"Design industrial é tudo o que tens à tua volta", afirma Sandro Barbosa, estudante na UBI e co-organizador da Unovis, para explicar a importância da exibição. A mostra de trabalhos é o culminar de um trabalho que começou no ano passado, o segundo para os atuais finalistas da licenciatura em Design Industrial. A Unovis é uma consequência natural da absorção do trabalho produzido pelo vanguardista russo e mentor do Suprematismo, Kazimir Malevich.
Adaptar os ideiais estéticos do constutivismo foi o ponto de partida para o exercício. Os custos de produção dos modelos foi suportado pelos alunos que, embora não tenham contado com apoios financeiros, reconhecem o valor do seu trabalho. O protótipo construtivista de Leonel Botica, um dos estudantes com trabalhos expostos, custou cerca de 170 euros na produção, mas no mercado "este protótipo devia valer à volta de 1000/1500 euros porque é uma peça única", diz.
Sandro Barbosa enfatiza a diferença entre design de produto e design industrial ao referir que ambos são igualmente dignos, ainda que produzidos a escalas diferentes. Enquanto que o designer freelancer tem mais liberdade criativa, o trabalho desenvolvido por designers que trabalham para grandes empresas " é igualmente bom e acabam por ser mais pensados do que um produto de um designer", refere Sandro. O designer industrial tem de cumprir uma série de requisitos ao nível da funcionalidade, embalamento, preço e produção em série, que o freelancer está habitualmente isento. Na hora de escolher um produto com assinatura de autor o valor sobe, mas a exclusividade é assegurada à partida.
Articular a gramática e conceitos de composição, característicos dos diferentes estilos em reflexão, aos esboços criados, foi outra das procupações dos "artesãos" da atualidade. O protótipo de Leonel Botica é primordialmente influenciado pela escola Bauhaus, em fucionamento na Alemanha entre 1919 e 1933, como se observa pela integração do tubo na peça, cores neutras e padrões geométricos. Peças como a de Sandro Barbosa distinguem-se pelo seu carácter construtivista e neoplasticista, dada a inclusão de cores vivas (vermelho, azul e amarelo) e pelas linhas rectilíneas adaptadas à anatomia da cadeira.
Ultrapassados os desafios relacionados com a apresentação dos trabalhos, comunicação interna e externa, Sandro Barbosa valoriza o apoio institucional da universidade e "gostava que a exposição se voltasse a repetir nos próximos anos", pois considera importante para qualquer aluno "ver os seus trabalhos expostos, independentemente da área".
Com direção de Júlio Londrim, docente na UBI, o colectivo de artistas produziu cadeiras inspiradas em estilos como o De Stjil ou o Funcionalismo Orgânico. Associadas ao projeto, estiveram não só as cadeiras de Modelação e Protótipos, mas também Desenho e Representação, conduzidas por Luís Herberto.
Os protótipos e painéis de projetos com fotografias de esboços e maquetas continuam em exibição no Museu dos Lanifícios da Covilhã até à véspera de Natal.