Tendo como objetivo alertar para os principais problemas existentes na empregabilidade juvenil, o programa "Mesa Redonda" organizou o debate “O Desafio da Empregabilidade dos jovens: impacto económico, social e pessoal”, no passado dia 15 de novembro, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. As razões que motivaram os níveis de desemprego atuais levantaram alguma celeuma, com opiniões divergentes entre os convidados, nomeadamente no que diz respeito à relação dos jovens com as entidades patronais que oferecem estágios profissionais.
Contando com a moderação de João Paiva, técnico da Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal, o evento teve o seu início com a apresentação de Nuno Augusto, docente e investigador do Departamento de Sociologia da UBI, fazendo uma análise dos números da empregabilidade juvenil em Portugal. O docente salientou a “falsidade existente” em grande parte dos estágios facultados por “um número significativo de empresas”, um dos principais problemas que afectam os recém-licenciados.
Miguel Bernardo, diretor executivo da Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte, e Penamacor (AECBP), mostrou-se preocupado com os números apresentados, mas acredita que nem toda a culpa deve ser atribuída às entidades empregadoras, afirmando que “o jovem que está à procura do seu espaço tem de ser empreendedor e tem de se fazer notar, dar um sinal que está presente”. Segundo o diretor da AECBP, o jovem tende a “deixar-se na sua zona de conforto”, ao invés de ser mais autónomo e mais autodidata. Opinião partilhada por Cristina Reis, diretora da Associação para a Formação Tecnológica e Profissional da Beira Interior (AFTEBI), quando refere que “os jovens não se podem encostar e não aproveitar as oportunidades que aparecem, por razões, como por exemplo, a deslocalização”.
A juntar aos números preocupantes das taxas de desemprego e da saturação do mercado de trabalho, está o estado anímico dos jovens portugueses. Para a técnica e formadora do Centro de Formação Profissional da Industria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios, (Modatex), Catarina Silva, existe cada vez mais a falta de amor-próprio. “Preocupa-me a parte da auto-estima das pessoas. A minha experiência nas ruas é ver as pessoas cada vez mais habituadas ao mesmo”, referiu. No final, os convidados deixaram alguns conselhos aos estudantes que se encontram em fase de pré-inserção do mercado de trabalho, incentivando-os a lutarem pelo seu espaço na sociedade. Esta iniciativa inseriu-se no âmbito do protocolo entre Rede Europeia Anti-Pobreza, Portugal e o Instituto do Emprego e Formação Profissional (EFP/IP) com a parceria do Departamento de Sociologia da Universidade da Beira Interior.