média anual, o que reflecte a importância e dedicação da UBI e da reitoria nesta área. No mesmo ano, também foram assinados 126 protocolos para saídas profissionais, que dizem respeito a 81 entidades específicas”.
“É importante que o aluno faça uma abordagem de estágio”. O que realmente interessa ao aluno é enriquecer o “património curricular” e não colocar em primeiro plano a vertente financeira. “Um bom desempenho escolar, curricular, e lançar as bases para um bom estágio profissional”, são as três regras de ouro que “poderão fazer aparecer tudo o restante naturalmente”, mencionou o representante do gabinete de estágios.
A Vice-Presidente da Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), Carmo Gomes, afirma que o mercado de trabalho cada vez mais exige “mais competências e mais qualificação aos jovens”.
Já o representante da Ray Human Capital, Marco Gomes, adianta que as empresas procuram profissionais “que lhes possam acrescentar algum valor”, explicando que é necessária a criação de um “marketing pessoal” para um jovem candidato merecer distinção.
A conferência pretendeu servir de pontapé de saída para os alunos da UBI interiorizarem noções essenciais para o seu futuro profissional e “incutir nos alunos a preocupação da transição para o mercado de trabalho, e não tanto recalcar o panorama da crise”, diz Rogério Palmeiro.
O Pró-Reitor e Coordenador do Gabinete de Saídas Profissionais da UBI, Tiago Sequeira, faz um balanço positivo da conferência, realçando a dedicação e o sucesso, por parte da Universidade, na procura de soluções para inserir os estudantes no mercado de trabalho.